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31 de julho de 2018

Ansiedade da Balança


Não sei onde uma geração de médicos aprendeu (erradamente) que devemos supervalorizar o quanto de peso o bebê ganha nos primeiros dias de vida.
Só sei que essa questão virou um grande tormento. Às maternidades, que reinternam bebês, entopem ambulatórios, aos médicos, que têm que lidar com a "ansiedade da balança" gerada nos pais e familiares e, principalmente, às famílias - mães, acima de tudo - que vivem mais uma grande preocupação com seus recém-nascidos (como se outras já não bastassem).
Réloou!
Quem manda no ganho de peso é essencialmente a genética. Desde o primeiro respiro.
E tem muito bebê saudável, esperto e bonito que mama o suficiente para ganhar... umas graminhas! 
Não que o peso não valha como critério. Vale. Mas está longe de ser o único. E mesmo o principal.
Cansei de ver bebês saudáveis - e acompanhá-los por boa parte da infância - com duzentas gramas a mais ao completar um mês de vida, mamando no peito e felizes da vida.
Assim como lembro de alguns bebês fofos que com menos de um ano já geraram muita preocupação quanto a um futuro pouco saudável (no peito ou - com mais frequência - nas "fórmulas", e muitas vezes prescritas por médicos, em detrimento da amamentação).

Balança sim. Tirania dela desde o berço? Não!

27 de julho de 2018

Dr. Arnaldo Antunes


São tantas as vezes que - erroneamente quase sempre - os pais falam do diagnóstico de "infecção de garganta" (o diagnóstico mais dado "em vão" na Pediatria - tanto que um dia Moisés deveria subir de novo o Sinai só para acrescentar um mandamento: "Não diagnosticai infecção de garganta em vão!", e talvez o seu complemento: "Não dai antibióticos em vão!") que penso que um dia surtarei e sairei cantando (emprestando a melodia do clássico titânico):

"Criança não é só garganta
Criança é garganta e infelicidade
Criança não é só garganta
É infecção nos rins 
Com alguma probabilidade

Criança não é só garganta
É ferida no joelho 
É em outras partes

Criança não é só garganta
É apendicite 
É falta de amor
Criança não é só garganta 
É um corpo inteiro
Pro examinador

E aí, visto que é um surto, vem:

"Tu, tu, tu, tu, tutu, tu, tu, tu, tu..."

Garganta? É nada!
Não vá ter um "gasto"!
Antibiótico pra que?
Esse diagnóstico é pra que?

Até ser sacudido por alguém, "Doutor! Doutor! Você está bem? Já pode descer do palco agora!..."

24 de julho de 2018

Dr. "Nádegas"


Quando um episódio grave como esse do "Dr. Nádegas" (prefiro o epíteto "científico", "Dr. Glúteo" é uma opção) ocorre, fico a pensar como os pacientes (todos nós) podem evitar em cair em situações como essa.
Inicialmente é bom dizer que há muitos doutores Nádegas que não mataram e não matarão ninguém, até porque sempre contarão com boa dose de sorte. Farão estragos menores, e desses, boa parte apenas nos bolsos dos pacientes.
Quais foram as características desse tal doutor que deveriam ter chamado a atenção de que alguma coisa muito errada havia?
Clínica em casa? Uma possibilidade, principalmente em pacientes do âmbito cirúrgico. Clínicos gerais do mundo inteiro atendem em consultórios contíguos às suas casas e, se não se trata de emergência e o médico tem livre acesso a um hospital da região, não há maiores problemas.
Presença frequente na mídia? Tem ficado muito difícil, mas depende muito de que forma essa mídia é utilizada. Particularmente prefiro colegas discretos, aumenta intuitivamente minha confiança, mas devo ser um cara conservador demais.
Excesso de autoconfiança? Pode ser. Mas o oposto também incomoda a muita gente, e com razão.
Ausência de especialidade? Claro, ótimo indício, mormente para quem se anunciava como ultra-especializado ("nádegas"!). Mas é muito difícil - senão impossível - para o paciente verificar credenciais médicas (até porque: e se forem falsificadas ou compradas?).
Ostentação? Eu acho, mas quase ninguém acha. Como disse, não preciso vê-lo numa choupana, mas excessiva riqueza (assim como em quase qualquer profissional) me incomoda.
Cercado de familiares e relacionados? Quase que não, mas depende muito das mesmas credenciais acima de todos eles.
Fama? Indicação de outros? Simpatia, carisma, higiene, inteligência?
Vamos chegando à conclusão de que não há método 100% seguro ao se escolher profissionais da área, e é verdade, independente do que Conselhos e Associações queiram nos dizer. Até porque boa parte da escolha sempre cai na subjetividade. 

Mas que precisamos abrir os olhos fica mais uma vez evidente.

20 de julho de 2018

"Alguma Coisa"


Há "alguma coisa" que faz com que o ar condicionado deixe as crianças pequenas doentes.
Há "alguma coisa" que causa dor de ouvido quando se sai no vento.
"Alguma coisa" pode acontecer se uma criança ficar algum tempo sem comer por falta de fome.
"Alguma coisa" há de acontecer se a nova mamãe sair de casa sem agasalho.
Pés no chão podem dar "alguma coisa".
Pôr a mão na boca do chão também.
"Alguma coisa" deve ser feita para curar doenças autolimitadas, como os resfriados.
Falta ainda se inventar muita vacina para "alguma coisa".
"Alguma coisa" há de ter essa criança, que não pára quieta!
Assim como "alguma coisa" deve estar fazendo com que ela não durma.

E, se você ainda não lembrou de Caetano...

"Alguma coisa acontece no meu coração
Quando cruza a Ipiranga com a Avenida São João..."


Aí, sim!





17 de julho de 2018

Pressão


Já falei uma vez aqui que consultas com vários médicos costuma gerar vários diagnósticos - infelizmente.
Esse é um dos eventos comuns hoje em dia.
Um outro é a multiplicação das reconsultas (aí, mesmo com o mesmo médico!).
Costuma funcionar assim:
"Na primeira vez, disse que não era nada demais, um resfriado". ""Na segunda vez disse que a garganta já estava mais inflamada, e aí receitou um outro analgésico". "Como a febre voltou mais uma vez, levei de novo, ele disse que já era uma infecção, e deu um antibiótico". "No outro dia, ainda não estava bom, o médico trocou o antibiótico e acrescentou outro"...
E por aí vai.
Claro que reconsultar é sempre aconselhável quando não há melhora (e até mesmo quando há). O problema é a percepção de alguma pressão no médico por parte do paciente, especialmente no caso de pacientes "apressados" ou ansiosos (ou mesmo "brigões" por natureza). Pode mesmo gerar condutas inadequadas, que mais prejudicam do que beneficiam.
A experiência de "deixar como está", mesmo com absoluta convicção na correção da conduta quase sempre para nós é uma experiência "tensa"!

13 de julho de 2018

Olhos por Ouvidos


Compro na Amazon desde que ela era um riacho (sem graça!...), no início dos anos 1990. Sempre achei interessante a proposta de escolher entre uma enormidade de títulos (eram quase só livros na época, hoje ela vende - também - livros!), e ainda mais no idioma que eu queria praticar à época, o inglês. Tudo perfeito!
A Amazon hoje é uma das maiores empresas do mundo, "pau a pau" com Apple, Samsung, Google, Netflix e tal. Continua (pra mim) sendo uma empresa interessante, continua dando a mim montes de opções de livros (há uma década ebooks, pra ser mais ecológico e para que sobre algum espaço em casa).
O que tem me deixado "grilado" nos últimos dois ou três anos, no entanto, é o investimento pesado que ela tem feito na preguiça. Sabendo que quase ninguém mais lê (eu e você somos uma tremenda exceção ou, como dizia o recém-falecido Philip Roth, "um gueto"), a multinacional põe, além da prioridade nos filmes e séries, quase todos os livros em áudio (audiobooks).
Audiobook costuma ser assim: ou você perde metade do conteúdo porque está fazendo outras coisas (como dirigindo ou lavando louças, por exemplo), ou você faz como muitos fazem com o "goodandoldbook": relega a uma estante sem nem ter mexido (nesse caso, ouvido). 
Na minha humilde maneira de ver a coisa, quem realmente ouve um audiobook tem muito mais força de vontade e capacidade de concentração do que o leitor de books (costumo perder o trem bem antes da primeira estação, mas no livro posso voltar sem culpa)!
Vale. Só espero que nas décadas vindouras continuem nos deixando exercitar olhos e a fantasia.

10 de julho de 2018

Vergonhas de Todos Nós


A Copa acabou de acabar (pra nós, o que quer dizer que acabou), e levamos novamente dela mais comportamentos para nos envergonhar perante o mundo dito civilizado (mundo civilizado é aquele ao qual não temos a menor vontade de pertencer, aparentemente).
Não falo do já tão falado espetáculo do rolamento neymariano. Esse cansou.
Falo de algo que as TVs brasileiras, abertas e fechadas, fizeram questão de ressaltar como algo "bonito".
Falo do nosso "seachonismo" de pensar que só nós, os bambambans, temos o direito de quebrar protocolos com horários internacionais seguidos à risca - segundos com passos dourados - e cantar a plenos pulmões a "capela" do nosso hino, que era pra ser introdutório e bola pra frente.
Lindo! Ficar gritando sem que ninguém entenda o por quê da "revolta" (que, aliás, parece estar trazendo mau agouro!), enquanto a banda respira.
Isso tem sido típico, como é típico tentarmos passar na frente das filas de aeroportos, como não darmos sinal mesmo ziguezagueando no trânsito, como acharmos que lixeiras de cor sinalizam... cores (!), como estendermos roupas de cama nas sacadas, como... tudo que brasileiro faz somente pra ele mesmo.
Nesse tipo de coisa, sempre vamos às finais.

6 de julho de 2018

Assim É


"Senhoras e senhores, com vocês o ilustre senhor Charles Darwin, que irá falar da sua incrível teoria (da evolução das espécies), que deverá revolucionar todas as ciências humanas daqui para frente!"
Palmas!
Não foi assim. Ou até foi, mas durou muito pouco.
Quando apresentou seus morosos exemplos baseados em anos de viagem na sua caravela Beagle à Royal Academy, os assistentes só faltaram cair da cadeira de tédio e sono (como descreveu com humor o escritor recém-falecido Tom Wolfe, no seu livro "O Reino da Fala"). 
E costuma ser assim. Lembro de ter ido animado à uma conferência do "descobridor" do vírus da Aids Robert Gallo logo ali, em Florianópolis, no auge da epidemia. Pompa e circunstância. Outra decepção: não entendi lhufas do que dizia o famoso senhor, e também foi difícil ficar acordado.
No caso de Darwin, ninguém se tocou (o que também é comuníssimo) da importância. Nem do tema, nem da figura (Darwin já era um pesquisador eminente, mas ainda não alçado ao Olimpo da ciência).
No meu caso, por pura ignorância na profundidade da palestra conferida (Gallo partiu logo pro molecular, e deixou quase todos a espreitar navios na Baía Sul).
Escrevo isso porque costumo perceber a dualidade no ensino. O excelente é, muitas vezes, "chato", e o superficial, o que não acrescenta, "bacana", interessante, "cool".
O ideal seria a mescla. Mas muitas vezes não dá. Darwin não devia ser um primor como palestrante. Nem era seu intento. Possivelmente sentia-se mais à vontade com seus camaleões em Galápagos (Galápagos tem camaleões?). Azar de quem esperava outra coisa. Mas correu-se o risco de ter que se esperar por mais cem anos (curiosamente Darwin se apossou de boa parte das idéias de um tal Alfred Wallace, pesquisador muito menos conhecido, que confiou seus trabalhos a ele...).

Essa "triste" idéia, a de que o ensino, a educação, dependem também de "ralação" deve ser passada às novas gerações por pais e professores (e muito mais com exemplos do que com palavras).

3 de julho de 2018

Menos Pior?


Não sei onde li ou vi que, se fosse hoje, o paracetamol não seria aprovado para uso, pelos riscos que comporta.
Será?
E que outros medicamentos seriam (ou são) aprovados?
Efeitos colaterais (alguns graves) sempre vão existir, principalmente com o mau uso (ou o abuso).
Quando se escolhe algum medicamento para se prescrever ou usar, coloca-se à mesa virtudes e defeitos e... tenta se escolher o menos pior, baseado muito na segurança.
Então... não há muita coisa melhor, nas febres e dores das crianças!

O ibuprofeno apresenta muito mais riscos, ainda que com um efeito superior antitérmico e analgésico. A dipirona, embora muito boa, sofre um enorme preconceito (injustificado, na maioria), notadamente pelo lobby americano em relação aos remédios.