A minha teoria é de que quanto mais saudáveis estamos,
mais sarna procuramos para nos coçar.
Tô falando da gripe, que todo ano quase que por falta de
coisa melhor – ou, nesse caso, pior – para nos preocuparmos, gera uma onda não
de doença, mas de corrida a consultórios, postos e secretarias de saúde atrás
da “agulhada mágica”, que irá nos proteger desse tão ameaçador quanto invisível
germe.
E aí, as confusões e desinformações são impressionantes.
Primeiro, quem disse que vacina é pra todo mundo? Quem
disse que somos todos grupo de risco? Onde está escrito que um vírus virá e
varrerá o planeta, levando não vacinados às valas comuns?
Isso já existiu no passado, e todo mundo sabe.
Mas foram germes e condições sanitárias de exceção.
Não vai acontecer a cada ano.
E mesmo que você tenha sido um dos milhares de apavorados
que não saíram de casa há dois anos (quando esse pânico começou de forma
amiúde) e depois descobriu ter sido assustado à toa, deveria estar percebendo o
quanto nossa memória é mais fraca que nossa imunidade, que a prometida pilha de
corpos nas ruas das cidades é provavelmente coisa do passado (ou, pelo menos,
rara no decorrer dos séculos).
Vírus são mutáveis por definição. Quando as seringas são
despachadas para o mundo todo, vírus com caras e cores diferentes riem-se do
povo tomando agulhada - ainda que temam nossas eficazes células de defesa, que
costumam dar um pau nessas frágeis criaturas.