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12 de fevereiro de 2006

Aguaria


Com a crescente onda de adulterações da jijiva, a cerveja típica da Polinésia, proprietários das minstki, os bares locais, não tiveram melhor idéia para assegurar o consumo da bebida do que grudar as garçonetes nas mesas dos fregueses incautos.
-Totomba pitomomba? – pergunta a moça.
-Pitomomba, pitomomba... – respondo entre os dentes, meio cabisbaixo, sem a menor noção se a resposta será suficiente para afastá-la dali.
Deu certo. A mesma angulação no sorriso, presente em todas as nativas desde que eu cheguei à ilha, ela se afasta para ir perturbar o outro freguês, um irlandês, este muito à vontade com a vigilância, tentando abraçar as roliças pernas da moça (boa tática, a moça desvia na hora, sem abandonar o sorrisinho).
Seus pequenos olhos, no entanto, continuam grudados nos copos, meu e do irlandês safado.
Tento esquecer das vítimas da bebida: soube que foram cinco no total, duas fatais.
Tento pensar nos possíveis sintomas duma intoxicação por jijiva :taquicardia, decerto. Vômitos incoercíveis, provavelmente. Terríveis dores de cabeça rasgando a metade do cérebro, talvez.
Decido pôr fim à agonia. Fecho os olhos (comprimo, seria o termo mais adequado) e, no curto espaço de tempo em que o tormento cede ao prazer do trago – seja lá que álcoois ou fenóis ou que outros compostos de nomes assustadores aquela deliciosa bebida possa conter – uma imagem vem à minha mente: a do montanhoso e suarento fiscal da vigilância sanitária da ilha Fifi, gargalhando encostado aos pés do balcão.
Já seria isso um sintoma?

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