O que acontece com o ibuprofeno é daqueles casos de
marketing bem feito. Mais ou menos como continuar vendendo cigarro pra quem
sabe que faz mal pra saúde, mas... “aquela fumacinha dentro da gente é tão boa!...”
Porque para os médicos é como se quase todos tivessem “esquecido”
da fórmula química (“É um antiinflamatório! Tem os mesmos riscos que os dos
outros antiinflamatórios? Não sabia!...”).
Porque pros pacientes é “a novidade que pegou”.
Principalmente porque os pais estão sempre meio insatisfeitos
com os efeitos “fracos”, insuficientes, do paracetamol.
E também porque a velha dipirona sempre sofreu dum
preconceito injustificado – embora tenha salvado e ainda salve muitas famílias
de apertos com febre e dor (mas é remédio, e como todo remédio...).
Então fica parecendo que essa “novidade” (da última década,
aqui pra nós) é uma maravilha.
Não é. Não deve ser demonizada. Funciona bem pra algumas
coisas como dores de causa ortopédica ou reumatológica – como, aliás, a maioria
dos antiinflamatórios – alguns casos mais resistentes de enxaqueca em criança,
e pouca coisa a mais.
Não se deve dar pra bebês. Não se deve dar para quem tem
problemas respiratórios como asma ou “bronquites”. Deve se ter precaução com
efeitos adversos gástricos. Pode excepcionalmente dar alguma “zebra” como
problemas renais. E por aí vai...
Meu ranking?
1) paracetamol: mais seguro, experiência clínica mais
longa, pode ser usado até a cada 4 horas em prazos curtos.
2) dipirona: já expliquei aqui essa questão do preconceito
com ela, mais efetiva em febres mais altas
3) ibuprofeno
Mais eu sei que vou tomar cacetada (difícil concorrer com
as táticas da indústria farmacêutica)!