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29 de abril de 2008

Inimiga (Até Recentemente) Oculta


Era uma vez um estômago. Oco e úmido como todo estômago deve ser.
E dentro desse estômago habitavam minúsculos seres, pequenas bactérias (ia dizer “sem incomodar ninguém”, mas isto não seria inteiramente verdade; causavam sim, pequenos incômodos: uma gastritezinha aqui, uma ulcerazinha acolá. Até um ou outro “cancerzinho” estas bactérias causavam).
Mas, até meados dos anos 1980, permaneciam elas quietas, indevassáveis na sua clandestinidade.
Até que um pesquisador (Ah, esses chatos pesquisadores!) relacionou a sua presença àquelas doenças citadas acima. Chegou mesmo – esse pesquisador, ganhador do Prêmio Nobel de Medicina de 2005 – a se infectar propositalmente para provar que essas bactérias não eram meras co-habitantes do aparelho digestivo! Estava provado: a maioria dos problemas do estômago era de causa infecciosa, provocados pela H. pylori.
Aí foi um tal de tratar todo mundo que possuía a tal bactéria.
E, surpresa: os problemas não desapareceram! Continuava-se a padecer de gastrite, úlceras e câncer de estômago.
Só então é que os cientistas e médicos, apressados nas suas conclusões, perceberam: há muita gente abrigando a bactéria nos seus estômagos. Muitas destas pessoas nunca vão ter qualquer doença. Naquelas que têm as doenças – ou mesmo naquelas que têm apenas os sintomas das doenças – talvez seja prudente realizar o tratamento para acabar com as ditas cujas, pois – na pior das hipóteses – elimina-se um dos fatores causais (bem importante, por sinal).
Obs.: levou-se mais uma década para se aprender que a infecção pela bactéria costuma acontecer na infância (provavelmente via contaminação pelas fezes), causando a maioria dos “estragos” na vida adulta e que, depois de eliminada do estômago, ela dificilmente volta a infectá-lo (reforçando o interesse no tratamento de erradicação).

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