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8 de abril de 2006

Cena do Crime


...Agora, fraca demais inclusive para se sentir assustada, debatendo-se (embora sabendo ser inútil) com o que lhe resta da sua antiga força – imaginava-se forte, além de esperta, qualidades que só agora, no fim da vida, passou a questionar – dentro dessa pegajosa massa gelatinosa do interior do macrófago, pensa no quanto foi ingênua.
Ingênua por não ter percebido, na sua altivez, aquela falsa atitude distraída do seu “pretendente”. Tão falsa que – agora se lembra, na memória reavivada pela agonia – chegou a pensar em se esquivar, ou mesmo atravessar a rua.
Mas, não. Já havia enfrentado situações perigosas antes. Como naquela noite em que dois linfócitos T-helper , aparentemente bêbados, voltando de algum baile, a haviam assediado.
Saiu-se bem, na ocasião. Era uma bactéria nova, seguia uma dieta rica em pequenas e esparsas doses de antibióticos. Sentia-se dona do mundo, enfim...


Talvez seja exagero. É provável que a ação seja mais parecida com a de um videogame.
Não importa. Nosso sistema imunológico é fascinante, seja qual for o ritmo da história.
Macrófagos (dissimulados ou não), linfócitos (sóbrios, na maioria das vezes), plasmócitos, basófilos, etc. numa luta constante para nos livrar da protagonista acima e de outros “bichos”.
Com um exército assim tão dedicado e minuciosamente planejado, não deveríamos precisar mesmo recorrer à ajuda externa tão frequentemente (quanto provavelmente estejamos fazendo).
Não podemos ignorar o fato de que vivemos muito mais e melhor após a invenção do antibiótico. E é justamente por este motivo que devemos utilizá-lo de forma racional.



Curiosos, eritrócitos agrupam-se (como é seu hábito) no local da confusão.
-Vamos, vamos, gente, não há nada para se ver por aqui. Mexam-se ! – gritam os fibroblastos, cobrindo com uma camada de fibrina a rígida carcaça.

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