Nosso desempenho ridículo nas Olimpíadas para um país do
nosso tamanho reflete muito mais o que se faz – ou se deixa de fazer – em
termos de políticas nacionais do que nosso propalado ranking de economia
mundial, onde somos um sexto lugar muito mais por circunstâncias de outras
partes do mundo do que por méritos próprios, só para variar.
Um país da rapaziada do tchum-tcha-tchatchatcha, da
cerveja, e da vodka barata está se tornando muito pesado para ser erguido num
salto com vara, está muito mole para correr os 100 metros rasos, está
com o fígado muito inchado para nadar um revezamento e ganhar medalhas.
A medalha olímpica é em muitos países apenas o resultado
final de profundas mudanças de políticas públicas, de valorização do potencial
dos jovens, da educação levada a sério, da sala de aula ao ginásio esportivo.
Nossas medalhas são acidentes. Dependemos sempre de
fenômenos. Daianes dos Santos e Joãos do Pulo só são descobertos porque
qualquer um os enxerga, na rua ou num quartel.
Por isso o futebol nos faz tão felizes. Craques da bola
prosperam no quanto melhor pior.
E é por isso que estamos começando a perder terreno também
no futebol. Temos menos várzeas, menos campinhos, só as favelas é que continuam
por aí.