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27 de março de 2020

Caranguejos



Tenho tentado com grande esforço me colocar no lugar dos idosos e outros "grupos de risco" dessa nossa epidemia, e a situação parece bem desanimadora (até agora, pelo menos).
Está difícil tranquilizar vovós e vovôs (e doentes crônicos), essencialmente pelos dois grandes fatos relacionados ao coronavírus: 
O primeiro é a sua aparente extrema contagiosidade (que significa que cedo ou tarde quase que o mundo inteiro terá o vírus circulando pelo seu sistema imunológico).
O segundo fato preocupante diz respeito à evolução muito mais grave nessa faixa da população, o que não é pouca gente, e envolve necessariamente entes queridos de todos nós.
É - desculpe a franqueza, mas acho que é como eles devem estar pensando - como estar não com "data marcada" para morrer, mas com "data agendada, proximamente" e, além disso, com causa mortis bem provável! 
Estão, nesse momento, vivendo como caranguejos, eternamente preocupados na proximidade dos seus buracos.
Esse tormento uma hora acaba. Mas tem-lhes parecido eterno.

19 de março de 2020

Ou Morte, Ou Grave, Ou "Quase Nada"


Não adianta nem querer falar de outra coisa.
Mas o mundo todo já percebeu que estamos vivendo mais um momento histórico.
O planeta foi colocado de joelhos, de forma impressionante, por um bichinho minúsculo, bem menor que um carrapato.
Ninguém - nem mesmo Trump, nem mesmo Bolsonaro, nem mesmo Kim Jong-Un - mais nega o perigo de um germe tão facilmente transmissível (ei! Putin nega! mesmo continente, pior clima, maior país do mundo, e não se fala!).
Devemos, no entanto, pra minimizar o pânico, pensar na "continha mágica":
Esqueça "número total de casos". É, de certa maneira, "falso". É inútil.* E é bem menos nos números do que é de verdade. E é bem por isso que preocupa menos.
Veja as mortes. E divida pelo (apenas) suposto número real de casos.
O numerador não se altera. Ou não se altera muito, porque há ainda gente que morre da "causa" e não a tem diagnosticada.
Já o denominador, esse cresce, e cresce muito. Há muita, mas muita gente agora por esse mundão inteiro que nesse momento está infectada. E tranquila. Tão tranquila quanto um desejo de saúde após o espirro.
Então o resultado se mostra menos feio. Não é, quase com certeza absoluta, esses perto de 3%. É bem menor! E tanto menor quanto mais contagiosa a doença tem se mostrado. 
Não é um "nada". Não estamos todos errados.  A Ciência diz que "bicho que vem de outro bicho" (de morcego? de cobra? de lagarto? de macaco?) pode mesmo dar zebra, sem querer fazer piada. Mas erramos no pânico. Erramos em bater cabeça. Erramos em não unificarmos as medidas.

*Assim como são ridículos os anúncios de toda hora: "Cantor X está com coronavírus", "Governador Y está infectado". É exatamente como dizer num passado recente: "Cantor X e governador Y têm o vírus da gripe" (e daí? morreram? estão diferentes do resto do planeta?). Me avisem apenas das mortes, por favor! 

Uma piadinha, pra relaxar:

Deu na TV:
"Cientistas confirmam: a grande causa de morte por coronavírus está no uso do celular!"

Ah, gente, mas também... O que é a vida, né?...


13 de março de 2020

Epoodlemia?



Pensa sobre o que você sabe sobre duas raças de cães, os poodles e os dobermanns. 
Se agora se dissesse que pelo mundo todo há uma boa quantidade de poodles mordendo muita gente, e mesmo matando alguns desses que foram mordidos, você mudaria sua atitude ao chegar perto de um poodle?
Imagino que sim. Pelo menos passaria a "respeitar" mais essa raça, quanto aos perigos de acidentes, seria algo natural.
Aí a outra questão:
Por algum motivo (não imagino qual), você teria que escolher entre ser colocado por cerca de uma hora dentro de um canil, um cheio de poodles, outro cheio de... dobermanns.
Qual você escolheria?
De novo, mesmo escolhendo o canil dos poodles, imagino que você já não entraria ali com a mesma tranquilidade de "outrora", já que está a par das notícias (que, além disso,  não param de chegar).
Mas aí a escolher dobermanns, maiores, com aquelas bocas salivantes cheias de dentes afiados, aquela cara de poucos amigos (tanto quanto os hipotéticos poodles, vá lá), me parece algo um pouco insano. Você sempre soube como dobermanns se comportam, ninguém precisa ficar lembrando.
Um dos números que interessa muito saber sobre esses hipotéticos poodles é que ainda são menos de 15% os que entram nos seus canis e são mordidos por eles. O restante da turma sai incólume. 
Morte por poodle é grave, ninguém nega. E sempre se avisa que os muito fraquinhos, medrosos, frágeis, etc. não devam "bobear" mesmo com eles (pois têm agora matado), não devendo nem botar o dedo pra dentro das grades (aparentemente esses poodles farejam as suas prováveis vítimas). E essas vítimas estão sendo nada desprezíveis 3% em média. Outro problema é que parece estar havendo uma certa superpopulação dessa raça.
E talvez pare por aqui:
"Poodle, agora, morde. Não mais que dobermann (ou pastor alemão, ou pitbull, ou rottweiller). Algum cuidado atualmente se faz necessário."

Mas você pode seguir vivendo.

6 de março de 2020

Vale Quanto?



Mães têm se tornado um pouco "obsessivas" com os pesos dos seus bêbes, ultimamente.
E a curiosidade é que, como em muitas questões relacionadas à saúde, é justamente nesses "últimos tempos" onde se vê menos risco (nesse caso, risco nutricional) de crianças pequenas (pelo menos em termos de "peso para baixo", e aí é que mora o perigo: ao contrário da proverbial ladeira, na evolução do peso "para cima, todo santo ajuda", especialmente São Nestlé e São Danone...).
É difícil fazer familiares crerem de que o critério "peso" é um critério bem fajutinho para medir saúde quando outras coisas vão bem nas crianças (como, por exemplo, a capacidade de "se defender" nas mamadas - tanto em magros quanto em gordos, afinal, como se deve saber, fofura ou "magrura" é dado essencialmente pela genética).
Quase nenhuma mãe chega em consultório pediátrico dizendo: "vim ver como está crescendo". Mas "vim ver se está ganhando peso" é a toda hora...