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30 de novembro de 2007

Peneira


Não. Vocês não tinham o direito de fazer isso.
Sim, porque há uma grande distância entre a formação do pensamento e a vontade, a disposição de emiti-lo. Há – ou havia – alguma espécie de filtro aí.
Neste momento, por exemplo.
Meu único pensamento está voltado para essa enfermeira escrota – vocês nem pensavam que eu, um profissional respeitado, dissesse palavras deste calão, escrota, não é mesmo? - do turno da noite, essa tal de Vandete ou Nodete ou coisa parecida. Isso não é uma mulher, muito menos uma enfermeira para trabalhar num lugar como esse. Um hospital requintado, com tecnologia suficiente pra botar alguém na lua, contrata essa Luzinete ou Margarete pra cuidar da gente, uma pouca vergonha isso...
Pronto. Tá vendo? O que que eu faço agora? Falei, tá dito! Espera o novo turno da moçoila e então confere o tamanho do furo no braço, o calibre da sonda, veja lá se ela não vai buscar vingança por eu ter falado – falado? – essas coisas dela!
Vai adiantar dizer que foi falha aí dessa geringonça que vocês puseram na minha cabeça? Duvido!
Não façam mais isso. Desliguem logo essa máquina. Já não chega a minha condição, o meu acidente. Como disseram –de forma, claro, fantasiosa - os jornais: esse rapaz, uma pessoa jovem, tão cheia de projetos... Projetos! Rá! O único projeto que eu tenho agora é esse enorme projétil dentro da minha cabeça. Ha, ha, ha!...Muito boa essa!
Tá bom, sei que não foi muito engraçado dito assim, no frio traçado dessa coisa, dessa máquina aí. Teria sido, se tivesse saído direto da minha boca. Ou quem sabe não, vocês médicos e cientistas são tão sérios, tão sem graça... Ó! Tão vendo? Eu de novo com essa minha língua – língua? Ainda tenho isso? – grande, falando (pensando) bobagens o tempo todo.
É mentira, vocês todos são uns amorecos! Até mesmo a Nizete! Não, a Nizete, não! Não deixa ela chegar perto de mim, não deixa, não deixa!


Cientistas dos Estados Unidos anunciaram que podem estar muito próximos de “traduzir” o pensamento de um homem que perdeu a fala após um acidente de carro.
Segundo artigo da revista New Scientist, os pesquisadores da Universidade de Boston implantaram eletrodos no cérebro do paciente, Eric Ramsay, que está paralisado, mas consciente há oito anos.
Os eletrodos registraram impulsos nas áreas do cérebro envolvidas na comunicação verbal.
Agora, os cientistas devem usar os sinais gerados para criar um software que traduz os pensamentos em sons.
Apesar de os dados ainda estarem sendo analisados, os pesquisadores acreditam que poderão identificar corretamente os sons que o cérebro de Ramsay estaria formulando, em 80% dos casos.

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