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23 de março de 2006

Cereal Killer



Grandes progressos têm acontecido no desvendamento dos mecanismos responsáveis pelo aparecimento do diabete tipo I na infância, doença com conseqüências para a vida inteira.
Não há nada 100% certo ainda. Porém, o que se sabe é que a destruição das células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina costuma ter “aviso” antes que aconteça.
Esse aviso é dado pela presença de anticorpos da criança contra a sua própria insulina ou outras moléculas produzidas no seu pâncreas, às vezes até dez anos antes do aparecimento do diabete. Normalmente quanto mais cedo estes anticorpos aparecem (abaixo dos 2 anos de idade, principalmente) ou quanto mais anticorpos diferentes são produzidos, mais cedo e mais grave a doença costuma se manifestar (a não ser nos casos de mães com diabete que passaram os anticorpos na gestação – neste caso, a presença deles indica mais proteção do que risco).
Dois fatores são citados como possíveis desencadeadores da diabete, além da genética: a infecção por certos tipos de vírus (muitos deles de disseminação freqüente em crianças) e fatores dietéticos (principalmente o desmame e a introdução de cereais precocemente, o que levou mesmo pesquisadores sérios a utilizarem o termo em inglês “cereal killer”, um jogo de palavras com a expressão “serial killer”, assassino em série, com pronúncia semelhante).
Como lembram os autores do artigo no qual esta postagem se baseou, será provavelmente muito mais fácil atuarmos na prevenção quando todos os fatores forem conhecidos, do que “mexer” na imunidade do organismo depois de detonada.
O que me deixa, entretanto, a pensar é: até que ponto mais um argumento que certamente já está vindo forte a favor da amamentação exclusiva por um período mínimo de 6 meses e contra a introdução de cereais (farinhas, bolachinhas, etc.) pelo menos até esta fase (6 meses), servirá para mudar costumes tão fortemente arraigados na nossa população?
A mão dos pediatras vive constantemente cortada de tanto murro em ponta de faca, pode observar.

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