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5 de janeiro de 2007

Já Pegando Pesado


Quando estava pensando na minha primeira postagem “de verdade” para 2007, um artigo do New York Times deste novo ano “caiu no meu colo”.
Antes de mais nada, quero dizer que já disse algo sobre isto pelo menos aqui, aqui e aqui (e ainda pretendo dizer mais, ainda mais agora que me sinto respaldado pelo “jornaleco” americano).
Trata-se do que está sendo chamado de epidemia de diagnóstico, e não vai haver outro jeito para mim senão dar uma roubada literal do texto do hebdomadário (jornal, gente!) :
“Esta epidemia (de diagnósticos) é uma ameaça à sua saúde e tem duas fontes distintas: uma é a medicalização do nosso dia-a-dia. A grande maioria de nós tem sensações desagradáveis como parte da vida normal. Cada vez mais, estas sensações estão sendo transformadas em sintomas de doença. Experiências cotidianas como insônia, tristeza, pernas que se mexem à noite e menor ímpeto sexual agora se transformaram em diagnósticos: transtorno do sono, depressão, síndrome das pernas irrequietas e disfunção sexual.”
“Diagnósticos anteriormente reservados para casos severos passaram agora para grande parte da população sem qualquer sintoma, que passou a ser considerada predisposta ou de risco. (...) Limites para o que pode ser considerado como doença – como no caso da hipertensão, diabete, osteoporose e obesidade - têm se estreitado cada vez mais (...) Se mais da metade da população agora está doente o que significa ser normal ? (...) O que exatamente estamos fazendo quando cerca de 40% das crianças presentes em um acampamento de verão estão em uso crônico de medicação? (...) Simplesmente rotular as pessoas como doentes as deixam mais ansiosas e vulneráveis – uma preocupação para as crianças em particular”
“O real problema com a epidemia de doenças é a epidemia de tratamentos associada. Nem todos os tratamentos trazem benefícios, mas quase todos causam algum dano. Vários destes danos podem levar anos para aparecer. Para os muitos doentes estes danos empalidecem frente aos benefícios. Porém, para os de risco ou predispostos, os tratamentos podem fazer mal, apenas.”
“A epidemia de diagnósticos tem muitas causas. Mais diagnósticos significa mais dinheiro para as indústrias de medicamentos, laboratórios, médicos, hospitais e advogados. (...) Preocupações legais também impulsionam a epidemia. Enquanto que a falha em se fazer diagnósticos pode levar a processos, o exagero de diagnósticos costuma passar ileso.”
“A questão na qual todos devemos pensar é quando devemos ou não nos tornar pacientes. E os médicos devem se lembrar do valor que existe em assegurar às pessoas de que elas não estão doentes.”

No mais, faço como aquele meu sapato apertado: me calo.

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