Não sei quantas vezes (acho que centenas de milhares) ouvi
o seguinte comentário em relação ao estetoscópio, ao ser colocado no corpo da
criança pequena:
-É geladinho, né?
Enquanto ainda não inventam (a patente será minha, tá aqui
registrado, viu?) o estetoscópio
quentinho, quero explicar aqui o que dá preguiça no consultório:
Não, não é geladinho. Nem mesmo nos dias de inverno chega
a ser geladinho. É, no máximo, não quentinho.
Mas por que o estranhamento da criança no exato momento em
que encosta?
Provavelmente porque para ela um tubo negro que sai
diretamente das orelhas daquele monstruoso ser (eu, no meu caso) à sua frente,
e que vem se aproximando com cara de más intenções (a criança percebe isso,
acredite) com uma ponta que pode despejar de um ácido corrosivo (a fantasia
dela, gente!) a uma centena de microscópicas agulhas (ainda fantasia!)
certamente será algo assustador.
Como se pode perceber, muito mais assustador que um
simples “geladinho”.