“Gu-gu, da-dá, da-dá, gu-gu”, disse Bianca, uma bela mocinha de 4 meses de idade, o que, numa tradução livre, quiz dizer mais ou menos: “Tenho meus direitos, ora. Quero seguir sendo amamentada exclusivamente no seio até os 6 meses de idade. E, portanto, exijo minha mãe em casa!”
(o idioma bebês – diferente do português, do inglês e do senegalês – é mais econômico no uso das palavras)
“Da-dá, da-dá”, responde o empregador à criança (sem entender, claro, que ela está contra ele na discussão). E, voltando-se para a mãe: “Sem du-dú, quer dizer, sem dúvida – essa coisa de bebês pega – acho que você tem toda razão. Pensando a coisa na perspectiva dela (aponta para Bianca, que faz que não é com ela), acho certíssimo: bebês amamentados são mais saudáveis, e precisam mesmo de suas mães em casa. Agora, pense do meu ponto de vista: haverá mães que provavelmente engravidarão todos os anos, só para gozarem do benefício dos seis meses em casa (ia falar “de papo pro ar”, mas sabiamente calou-se – Bianca, no entanto, percebeu, e mandou-lhe um cenho franzido em resposta).
“Problema seu”, ia dizer a mãe. Mas, também sabiamente (pois precisa do emprego), disse apenas: “Verdade. O que não é o meu caso. Com o João Henrique e, agora, com a Bianca, já fechei a fábrica. Pra mim, chega! Sabe como é: filho dá muito trabalho, além de muita despesa e preocupação... Nunca pensaria em ter filho apenas para faltar ao trabalho.”
“Gu...” ia dizer Bianca. Interessou-se, porém, por um mosquito enorme na parede e distraiu-se.
“Claro, claro”, concordou o empregador. “Você é uma das minhas melhores funcionárias”, arrematou, pensando: “O que não quer dizer que pestanejaria em pô-la na rua ao menor vacilo...”
Então estamos assim: todos (bebês, mães, empregadores) com sua razão. Virão os seis meses de licença (maternidade, amamentação ou o que quiserem chamar)? Será realmente bom, no final das contas? Falando em contas, quem as paga? A já rica Previdência, claro... Correremos o risco de ver os empregos para mulheres em idade fértil irem escasseando?
O tempo dirá.
Sou pediatra, tenho que ser a favor do bebê nessa história. Mas, por via das dúvidas, já ando pensando numa “secretária homem” para trabalhar no consultório...
(o idioma bebês – diferente do português, do inglês e do senegalês – é mais econômico no uso das palavras)
“Da-dá, da-dá”, responde o empregador à criança (sem entender, claro, que ela está contra ele na discussão). E, voltando-se para a mãe: “Sem du-dú, quer dizer, sem dúvida – essa coisa de bebês pega – acho que você tem toda razão. Pensando a coisa na perspectiva dela (aponta para Bianca, que faz que não é com ela), acho certíssimo: bebês amamentados são mais saudáveis, e precisam mesmo de suas mães em casa. Agora, pense do meu ponto de vista: haverá mães que provavelmente engravidarão todos os anos, só para gozarem do benefício dos seis meses em casa (ia falar “de papo pro ar”, mas sabiamente calou-se – Bianca, no entanto, percebeu, e mandou-lhe um cenho franzido em resposta).
“Problema seu”, ia dizer a mãe. Mas, também sabiamente (pois precisa do emprego), disse apenas: “Verdade. O que não é o meu caso. Com o João Henrique e, agora, com a Bianca, já fechei a fábrica. Pra mim, chega! Sabe como é: filho dá muito trabalho, além de muita despesa e preocupação... Nunca pensaria em ter filho apenas para faltar ao trabalho.”
“Gu...” ia dizer Bianca. Interessou-se, porém, por um mosquito enorme na parede e distraiu-se.
“Claro, claro”, concordou o empregador. “Você é uma das minhas melhores funcionárias”, arrematou, pensando: “O que não quer dizer que pestanejaria em pô-la na rua ao menor vacilo...”
Então estamos assim: todos (bebês, mães, empregadores) com sua razão. Virão os seis meses de licença (maternidade, amamentação ou o que quiserem chamar)? Será realmente bom, no final das contas? Falando em contas, quem as paga? A já rica Previdência, claro... Correremos o risco de ver os empregos para mulheres em idade fértil irem escasseando?
O tempo dirá.
Sou pediatra, tenho que ser a favor do bebê nessa história. Mas, por via das dúvidas, já ando pensando numa “secretária homem” para trabalhar no consultório...
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