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29 de junho de 2020

Inocente Sob Todos Os Aspectos


Imagino que você, como eu, não acredita facilmente em tudo o que vê. Principalmente quando se trata de propaganda. Principalmente propaganda de remédio.
Mantenhamo-nos assim, para nosso próprio bem.
Acontece que há incautos que acreditam em quase tudo.
Foi para esses que a Pfizer criou a bela propaganda que estamos agora sendo obrigados a ver nos meios de comunicação:

(que por algum estranho motivo não consegui achar para mostrar aqui, mas você já deve ter visto...)

"Ibuprofeno não é somente seguro na vida normal. "Estudos mostram" que é seguro mesmo em pacientes com covid! Fique tranquilo!"... (imagens de criancinha saudável, para mostrar a "pureza" do remédio)
Você já percebeu como "estudos mostram" atualmente é álibi para qualquer crime, passado ou futuro?
"Estudos mostram" que estricnina pode salvar vidas. "Estudos mostram" que dieta rica em açúcar faz bem ao cérebro. "Estudos mostram" que ninguém vai conferir que estudos são esses que "mostram", muito menos feitos por quem, patrocinados por quem, e embaralhados no labirinto estatístico por mais quem.

Portanto, fique tranquilo (a)! "Estudos mostram": ibuprofeno é absolutamente seguro!

23 de junho de 2020

Pontos de Vista


(não consigo parar de falar nesse covid, se alguém souber de algum bom terapeuta, uma "covidectomia" seria bem vinda pra mim...)

Um exemplo de um passado recente:
Se você perguntasse para um pediatra se ele tinha "medo" de varicela, ele provavelmente responderia:
"Varicela? Não, uma doença comum, costuma curar logo, após grandes incômodos com coceira, algum maior cuidado com infecções de pele, raramente complica..."
Se fizesse a mesma pergunta para um neurologista pediátrico:
"Claro! Já vi algumas encefalites muito graves pelo vírus da varicela!"
(por que? porque é atribuição do neurologista pediátrico receber pacientes referenciados pela rara complicação da varicela, a encefalite)
A mesma doença, com dois pontos de vista bem diferentes...
Tenho um colega expert em doenças infecciosas que aparenta estar ainda muito alarmado com a evolução da doença (covid).
Parece mais alarmado tanto na comparação com outros colegas de outras especialidades em geral quanto certamente muito mais alarmado que a população brasileira como um todo.
Tenho me perguntado:
Estará com a razão? Ou tem o grande viés de estar vendo um paciente atrás do outro referenciado para ele, e por isso perdeu um pouco a noção do que acontece no dia a dia das ruas (significa: um pouco mais do que o nada, mas ainda um quase nada cercado de muito medo)?

Ainda deve ser cedo para a resposta definitiva. Mas em todos os países pelos quais o vírus já (quase) passou, a enorme parte da população é de sobreviventes.

16 de junho de 2020

Busífilis


Estávamos (estamos) vivendo uma verdadeira epidemia de sífilis, uma doença antiga, facílima de prevenir, difícil de diagnosticar a partir dos sintomas (fácil quando se faz o exame laboratorial), fácil de tratar em fases iniciais, dificílima (impossível) de tratar em fases avançadas.
E o que você via (ouvia, lia) nas mídias a respeito disso? Estávamos trancando adolescentes ávidos por transar em casa? Exigíamos o teste em novos parceiros sexuais? Proibíamos aulas em universidades?
Busquemos as possíveis causas. 
Penicilina, o primeiro antibiótico descoberto, trata a sífilis (em fases iniciais). Ao preço de uma bala de banana. Significa: sem lucro para a indústria farmacêutica. 
Um governo qualquer que anunciasse a "luta contra a sífilis" falaria para o vento. "Sífilis? Não é aquela doença "que sempre houve"?"
Por ano, no mundo, a sífilis mata cerca de 100.000 pessoas, cerca de 1/4 das mortes causadas pelo covid até agora. Pouco? Quando a covid atingiu 100.000 mortes, como estávamos todos reagindo?
A covid está aí neste nosso ano. A sífilis estava por aqui matando 100.000 no ano passado, mais 100.000 no ano retrasado, mais 100.000 no ano anterior... E se você seguir fazendo as contas, vai chegar ao Império Romano com a maquininha somando...
A covid tem abreviado a vida de muita gente que já teria um restante de vida breve provável (vida não menos valorosa que qualquer outra). A sífilis transforma um homem ou mulher de 20 e poucos anos numa pessoa cega ou incapaz mentalmente, e nem dá notícia em jornal.
Nenhuma nova ala hospitalar tem sido proposta para os "pacientes com sífilis". Estão misturados aos outros (espera-se que não transando! mas ainda assim, podem transmitir a doença nos estágios mais avançados).
Quase nenhum pesquisador corre o risco de ser aclamado por alguma "descoberta em relação à sífilis". Quase tudo já foi dito e revelado. Falta a humanidade criar vergonha, mas aí há muitas outras prioridades.

8 de junho de 2020

À Espera do Milagre


Desde a última grande pandemia (em termos de casos fatais), a "gripe espanhola", não nos demos mais as mãos. Abraços, nem pensar.
Quase não saímos mais de casa.
Paramos de viajar.
Não enchemos bares e restaurantes. E, quando lá fomos, mantivemos uma cuidadosa distância.
Usamos, a partir de lá, máscaras.
Lembrávamos a cada instante, nas nossas celebrações da vida, que tudo aquilo era irresponsável, que não estava certo, e que o melhor mesmo era todo mundo ficar enfurnado, esperando por algo, como quando se espera por um milagre qualquer.
E é justamente por isso que, quase exatos cem anos depois, ainda estamos saudáveis como sempre estivemos, com hospitais vazios, assim como os cemitérios, com muito poucas mortes. 
Soubemos o que fazer. Sempre soubemos. Uma característica, aliás, do ser humano, sapiens: se em raros casos, ele não sabe o que fazer, basta que se diga, que ele faz!


Recomendo fortemente que se acesse esse link, do jornal americano The Washington Post. Lá, já no início, há uma "gravura viva" (infográfico) mostrando o número de mortes das epidemias mundiais conhecidas, com sua respectiva ordem de grandeza. Dá a dimensão da nossa "loucura", ou "pânico", ou "ignorância", ou que se quiser chamar, com esse midiático vírus.

1 de junho de 2020

O Tão Famoso Pico


Provavelmente estivemos andando sobre o pico, e provavelmente não nos demos conta.
Sempre estávamos, metáfora da própria vida, enxergando o pico mais além, e ele ali, sob nossos pés.
Alguns, é claro, imaginaram que, pela sua altura vertiginosa, já nele estavam, não deveria haver maior. 
Outros, a maioria, caminharam em planos, planícies, planaltinhos, mas nada além dessa leve elevação era o que pra eles viria a ser definido como "pico", e dêem-se por satisfeitos!

E muita cinta, polia, picareta, mosquetão foi comprada. E ficará sem uso, e enriqueceu muita gente, na contramão dos que ficaram pobres - ou ainda mais pobres - e pra muitos a vista do pico foi somente aquela tão assustadora promessa...