Intrincado.
Prolongado.
Meio complicado.
Mas muito interessante.
Foi o estudo publicado em julho passado no New England Journal of Medicine sobre a importância das relações pessoais na disseminação da obesidade.
A amostra foi muito grande (mais de 38 mil pessoas entre “casos”, amigos e familiares, o que deu maior interesse e credibilidade aos resultados) e o tempo de seguimento foi muito longo (32 anos!).
O estudo mostrou que a grande influência para determinado indivíduo se tornar obeso é a amizade com alguém que foi se tornando obeso.
O curioso é que para que a obesidade do amigo se tornasse um estímulo para a obesidade do indivíduo estudado (digamos, do João) só foi importante – e muito importante – quando era o próprio João que considerava o amigo como amigo. Quando a situação era a contrária (ou seja, quando era o amigo que considerava o João seu amigo, mas não ele próprio) o efeito da obesidade do amigo (nesse caso nem tão amigo) no João era nula.
Parece óbvio: se eu te admiro e você se torna obeso, provavelmente – se a admiração chegar a esse ponto – eu também não vou ligar muito se eu também ficar obeso. Essa, aliás, parece ser a grande conclusão do estudo: a de que o grande “motivador” social – descontados efeitos genéticos - para se engordar é enxergar a gordura do outro como algo menos feio, mais naturalmente aceitável (ou até, quem sabe, invejável!).
Outra obviedade diz respeito ao sexo dos participantes: apenas amigos do mesmo sexo influenciaram as modificações no peso (amigo do homem engorda, ele vai atrás – quando é a amiga que engorda, não).
Mais uma curiosidade: a relação marital – diferentemente do que se costuma dizer - foi muito menor influência para se tornar obeso do que a amizade.
-Ah, mas e o efeito do meio, não foi o principal fator?
Vizinhos (sim, foram incluídos!) não compartilharam a tendência para engordar. Já amigos com grande distância geográfica, sim! Além do mais, a direcionalidade da influência (é apenas o que considera o amigo como amigo que engorda algum tempo depois) comprova o efeito da amizade e também fala contra a influência do meio em que ambos vivem. Não se esqueça também de que esposos – pelo menos teoricamente – compartilham muito mais ambientes de alimentação do que amigos. E estes não seguiram pelo mesmo caminho.
- Ah, mas alguns já não eram obesos (ou mostravam a tendência) antes do estudo?
Houve o cuidado de se excluir participantes nesta situação.
E veja como isso tudo parece plausível:
Quem (gordinho ou gordinha) nunca mandou às favas seu regime quando cercado dos amigos que estavam “mandando ver” na comida?
Quantos gordinhos ou gordinhas não foram várias vezes influenciados pela preguiça dos amigos quando iam malhar (“Ah, antevéspera do dia das Mães, tempo nublado, hoje não, né?”)? E manda a pipoca!
Prolongado.
Meio complicado.
Mas muito interessante.
Foi o estudo publicado em julho passado no New England Journal of Medicine sobre a importância das relações pessoais na disseminação da obesidade.
A amostra foi muito grande (mais de 38 mil pessoas entre “casos”, amigos e familiares, o que deu maior interesse e credibilidade aos resultados) e o tempo de seguimento foi muito longo (32 anos!).
O estudo mostrou que a grande influência para determinado indivíduo se tornar obeso é a amizade com alguém que foi se tornando obeso.
O curioso é que para que a obesidade do amigo se tornasse um estímulo para a obesidade do indivíduo estudado (digamos, do João) só foi importante – e muito importante – quando era o próprio João que considerava o amigo como amigo. Quando a situação era a contrária (ou seja, quando era o amigo que considerava o João seu amigo, mas não ele próprio) o efeito da obesidade do amigo (nesse caso nem tão amigo) no João era nula.
Parece óbvio: se eu te admiro e você se torna obeso, provavelmente – se a admiração chegar a esse ponto – eu também não vou ligar muito se eu também ficar obeso. Essa, aliás, parece ser a grande conclusão do estudo: a de que o grande “motivador” social – descontados efeitos genéticos - para se engordar é enxergar a gordura do outro como algo menos feio, mais naturalmente aceitável (ou até, quem sabe, invejável!).
Outra obviedade diz respeito ao sexo dos participantes: apenas amigos do mesmo sexo influenciaram as modificações no peso (amigo do homem engorda, ele vai atrás – quando é a amiga que engorda, não).
Mais uma curiosidade: a relação marital – diferentemente do que se costuma dizer - foi muito menor influência para se tornar obeso do que a amizade.
-Ah, mas e o efeito do meio, não foi o principal fator?
Vizinhos (sim, foram incluídos!) não compartilharam a tendência para engordar. Já amigos com grande distância geográfica, sim! Além do mais, a direcionalidade da influência (é apenas o que considera o amigo como amigo que engorda algum tempo depois) comprova o efeito da amizade e também fala contra a influência do meio em que ambos vivem. Não se esqueça também de que esposos – pelo menos teoricamente – compartilham muito mais ambientes de alimentação do que amigos. E estes não seguiram pelo mesmo caminho.
- Ah, mas alguns já não eram obesos (ou mostravam a tendência) antes do estudo?
Houve o cuidado de se excluir participantes nesta situação.
E veja como isso tudo parece plausível:
Quem (gordinho ou gordinha) nunca mandou às favas seu regime quando cercado dos amigos que estavam “mandando ver” na comida?
Quantos gordinhos ou gordinhas não foram várias vezes influenciados pela preguiça dos amigos quando iam malhar (“Ah, antevéspera do dia das Mães, tempo nublado, hoje não, né?”)? E manda a pipoca!
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