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7 de fevereiro de 2006

Desabafo


Tenho o firme (como uma maria-mole) propósito de quase não falar de política neste espaço, mas às vezes não dá.
Políticas públicas têm (em nome do “benefício” da população) conseguido transformar cada vez mais o profissional de saúde em um artigo “razoavelmente bom e baratinho” (claramente uma utopia, e não um sonho, do qual talvez um dia acordaremos).
Quando se fala em beneficiar maiorias, os olhos tornam-se cegos para as possíveis conseqüências.
Médicos sempre foram considerados como uma elite pensante no seu setor, isto é um fato. Mas se ainda somos (o que tenho duvidado), logo deixaremos de sê-lo.
As indústrias farmacêuticas especializaram-se, nas últimas décadas, em criar pontos fracos no elo da corrente que as ligam ao consumidor final de seus produtos.
Como mostra um excelente artigo publicado no PlosMedicine, a tarefa editorial das revistas médicas têm sido cruel (além de hercúlea): ou fazem vistas grossas aos deslizes éticos de trabalhos que são patrocinados pela indústria farmacêutica ou arriscam desaparecer pelos altos custos das publicações.
Quanto aos médicos, a indústria farmacêutica já os pega “amaciados”. Há duas classes básicas de médicos: os “empobrecidos”, a grande maioria, que pela falta do senso crítico quase inerente à sua “pobreza”, sujeitam-se a todo tipo de pressão (de políticas públicas de saúde e da propaganda da indústria farmacêutica) e os “da elite”, com suas agendas lotadas (nem sempre pelos méritos da profissão, algumas vezes apenas por “mistérios do mister”), que pouco se importam com considerações éticas de ordem mais profunda (visto que “em time que está ganhando não se mexe”).
Claro que há exceções. Mas que, infelizmente, como se sabe, só servem para confirmar a regra.

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