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9 de janeiro de 2009

Verdemais


Diferentes pessoas passando pela mesma rua vão notar coisas diferentes: um vê determinada casa, outro percebe mais a arborização do local. Outro pode não notar quase nada.
Imaginando que todos tenham boa visão, a diferença na percepção de cada um tem origem mais na capacidade de perceber (estado emocional, imersão nos próprios problemas, pressa, hábitos, etc.) do que no órgão responsável pela percepção (no caso, os olhos).
Embora muitas vezes não nos demos conta, o mesmo fenômeno ocorre em relação à dor.
Existe em cada um de nós um verdadeiro exército liliputiano de mensageiros (receptores) de dor, tentando mandar mensagens (leves, na maioria), nas 24 horas do dia: “Ei, dói aqui!”, “Ei, aqui também!”, “Ei, não esqueça que aqui dói um pouco menos, uma dor meio diferente, mas também dói!”.
Locais: na gengiva, por exemplo, por uma pequena retração. Ou no intestino grosso, pela distensão provocada por gases ou fezes. Ou, ainda, na coluna vertebral, pela sua má postura (lendo agora este pequeno texto), etc.
A percepção (o notar ou não estas pequenas mensagens) vai ser então muito diferente entre diferentes pessoas, entre diferentes estados emocionais (depressão, ansiedade, neuroses, etc.), em quem está cheio de outras idéias ou afazeres ou em quem está simplesmente “de bobeira”.
Do mesmo modo que uma maior sensibilidade ao estilo arquitetônico de determinadas casas não poder ser detectada pelos oftalmologistas (sua capacidade visual deve ser a mesma daqueles que “passam batido” pelas mesmas casas), também muitos dos que sentem dores vão apresentar vários exames (e, para alguns deles, haja exames!) absolutamente normais. Ou, o que é pior, alguns exames (se muitos forem pedidos) podem mostrar alterações que “não tem nada a ver”.
Apenas que no caso da diferença de percepção estética (ou visual), sentimo-nos conformados com o fato. Quando somos – ou estamos – mais sensíveis para as dores, temos muito mais dificuldade de nos conformar (“Não é possível, devo ter alguma coisa!”).
Nunca vi, por exemplo, ninguém solicitar tomografia do olho de quem se incomoda com a cor “demasiadamente verde” de determinada casa (pelo menos não até hoje, mas é bom não dar idéia...)

* (pra te poupar o Aurélio) Liliputiano: de Lilipute, país imaginário do romance “Viagens de Gulliver”, do escritor inglês Jonathan Swift, no qual os habitantes tinham apenas seis polegadas de altura.

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