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4 de março de 2006

Uma Pedra das que Falava Carlos


Falo por mim, claro.
Mas acredito que falo também por uma parcela grande, cada vez maior, da população.
Quero morrer aos, sei lá, oitenta ou noventa anos. Não mais, não virar peça de museu, pelo menos por enquanto (Como diz a piada: Quem quer viver até os oitenta? Quem tem setenta e nove, lógico).
Se possível, morrer de espirro atravessado, coisa grave. Ou no meio da noite, levemente sufocado na babinha.
Até lá, gostaria muito de viver alegre, animado, ágil na medida do possível, forte o suficiente pra não pedir ajuda pra abrir o pote de maionese.
E mais: sem ter que tomar quase nenhum remédio, a não ser um analgésico ocasional, para uma dorzinha de cabeça, quem sabe.
Medicações de uso crônico mexem fundo com o que, na falta de termo melhor, chamarei pomposamente de “mito da indestrutibilidade”: gostamos, precisamos na verdade, nos achar fortes, indestrutíveis.
Ao nos defrontarmos com uma prescrição com um remédio para a vida toda ou para o resto dela, já estamos pressupondo um fim, coisa que angustia quase todo mundo (não tenha dúvida, muitos dos que iniciaram a leitura de um texto como este, ao se depararem com a palavrinha mágica “morte”, já viraram a página correndo, é natural).
Se, então, a angústia pinta no adulto, o que dizer da criança? Neste caso, quem assume essa angústia são, naturalmente, os pais, de forma redobrada.
Não podemos, desta forma, simplesmente, irmos “caneteando” uma receita de remédios deste tipo. É coisa pra ser discutida, analisada, questionada, recusada até. É preciso tempo para que o impacto seja absorvido.
Temos ainda – e olha que é difícil, fruto de longo e diário aprendizado – que aceitar passivamente a fuga para a chamada medicina alternativa (há mesmo alguma alternativa para a medicina?), pois, devemos nos questionar, não faríamos nós, então, o mesmo?

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