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26 de abril de 2019

Can Kill You!


Vou falar de novo de vacina. Nem gosto muito do assunto, mas...
É sobre a campanha da vacina da gripe: bem no estilo bolsonarista. Tanto que parece que foi feita por ele:


"A gripe pode matar!" Mais de uma vez: "Pode matar!".
Nem em propaganda de seguro de vida o urubu anda tão à solta!
Então é assim? No "modo susto"? Mas aí, se é pra assustar a população, vale pra tudo: "Dengue pode matar!", "Colesterol pode matar!", "Brigadeiro pode matar!", "Amendoim pode matar! (de várias formas, inclusive naquele joguinho de tentar "acertar a goela", individualmente ou acompanhado, "peanut stroke"), "Pescaria pode matar (o peixe, principalmente!)!". E por aí vai...
Faltou um pouquinho de sutileza. Mas mesmo o brasileiro mais retrógrado, ignorante, analfabeto, já tem a noção: Gripe, nem sempre (ou bem pouco frequentemente), mas sim, "pode matar". Não precisa ficar agourando a gente na hora do jantar com a família mostrando seres inocentes que, por causa da gripe, poderão deixar de estar ali, como uma figura arrancada do álbum. 

Pode até ser eficiente. Mas é como o "não" da mãe: mesmo assustando, logo para de funcionar. Aí, pra outras campanhas - pode ser pra algo absolutamente letal - perde-se a credibilidade.

19 de abril de 2019

Vítimas



"As vacinas estão sendo vítimas de seu próprio sucesso".
Só ouvi a frase, de um cientista (se não me engano) em uma propaganda de um programa do canal Globonews.
A frase é ótima. Quer dizer (provavelmente) que, justamente por ter feito tanto bem à humanidade, sumindo do mapa com muita doença muito grave, fez com que, passado algum tempo, gerasse alguns (muitos) imbecis que - justamente pela ignorância do desespero dos tempos passados - se arvoram a pregar a não vacinação, com os argumentos mais variados e tolos.
Fiquei pensando na ótima frase. E achei que nela cabem algumas observações.
A vacina também está sendo vítima da sua (aparente) ineficácia (ou má publicidade).
Como no caso da "vacina da gripe", que tem um nome absolutamente impróprio, pois junto com ele vem a ideia de que "vacinou, não gripou", a mensagem que a imprensa leiga teima em repisar, fazendo com que muitos percebam que se está mentindo, pois "continuam pegando gripe" (imagino que se imagine que uma vacina "anti-HN" seria algo sem ibope e difícil de explicar, por isso nem no meio do caminho se optou por ficar).
Além disso, a vacina está sendo vítima da sua falta de comprovação, como é o caso da vacina anti-HPV (curiosamente, também esta de nome "difícil", mas muito bem publicizada...). Mesmo os leigos ainda não viram (virão?) o desaparecimento prometido dos casos de câncer de colo uterino (até porque a o exame de Papanicolau periódico ainda está sendo recomendado, mesmo para os vacinados), talvez por isso ainda fraca na popularidade.
Então, acho que a frase mais correta seria:

Cada vacina está sendo vítima dos seus próprios erros (mesmo que na maioria inexistentes).

12 de abril de 2019

Ratos Fora de Forma


Li num blog (recomendação de outro blog - é pra isso que os blogs servem...) um enorme artigo já meio velhinho, que comenta sobre o que acontece com nossas "cobaias" favoritas em quase todos os experimentos de laboratório que gerarão implicações terapêuticas para nós, humanos.
Foi-se o tempo em que pesquisas comportamentais, com medicamentos, sobre moléculas importantes e etc. eram feitas com variados animais de laboratório.
Por questões de todo tipo (mas inclusive muito mercadológicas), um único bicho serve de parâmetro hoje, no qual mais de 90% de toda pesquisa é feita antes de chegar na gente: rato. Mais precisamente, camundongo (na verdade, outro bicho!) que é (do quase nada que sei) um bichinho menor, mais dócil, do tipo que quase que o próprio pesquisador tem vontade de tirar da gaiola, levar pra casa e mudar de profissão, tão queridinho que ele é.
Transporta-se (ou se tenta transportar, algumas vezes com muito pouco sucesso, pelo óbvio pequeno parentesco) conclusões sobre dieta, exercício, imunidade, estresse, câncer... Tudo que ocorre no roedor para primatas com dentes menores. Não à toa muitas das avaliações se mostram totalmente erradas posteriormente.

O que achei muito curioso é que, além do "nada (ou quase) a ver" da espécie, esses pequenos seres costumam viver em condições padrão também "nada (ou quase) a ver" em "estilo de vida", mesmo (comendo uma mesma raçãozinha padrão - exceto quando os experimentos são sobre isso - "entediados", completamente sedentários, e mesmo a maioria obesos, em relação aos seus afortunados "compatriotas" em liberdade). Ou seja, aí mesmo é que fica difícil estabelecer comparações conosco, nas nossas vidas tão diversamente agitadas. 

5 de abril de 2019

Nem Tchum


Uma pesquisa difícil de se realizar - mas que me interessaria muito - poderia ser feita sobre a provável decadência do cumprimento das recomendações médicas pelos pacientes.
Aposto que decaíram. Bem como também (e sobre isso tem muita pesquisa feita) aposto que nunca gozaram lá de muito respeito (significa: nunca foram muito cumpridas).
Vários são os motivos. Tanto da decadência, quanto dos motivos "de sempre".
Dentre outros, a incapacidade de muito médico em falar o mesmo idioma do paciente. Mesmo que queiram (às vezes parecem não querer, ou querer somente "impressionar"), há sempre uma barreira "linguística". 
Outro motivo (de sempre) é nossa natural tendência a ignorar o que vai contra nossa pessoa (ou, mais exatamente, a satisfação dos nossos instintos primitivos, de tudo "que parece bom", mesmo que para nossa saúde não seja). Não fosse assim, produtos com certas informações nutricionais apodreceriam nas prateleiras dos supermercados (e as cenouras teriam um valor de mercado altíssimo).
Mas dos motivos mais atuais, imagino que a releficação, a queda definitiva do conceito do médico como alguém não "acima do bem e do mal" (até porque isso nunca foi mesmo!), mas como alguém com autoridade científica, doutrinária, com olhar social, empático, humano, tem ido definitivamente pro brejo.
Somado a isso, o crescimento brutal na importância da mídia como "educadora" (bem entre aspas!), como alguém que - muito mais efetivamente - manda e desmanda, sugere, agrada, avisa, assusta... Ocupou pra sempre o seu lugar.

É o médico, então, um meríssimo coadjuvante. Sem nem direito a concorrer a Oscar, mais um dentre tantos a dar opinião. Opinião sopesada, debatida, contra-argumentada e, no mais das vezes, ignorada.