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28 de setembro de 2018

Dois Pra Lá


Vou falar mais uma vez de um daqueles assuntos que têm contribuído para me tornar um cara extremamente chato. Azar!
A substituição do leite materno por outro (mas mesmo a sua complementação por outro, o que na prática em poucos dias ou semanas pode significar a mesma coisa, pois o desmame acaba vindo fácil!) deveria ser uma medida de exceção!
Não é o que temos visto.
São vários os fatores. Dentre eles, um dos mais importantes é a carência do profissional pediatra (pais estão tendo que "se virar" com médicos "de adultos" nas unidades de saúde, infelizmente).
Criança chora muito? Não ganha peso? Mãe ansiosa? Avó pitaquenta? Tudo é motivo para irmos desistindo dessa fórmula milagrosa que é o leite materno, privilegiando a outra, aquela que enriquece duas gigantescas fábricas de países ricos, empobrecendo a saúde das nossas crianças.
E agora, para culminar no absurdo, "cientistas desinteressados" do mundo inteiro falam sem parar dos benefícios de germes ditos probióticos...
Muito bem! Queimamos a mata nativa e falamos em plantar árvores! 
Somos uns gênios da humanidade!

Às vezes - como você já viu várias vezes - tenho vontade de férias definitivas! Grr!

25 de setembro de 2018

Assembleia Geral da Nononu



(o crachá da jovem representante neozelandesa)

Não posso, como pediatra, dizer que "sou contra" a presença de crianças (mas especialmente de bebês) em qualquer lugar.
Mas estou começando a achar que estamos indo um pouquinho longe demais com certas práticas, sei lá.
Mais presidentas (e primeiras-ministras) estão sendo eleitas, mais mulheres jovens (em idade reprodutiva, portanto) estão assumindo cargos importantes e de chefia (até mesmo de nações inteiras), então é de se imaginar que veremos muito mais dessa cena num futuro próximo (a pequena Neve, de três meses de idade, filha da primeira-ministra da Nova Zelândia, participando da sua primeira assembleia mundial na ONU):



E aí, com a evolução da coisa, faremos aquela cara de "hein?" que se faz nas maternidades cheias quando se quer ouvir alguns dos discursos da ONU, proferidos por mulheres impecavelmente vestidas em seus tailleurs babados ou vomitados, entremeados por súbitos "Nãããão! Aí não!! Dá choque!" ou coisas do tipo, para uma plateia atenta... a qualquer movimento que aquelas gracinhas façam em meio ao evento, como pregar a cara na câmera de televisão, por exemplo.

Lindinho! 

21 de setembro de 2018

Genkan


Esse famoso hábito do oriental (mas também de outras regiões, como na Finlândia) de não entrar nem que a vaca tussa com sapatos para dentro de casa deve ter a grande vantagem de deixar muitos germes perigosos na entrada (a genkan, o "hall de entrada" onde se retiram os sapatos para calçar chinelinhos).
Nunca vi nenhum estudo a respeito, mas a amostragem de bactérias à que os bebês que engatinham se submetem deve ser bem menor.
Acontece que o chão da casa é apenas parte - ainda que importante - da casa. Tem muito mais "bichinhos" escondidos nela, originados de outra fonte. O transporte de germes do banheiro, da cozinha, os celulares, os controles-remoto, as roupas de cama, as esponjas de lavar louça, o animal doméstico, etc. É bactéria por todo lugar! 
Ainda que os orientais cuidem de tudo isso (são, por exemplo, muito mais econômicos nas "inutilidades" espalhadas pela casa e mais atentos aos detalhes), também eles têm sua cota de germe a gerar algum perigo, principalmente para infecções do trato digestivo.
Mas talvez a "germefobia" seja muito mais perigosa, até certa medida.

18 de setembro de 2018

Precocidad



Não é à toa que o nome "Picasso" é conhecido por toda a humanidade.
Desde muito novo mostrou traços de adulto.
Talvez você, como eu, tenha um pouco de dificuldade de lidar com a angústia dos traços cubistas da "última fase" e invenção do artista. Meu cérebro pede coisa mais concreta, mais linear, mas quem sou eu pra dizer alguma coisa sobre arte? (de Pollock falo, não gosto e pronto! não me convide pra uma exposição dele, correndo o risco de ser chamado de ignorante... E o Dadaísmo? "Nadaísmo", pra mim!).
Mas, voltando ao Picasso: mostre a pintura acima para alguém que não saiba, e pergunte que idade tinha o artista que a realizou. Como pode essa perfeição, essa compreensão da vida por parte de quem tinha apenas 16 anos? O que tinha ele pra aprender, e com quem, a partir dali (sem intenção de trocadilho com o outro gênio espanhol)?
E porque falo do "monstro"? 
Porque vejo muita gente ver prodígio em pouca coisa. Picasso sabia da sua importância, do seu talento, praticamente desde que nasceu. Mozart e outros gênios da arte, da mesma forma. E não devemos desanimar os pouco talentosos. Mas meu incômodo é com a "genialidade de quem carrega meu DNA". Não leva à nada. É curiosamente é um fenômeno "latino". (Minto: Picasso era latino!) É um fenômeno latino-americano. É do país da pouca coisa. Do "pouco está bom". 

Temos que nos exigir um pouco mais. Não dá pra ser país de "Catras", seja lá o que esse "artista" tenha feito, que Deus o leve.

14 de setembro de 2018

O Muco, O Leite e O Mito


Traduzi o título assim como escrito no recente editorial do jornal médico britânico Archives of Disease of Childhood (mais sonoro no original).
Resumindo um resumo:
Diz lá que, apesar da disseminação (e da antiguidade) da crença de que o leite pode piorar sintomas respiratórios (ou induzi-los), não há as evidências de que tal coisa aconteça.
Até existe alguma possibilidade - explicada pela bioquímica - de que a secreção respiratória seja influenciada por níveis mais altos de cálcio presente no leite na comparação com líquidos menos espessos, mas ainda assim até hoje não passa de especulação.
O que vemos mais nesse caso?
As supostas "alergias ao leite de vaca" ou as intolerâncias à lactose - e ainda por cima muito confundidas - sentadas no banco dos réus das asmas, "bronquites" e afins.
Sem comprovação, sem estudos que corroborem, muito improváveis no caso das alergias (as mais plausíveis dentre as implausíveis) sem importantes sintomas gastrointestinais associados.

O editorial alerta para os prejuízos da abstenção dessa importante fonte de proteínas e cálcio na infância.

11 de setembro de 2018

Ejo, Ejo!


(o título acima deve ser lido em espanhol: é a onomatopeia da tosse fake)

Escrevi aqui há pouco tempo do vômito "fingido" (ou autoprovocado) em crianças, fato muito comum.
Existe outro sintoma "fake" muito comum, especialmente em crianças ansiosas: é a tosse autoprovocada. 
Há casos de crianças (amiúde na faixa de idade pré-escolar e escolar) que tossem por meses a fio (e muitas vezes com várias tentativas de tratamento ou exames diagnósticos) sem apresentar mais nenhum sintoma. É sugestivo.
Outros sinais sugestivos da "inventada" da tosse são: aparecem mais nos momentos de repouso (a asma, por exemplo, costuma piorar aos esforços físicos), e quase sempre desaparece completamente durante o sono (o inverso da asma também).
Quando a suspeita se confirma, o que deve ser feito é (de novo) uma solene ignorada, por toda a família e arredores. Tende a desaparecer (mas também depende da causa da ansiedade que a gerou).


Sou só eu que já estou confundindo discurso pronto do político com o do jogador de futebol?
Jogador:
"Precisamos reduzir passes errados com o objetivo de encolher o déficit de pontos ao final da temporada, assegurando um enxugamento da máquina..."
Político:

"Com fé em Deus, na próxima eleição faremos de tudo pra conseguir os votos, mas se não conseguir, é bola pra frente, erguer a cabeça e seguir trabalhando, que como diz o professor, daqui há quatro anos tem mais!..."

7 de setembro de 2018

Vale Isso?


Quais estratégias são "permitidas" e quais são "proibidas" na alimentação da criança?
(Claro que não tenho a intenção de esgotar o assunto, que merece um grosso livro...)
É "proibido" forçar. Ninguém nunca deve comer "forçado", sem o apetite para aquele determinado alimento, mesmo que ele seja absolutamente saudável.
Não é exatamente "proibido" fazer "agrados" para que se coma, mas é com certeza contraproducente. Não funciona, e gera a sensação na criança de que o que se está insinuando é de que aquele alimento é ruim, por isso precisa ser "embelezado".
É "proibido" distrair a criança para que coma (ou mame). É quase igual forçar.
É recomendável (não proibido) não fazer muitas brincadeiras na hora da comida. É desejável um certo ritual. Assim aprendemos melhor o valor da comida e sobre nossa fome e saciedade.
É "permitido" criar maiores atrativos aos alimentos oferecidos. Claro, "comemos com os olhos" também, como com todos os outros sentidos (até mesmo com a audição, por que não? Um barulhinho de torrada entre os dentes gera mais fome, por exemplo, se a gente gosta de torrada).
Vale ter TV no ambiente, até porque é quase inevitável há algum tempo. Já o tablet, o celular, o "joguinho" (que são coisas mais interativas, e desviam demais a atenção da comida) relegaria aos "proibidos".
É permitida (já escrevi aqui) a atitude meio hipócrita de comermos (ou bebermos) algo escondido da criança (pequena), se é para tentar dar o exemplo (não é porque você já estragou seu apetite com porcarias que você deve deixar seu filho pequeno fazer o mesmo).

É permitido cometermos certos excessos ou mesmo comermos algumas bobagens, desde que isso seja encarado como algo não rotineiro. Ser sempre saudável pode ser muito chato, mas chato mesmo é descobrirmos problemas de saúde que poderiam ter sido evitados com uma alimentação mais correta.

4 de setembro de 2018

What?


(as perguntas são reais - no "famigerado" Whatsapp, as respostas, somente um meu exercício de imaginação):

"Doutor, apareceu essa bola na perna do Pedrinho"
(foto)
"Faz quantos dias?"
"Uns três, mais ou menos".
"E está crescendo?"
"Sim."
"Dói?"
"Dói um pouco, quando aperta".
"Tem febre?"
"Não, acho que não..."
"Olha, difícil ter certeza somente olhando foto, assim, por Whatsapp, mas acho que isso deve ser um abscesso!"
"E como é que eu faço para tratar isso, doutor?"
"Bom... Pega um bisturi bem afiado, de preferência novo (se não tiver, pode ser uma faquinha  de cozinha, dessas de cortar laranja), dá um pedacinho de pano pra ele morder, segura bem a perna..."

(pode isso?)