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31 de maio de 2019

Ivan Em Vão


"Há dois anos atrás, meu filho ficou muito mal, e foi muito mal atendido. O médico nem examinou direito, e foi logo prescrevendo a medicação..."
"É mesmo? Por curiosidade, quem foi esse médico?"
"Foi o Dr. Barbosa."
"Mas o Dr. Barbosa sou eu!".
"Ah, não claro. É o senhor. Foi o Dr... Agora não lembro o nome."
"Tá. E depois, como passou no resto desse tempo?"
"Mais ou menos. Precisou internar. Cinco dias. Na alta, o Dr. Barbosa..."
"Ahã. O Dr. Barbosa sou eu..."
"Ah, claro. Não. Foi o Dr... Um de cabelo loiro, meio baixinho."
"O Dr. Adalberto?"
"Isso!"
"O Dr. Adalberto é careca. E tem quase um metro e oitenta!"
"Será?"
"Bom, tudo bem. E a partir dessa internação as coisas normalizaram?"
"Sim. Desde então, só consultei mas uma vez. Com o Dr. Barbosa..."
"Oi. Eu. Barbosa!"
"Ah é! Não é Barbosa, é..."
"Dr. Ivan?"
"É. Dr. Ivan! O Dr. Ivan fez..."
"Só pra avisar: acabei de inventar um Dr. Ivan. Que eu saiba, não tem nenhum Dr. Ivan nas redondezas..."
"Não? O Sr. tem certeza, Dr. Jacinto?".

Pode parecer exagero (e deve ser), mas é muito comum essa situação do paciente trocar todas as bolas quando fala de algum profissional que o atendeu em outras ocasiões. E tanto pro bem quanto pro mal, algum outro leva a fama injustamente. 
Mas, curiosamente, a gente só costuma perceber isso quando se trata do nosso próprio nome... Imagina de quantos se "deixa passar" como verdade...

24 de maio de 2019

Nem Contra, Nem Favorável


Parece incrível que certos assuntos nunca se resolvam de forma definitiva (ou talvez seja o contrário: uma "definitiva definição" nunca deva ocorrer mesmo, para nada).
É novamente a questão do aborto. Governos com pontos de vista absolutamente antagônicos se sucederam, e agora está nas mãos do Supremo (ainda que com uma prometida consulta popular em breve) o que se deverá fazer. Proibir tudo? Liberar pra quase tudo? Criminalizar de vez? Descriminalizar?
Somos um país (ainda) religioso, propenso a fanatismos. E por isso, imagino que a caldeira vá ferver na discussão. Quase já vejo mortes em apaixonadas discussões sobre se se pode interferir com a evolução da vida. Assim somos.
Fato é que uma "liberação" como se quer (até 12a. semana de gestação) poderá gerar ainda mais liberalismos nos comportamentos sexuais, enquanto a nossa educação (geral e sexual) só faz piorar, no ciclo vicioso pobreza-deseducação.
Mas também é fato que "já que a coisa está tão ruim", talvez não devêssemos piorá-la, deixando o pessoal que não tem recursos continuar não tendo, abandonando mulheres à própria sorte "porque não queremos nenhuma participação nisso".
A decisão do "que se faz com o aborto" sempre vai ser difícil, e países mais desenvolvidos estão quase todos mais acolhedores ao aborto regrado, normatizado.
Acontece que - mais uma vez - temos uma pequena estria de desenvolvimento nesse nosso imenso mapa. E não vai dar pra fazer uma lei nacional apenas para ela.

17 de maio de 2019

Amazonida


Eu tenho teorias.
Sem falsa modéstia (toda modéstia é pelo menos ligeiramente falsa, é um pleonasmo), algumas são muito boas. As jogo ao vento para que, se alguém quiser, as colha, pois sou muito preguiçoso para prová-las.
Qual a do dia?
A de que, mais dia menos dia (aposto que menos!), aparecerá uma "big" da indústria farmacêutica a fazer o que a Amazon tem feito com grande parte do comércio: detonar o real em benefício do virtual, mas mais especificamente, em benefício do fim da concorrência, do monopólio total.
Sim, porque quando você abrir um megasite nos moldes da Amazon, com total confiança de que o que você compra ali é seguro, prático, de entrega rápida (mas não necessariamente mais barato), você provavelmente estará compartilhando dessa experiência com seu vizinho, com seu cunhado, com sua irmã que mora no exterior, ou mesmo com o papa.
E aí, sim, fim. Das farmácias. Grandes ou médias. Porque as pequenas já se foram, há quase uma década.
E o que você verá em todas as quadras serão fachadas. Fechadas. E lojas de artigos inúteis com cores berrantes, letreiros mais berrantes ainda.

E mais nada.

10 de maio de 2019

Estepe


Nos meninos em que se descobre a ausência ou a perda de um dos dois testículos (são "só" dois, não há um terceiro ou quarto, a bolsa escrotal não é um cacho de uvas!), os pais não precisam ficar assim tão preocupados. 
Será um menino igual aos outros, inclusive na função hormonal, sexual, etc.
Talvez o maior perigo seja a "ausência do estepe", como no carro com pneu furado. Se perdeu também esse, agora único (trauma, infecção), não há outro para suprir essa função!
Ademais, existe alguma preocupação com o testículo atrofiado descoberto em fases precoces da vida, pelo risco um pouco maior de transformação maligna (ou seja, de aquela pequena porçãozinha sem função virar um câncer, especialmente se esse órgão atrofiado se localizar no abdome (não tiver feito a descida correta para a bolsa escrotal).

Por isso é importante de vez em quando dar uma checada na presença das "bolinhas" (palpá-las, mesmo!) e, se houver dúvidas, levar o dono delas ao pediatra.

3 de maio de 2019

O "Fator Gostosinho"


Volta e meia faço a pergunta para os pais:
"Qual seu motivo para escolher, dentre os três principais remédios para a febre, o ibuprofeno?"
A resposta, quando dada (porque em muitas ocasiões pais não sabem nem mesmo porque escolheram esse remédio ao invés daquele, e em muitas outras vezes foi simplesmente "porque o médico mandou") é: "porque é o mais gostosinho" (!)
Sim. A escolha de algo tão importante baseada no "fator gostosinho". E pronto!
Indústria farmacêutica: agora já sabem (como se ela não soubesse, já tivemos polivitamínicos na forma de bala de goma, por exemplo, depois retirado do mercado), basta ser gostosinho!
Qual o item mais importante a ser levado em conta, no mundo ideal (a pergunta não é direcionada a médicos, estudantes de medicina ou farmácia, é a leigos!): a melhor relação eficácia versus segurança. Mas especialmente no grupo pediátrico é: segurança em primeiro lugar! E desde que não há medicamento 100% seguro (muito longe disso!), devemos nos guiar pela "top list" dos medicamentos seguros em cada área. Como o remédio "basicão" da criança é o analgésico/antitérmico, segue a lista (que só será polêmica por motivos escusos ou por desconhecimento):

1) paracetamol (acetaminofeno)
2) dipirona (ou metamizol) e, por último (reforçando, por último):

O ácido acetilsalicílico, por exemplo, foi totalmente desbancado, pelos riscos (que curiosamente são menores dos que os do ibuprofeno, mas isso é uma outra longa história...).
Vou apanhar? Vou! Porque a indústria (sempre ela) fez a "cabecinha" (e seguirá fazendo, nunca duvidem) de uma inteira geração de médicos (dos pais nem há, como vimos, necessidade), "provando" por C + D (A + B se fosse realmente correto) que o ibuprofeno é seguro (como uma "balinha").

Esse é o mundo em que vivemos...