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11 de abril de 2006

Humaquinanização


Uma pesquisa interessante foi publicada na revista Pediatrics de janeiro deste ano, mostrando como a tecnologia vai devagarinho (ou depressinha, no mais das vezes) penetrando no nosso cotidiano:
Pais de pacientes com crise de asma que buscavam o setor de emergência de um grande hospital preenchiam um questionário sobre a condição dos filhos (como estavam evoluindo os sintomas ultimamente, uso de medicações recentes, sintomas percebidos por eles, etc.) numa máquina igualzinha às máquinas de operações bancárias. Estas, então, sugeriam o procedimento a ser adotado pelos médicos atendentes (no extrato fornecido).
Adivinha o que aconteceu?
A maioria dos médicos “não deu muita bola” para as recomendações da máquina e a insatisfação com a orientação médica (ou a falta dela) aumentou!
Minhas interpretações a respeito:
• Os médicos acharam que “quem manda aqui sou eu, não essa #*&$ de máquina!” (se eu fosse fazer uma pesquisa, tenho certeza que essa alternativa seria a mais votada)
• Médicos, assim como qualquer pessoa, ainda olham com desconfiança para inovações tecnológicas (até porque o “input” informativo é sempre humano - e o ser humano erra frequentemente)
• A informação que os pais receberam “da máquina” os colocaram em posição de discutir tratamentos, o que provavelmente ampliou conflitos entre pais e médicos
E, último, mas não menos importante:
• O departamento de emergência nunca vai ser o local ideal para se discutir o tratamento não-emergencial de doenças
Uma angústia (minha também):
Um departamento de emergência já não tem tanta máquina? Precisa pôr mais uma, ainda por cima criadora de conflitos? Não vai contra a corrente da humanização dos serviços médicos?
Cada um que pense.

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