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30 de agosto de 2019

Nem Toda Bolinha É Sarampo (II)



Sarampo. Agora há.
Mas há pouco. Ainda. E acho que vai continuar assim. Até porque - por mal que se fale - órgãos governamentais de saúde não estão e não estarão de braços cruzados.
Nesses últimos trinta anos estivemos dizendo para os pais (que ainda não sabiam) que sarampo era como Papai Noel e coelhinho da Páscoa: de fato não mais existia. Todas as bolinhas de corpo todo deveriam ter outra causa que não o sarampo. 
Ainda é doença que gera manchete. Deverá ser somente mais uma nessa modalidade, menos popular que a febre amarela em boa parte do país, que a meningite bacteriana (agora se tornando, felizmente, meio rara), que a própria zika que tanto nos alarmou há alguns anos, que (agora) a varicela, e por aí vai.

Não é à toa. É com trabalho, informação, reconhecimento do problema. Sem exageros. 

23 de agosto de 2019

Nem Toda Bolinha É Sarampo (I)


Claro que esse blog é "somente" opinativo, é bom lembrar, e não uma "posição oficial", coisa que se deve buscar nos sites de órgãos apropriados.
Vou dar uma "pitacada" na questão do sarampo:
Sarampo é muito ruim, não há como se negar. Dentre outras coisas, o que o sarampo faz de muito ruim é "anergizar", um verbo tão pouco usado que, quando você procurar no Google deve achar... justamente o sarampo como exemplo. Anergizar é dar uma derrubada nas defesas contra outras infecções. É transitório no caso do sarampo, mas preocupa. E dependendo do paciente afetado, pode se somar às suas outras vulnerabilidades já existentes (como é o caso da imunidade incipiente das crianças muito pequenas, ou da menor imunidade dos desnutridos, motivo pelo qual o sarampo foi tão grande flagelo no passado).
Certo. Falamos que é ruim. Mas também - de novo! - devemos manter a postura equilibrada entre o estado de alerta (e a ação) e a tranquilidade, a cabeça no lugar. Nada (de novo!) de ceder ao possível pânico das redes (sociais e/ou televisivas).
Os casos são poucos (tomado o Brasil como um todo), e deverá ir parando logo por aí (até porque também anda ao sabor dos ventos do inverno, quando o contágio é mais fácil - e o sarampo é bastante contagioso!).
Estamos pagando um preço um pouco alto do nosso acolhimento humanitário do povo venezuelano nesse momento (minha vontade particular é que se levasse uns casos para dormir na cama onde dorme o seu bigodudo presidente, mas vaso ruim é difícil de quebrar, já deve ter tido sarampo na infância, o safado). Quanto ao povo, fazer o que? São hermanos...


(falarei um pouco mais na próxima postagem)

16 de agosto de 2019

Figurinha



Não sou psicólogo, longe disso. Mas como pediatra tenho que tentar quebrar uns galhos como.
Uma das coisas que cresci ouvindo foi a história (história, será?) da "importância da figura paterna".
Acreditei nisso. Acreditei, e repassei de que isso era importante: da figura de um homem presente no lar, como alguém que a criança possa ter como contraponto à figura mais óbvia, inata, de toda hora, da mãe.
Parece meio óbvio, senão do ponto de vista psicológico (que, de novo, não é a minha praia), pelo menos do ponto de vista de equilíbrio de gênero, mesmo: um homem (meio assim, assim e assim) e uma mulher (desse outro jeito, desse outro jeito e desse outro jeito, mas muitas vezes tudo meio parecido, para a criança). 
Com o decorrer das últimas décadas, tudo isso tem sido muito questionado: importante exatamente pra quê, ô mané? 
Então. Exatamente pra quê? Sem querer abusar da desculpa (aquela, a de não ser meu quinhão), tenho realmente me questionado. Vamos ficar procurando esse pai, muitas vezes perdido (seja porque foi comprar cigarro e nunca mais voltou, seja porque fugiu já de cara das responsabilidades), muitas vezes tão mal acomodado na idealizada figura paterna que talvez fosse melhor que nem mesmo existisse, outras tantas vezes porque se preferiu que fosse incógnito, mesmo.
Quem não a tem (a figura) não cresce direito, não desenvolve, é problemático? Bom, não neguemos que pode ser um fator pra tudo isso, sim, mas não dependerá "só" disso. 

Como sempre foi. Só que agora de forma mais aguda, mais às claras, mais assumida.

9 de agosto de 2019

Feche Os Olhos?


Quanto você imagina que seja o "normal" de frequência de uso de antibióticos na criança?
Com a ressalva de que há diferenças genéticas, ambientais, sazonais, etc, podemos grosso modo dizer que em torno de... três vezes. Na infância inteira!
Se o seu filho tem usado muito mais antibiótico do que isso, ele provavelmente sofre de um dos "males do século": o abuso de antibióticos!
Crianças saudáveis (crianças saudáveis pressupõem ambiente familiar saudável, inclusive no aspecto psicológico parental) se manterão saudáveis com chances muito maiores se (na medida do possível) usarem quase nada de antibióticos. 
Mas - diria quase tragicamente - não é o que se vê nos atendimentos pediátricos rotineiros. Recorre-se a eles por quase todos os motivos imagináveis. Do catarro à febre inicial mais elevada, das dores no ouvido ou na garganta às tosses intensas. E vejo estupefato a ausência do questionamento a respeito, seja de pacientes, seja dos órgãos governamentais, seja da mídia (leiga, principalmente).
Sabemos onde isso vem dando. E alertamos. E esbravejamos. E argumentamos. 

Mas os resultados têm sido muito semelhantes aos desastres ambientais. Fechamos os olhos bem fechados. E abrimos a boca para a próxima dose.

2 de agosto de 2019

Dureza II


Na postagem anterior comentamos sobre a menor preocupação atual com a questão das necessidades diárias de cálcio.
Pra começar, quero dizer que nem o excesso de preocupação do passado precisava ser tanto, como essa despreocupação atual me parece um pouquinho excessiva.
De curto prazo nada vai nos acontecer se negligenciarmos um pouco o cálcio.
No longo prazo, no entanto, pode faltar perigosamente no que se costuma chamar (muito apropriadamente) de "poupança óssea".
Os ossos, além da natural necessidade da consistência dura, (quase) inquebrantável, são a absoluta reserva desse mineral, que na forma iônica (desmineralizada) serve à vários e importantíssimos propósitos orgânicos, da manutenção da musculatura às funções das células nervosas. E quando para essas coisas falta, "rouba-se na maior" do osso, que passa a ficar mais "pobre", fraco, "quebrantável", principalmente se essas situações de desequilíbrio se mantêm.
O fósforo é também importante, por se combinar com o cálcio na mineralização do osso, mas esse costuma sobrar na dieta, cuide-se dela ou não (a não ser nas pessoas com dieta muito restritiva, como no caso de anoréticos).
Um outro conhecimento é o de que níveis dietéticos de cálcio estão associados à menor incidência da obesidade (ainda que as explicações para isso sejam bem complexas).
Ah, então beleza, quanto mais, melhor, vou me "entupir" de cálcio!
Calma lá!
Um excesso orgânico de cálcio pode apresentar vários problemas, mas em alguns dos grandes perigos ainda reina a controvérsia.
Os rins, por exemplo, têm que fazer seu papel na eliminação dos excessos, e a formação de cálculos pode ser um desses riscos.
Há grande preocupação atualmente com a questão da associação da calcificação vascular com os riscos maiores (ou mesmo muito maiores!) das doenças do coração, ou mesmo dos derrames e tromboembolismos.

Em resumo: cuide. Controle um pouco. Confira sua dieta. Mas vá devagar.