É difícil admitir, mas só quando me sinto muito equilibrado é que tenho ânimo para ler sobre certos assuntos, dois deles em particular: a situação epidêmica da Aids e o quase total abandono do continente africano.
A última edição da revista Superinteressante (março) reúne os dois assuntos, citando um dado da Unicef que é mais um pesadelo do que uma previsão: daqui a apenas cinco anos, a África terá 18 milhões de órfãos da Aids, crianças que terão perdido seus pais em virtude da doença (a maior parte da África, pela falta de recursos, é obrigada a “esquecer” da epidemia – sem oferta de tratamento, cita a revista, pra que exame?) que, em algumas regiões, afeta quase a metade da população.
Dezoito milhões! Mais do que os habitantes das cidades do Rio de Janeiro e São Paulo somados. Grande parte destas crianças também acometidas pelo vírus. São milhões de tragédias diárias que não costumam render mais que pés de páginas dos jornais.
Não que as vítimas do Tsunami ou mesmo a população de Nova Orleans não mereçam ajuda humanitária, é claro. A diferença é que nesse caso as vítimas são miseráveis, em todos os aspectos. E não se afogam, vivem e morrem silenciosos, não rendem nem imagens impactantes nas revistas.
Assim como a maior parte do mundo, também eu não me mexo, finjo não ter consciência. Assumo esse pesadelo como apenas isso, um pesadelo, literalmente.
Quem sabe um dia seremos todos obrigados a acordar.
A última edição da revista Superinteressante (março) reúne os dois assuntos, citando um dado da Unicef que é mais um pesadelo do que uma previsão: daqui a apenas cinco anos, a África terá 18 milhões de órfãos da Aids, crianças que terão perdido seus pais em virtude da doença (a maior parte da África, pela falta de recursos, é obrigada a “esquecer” da epidemia – sem oferta de tratamento, cita a revista, pra que exame?) que, em algumas regiões, afeta quase a metade da população.
Dezoito milhões! Mais do que os habitantes das cidades do Rio de Janeiro e São Paulo somados. Grande parte destas crianças também acometidas pelo vírus. São milhões de tragédias diárias que não costumam render mais que pés de páginas dos jornais.
Não que as vítimas do Tsunami ou mesmo a população de Nova Orleans não mereçam ajuda humanitária, é claro. A diferença é que nesse caso as vítimas são miseráveis, em todos os aspectos. E não se afogam, vivem e morrem silenciosos, não rendem nem imagens impactantes nas revistas.
Assim como a maior parte do mundo, também eu não me mexo, finjo não ter consciência. Assumo esse pesadelo como apenas isso, um pesadelo, literalmente.
Quem sabe um dia seremos todos obrigados a acordar.
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