Procure por assunto (ex.: vacinas, febre, etc.) no ícone da "lupinha" no canto superior esquerdo

29 de março de 2019

Ah, Não Vá!...


Tenho achado deveras engraçado esse sinal dos tempos...
De novo vou falar de pais novatos:
Não são raros pais de primeiros filhos que hoje não querem mais sair da maternidade!
Não que não queiram o conforto e a privacidade do seu próprio lar, não é isso.
Mas sentem-se muitas vezes tão inseguros com tudo o que diz respeito aos cuidados do pimpolho (e não é à toa, pois assoberbados de informações e cobranças, diversas dos seus genitores) que sobrepujam o anseio pelo lar. E vão ficando... Se ninguém os "tocar"!
O outro fenômeno, mais frequente do que o primeiro, é o "efeito pingue pongue" (bate e volta): no mínimo "pum atravessado" (do filho, por enquanto!...), correm pra mesma maternidade para se certificarem de que não há nada de muito errado.
Ponho-me a meditar: onde isso vai parar...

Imagino que em algum "serviço" de acompanhamento a domicílio (antigamente chamado de vovó) dos primeiros... 365 dias, sei lá!...

22 de março de 2019

Zumbis



Recém-nascidos tomando várias doses de morfina ao dia para se manter "normais". Crianças um pouco maiores com transtornos sérios de aprendizagem, e predispostas à adição. Pessoas jovens caindo no meio da rua, do nada, em parada respiratória ou em convulsão. 200 mortes por dia, somente nos Estados Unidos.
Esse cenário de filme de horror está acontecendo agora, devido a uma epidemia, a de uso de medicações "para dor" das mais variadas, agrupadas sob o nome de "opióides", derivadas de uma substância antiga, o ópio ("opióide" etimologicamente significa "parecidos com o ópio") muito efetiva para alívio da dor, mas que a partir dos anos 1990 ganhou a chancela oficial dos médicos (e congressos, e propagandas, e revistas especializadas, e etc.) desse país.
E se ganhou os médicos e se espalhou pela mídia (inclusive a mídia leiga), o resultado não poderia ser outro.
Há cerca de 10 anos, o principal laboratório produtor do opióide mais famoso da época, o Oxycontin (da família Sackler, filantrópica para tudo que é universidade e museu importante dos Estados Unidos, como o Metropolitan, o Guggenhein, e com doações até para o parisiense Louvre) pagou 600 milhões de dólares em ressarcimento às famílias de vítimas fatais afetadas, uma das maiores indenizações pagas por uma indústria farmacêutica até hoje. Nem assim adiantou. O balanço ainda era, ao que parece, muito mais positivo (para eles, claro): 35 bilhões de dólares ao ano, é uma estimativa atual do seu faturamento. Mas há uma década, o monstro atual era apenas um bebezinho.
Para onde corre um traficante quando seu negócio ameaça deixar de ser rentável no seu antigo mercado? Onde as leis são mais frouxas, onde as vítimas são mais indefesas ou, preferencialmente, onde ambas as coisas acontecem.

Você conhece algum país com essas características?

15 de março de 2019

Raízes



Poderia estar no acesso fácil às armas. Mas é mais profundo que isso.
Poderia estar no bullying sofrido por pelo menos um deles. Mas outros sofrem bullying. E se traumatizam, vão a psicólogos, desistem mesmo de estudar ou trabalhar, mas não saem matando.
Poderia estar no efeito da total fuga da realidade que os jogos "virtuais" (mais reais que a própria realidade, para muitos jovens) provocam. E esse é um efeito que precisa ser mais estudado, com urgência, mas não é só isso.
Poderia estar nos filmes, feitos para adolescentes ávidos de falsos heroísmos.
Poderia estar na fratura familiar, também certamente envolvida, e que já gerou casos tão ou mais escabrosos que este. E que a sociedade como um todo não consegue mais resolver, porque a escala do problema é planetária.
Poderia estar na falta de valores, muito associada a anterior, e que muita gente resolve recorrendo à religião, um enorme tampão social, que ainda tem impedido mais e mais massacres.
Poderia estar na mídia, que mesmo consciente do seu papel de glamourizar, de mitificar assassinos, o faz, porque anunciantes não pagam por TVs e jornais que falam de coisas burocráticas ou de trivialidades, simplesmente porque não vende.
Poderia estar na quase total falta de perspectiva dos jovens, especialmente dos jovens das classes sociais mais desprovidas, mas não são somente eles que "piram", como já vimos muitas vezes, e esse é somente mais um dos grandes fatores.
Poderia estar num dos últimos elos quebrados dessa cadeia, nas falhas de segurança. Mas no passado não tínhamos câmeras, cadeados, grossos portões de ferros e muros altos, e vivíamos em relativa segurança.
Pode ser doença mental. Certamente.

Não banalizemos, não simplifiquemos. Devemos olhar mais a fundo quando fatos como os desta semana acontecem. A árvore da violência está enterrando suas raízes sólidas e robustas. E estamos todos impotentes e incrédulos, contemplando seus enormes e frondosos galhos.

8 de março de 2019

Congresso


Passado o carnaval, o grande evento a ser marcado na agenda é o 1o. Congresso Brasileiro de Médicos Whatsappistas, com os seguintes temas, muito atuais:


Cirurgia via Whatsapp: qual o melhor bisturi

Gesso ortopédico caseiro: igual ao da decoração de teto?

Aplicativos lanterna: um para cada tipo de orifício

Pacientes: reconheça-os sem nunca tê-los visto

Pele, em apenas uma dimensão

Emojis médicos: por que tão poucos?

"Bom dia" não é só um bom dia: vem coisa!

Tempo online: dá milhagem?

"Olhada nos exames": os 27 significados

Consulta a concorrência mas no "zap" é você: meditação resolve?

Sério, sorridente ou sensual: sua foto, na opinião dos clientes


Cobrança: tema proibido

1 de março de 2019

Misto Frio


Aproveite o tempo no Carnaval, e vá à sua caixinha de remédios.
Analise as caixas, ou os rótulos.
Naquelas medicações em que você vê mais (principalmente muito mais) de um princípio ativo, de preferência "faça a limpa". Jogue fora!
Não tanto nos remédios de adultos (mas também neles!), mas principalmente nos remédios da faixa etária pediátrica, ter mais significa quase sempre... encrenca.
As associações de "bom pra isso, um", "bom pra aquilo, outro" nas fórmulas farmacêuticas costumam conter perigos escondidos, ou mesmo ignorados, dessas mesmas associações. São as chamadas interações medicamentosas, um capítulo difícil - e muito desprezado - da farmacologia, a ciência que estuda os remédios e seus efeitos nos pacientes.
Na ignorância (comum a todos nós, pacientes e médicos), evite. Não arrisque.
É curioso notar que as "misturas de remédios num só" costumam ser o filão das farmácias, a solução (aparentemente) fácil do paciente e a confissão do desconhecimento do médico, com raras exceções.