De novo, vou pitaquear* sobre algo que não me diz muito respeito. Não pela especialidade, mas pela localização geográfica**:
Se você não mora no Rio de Janeiro e ganhasse de graça uma passagem para lá, você deixaria de ir pela ameaça da dengue?
O cantor Seal não pensou assim. Foi, estupefato – disse no show – aos lugares turísticos, com floresta e tudo. Bob Dylan também não se assustou.
Desinformação? Coragem? Acredito que não. Devem ter sido informados de forma profissional e equilibrada sobre os reais perigos da epidemia.
A dengue deixou de ser epidêmica. É endêmica (constante), agora. E por mais terrível que sejam os óbitos imputados a ela (falha de todos, de governos à população – apenas para lembrar, em quase metade das casas visitadas por agentes de saúde, estes são impedidos de entrar para o combate ao mosquito), é “apenas” mais uma doença*** das que vemos por aí. Que, claro, expõem as mazelas da saúde pública de forma mais manifesta.
Mas que não é problema maior do que a gripe (ainda mata mais do que dengue). Ou - para não falar só de doença - a violência, o alcoolismo ou o trânsito (desgraças associadas, da mesma forma endêmicas, mas que têm rendido menos ibope e vigilância).
As sutilezas da endemia:
Querem ver o enrosco da atuação pediátrica em situações de epidemia globalizada (da mídia)?
O “lado bom” da dengue: pais não mais aceitarem simplesmente um diagnóstico de “virose”.
O lado ruim (mais um) da dengue: pais não mais aceitarem simplesmente um diagnóstico de “virose”.
Perceberam?
Pois é (alguém já viu alguma criança pequena doente se queixar: “Ai, estou com uma dor nas juntas!”?).
Se você não mora no Rio de Janeiro e ganhasse de graça uma passagem para lá, você deixaria de ir pela ameaça da dengue?
O cantor Seal não pensou assim. Foi, estupefato – disse no show – aos lugares turísticos, com floresta e tudo. Bob Dylan também não se assustou.
Desinformação? Coragem? Acredito que não. Devem ter sido informados de forma profissional e equilibrada sobre os reais perigos da epidemia.
A dengue deixou de ser epidêmica. É endêmica (constante), agora. E por mais terrível que sejam os óbitos imputados a ela (falha de todos, de governos à população – apenas para lembrar, em quase metade das casas visitadas por agentes de saúde, estes são impedidos de entrar para o combate ao mosquito), é “apenas” mais uma doença*** das que vemos por aí. Que, claro, expõem as mazelas da saúde pública de forma mais manifesta.
Mas que não é problema maior do que a gripe (ainda mata mais do que dengue). Ou - para não falar só de doença - a violência, o alcoolismo ou o trânsito (desgraças associadas, da mesma forma endêmicas, mas que têm rendido menos ibope e vigilância).
As sutilezas da endemia:
Querem ver o enrosco da atuação pediátrica em situações de epidemia globalizada (da mídia)?
O “lado bom” da dengue: pais não mais aceitarem simplesmente um diagnóstico de “virose”.
O lado ruim (mais um) da dengue: pais não mais aceitarem simplesmente um diagnóstico de “virose”.
Perceberam?
Pois é (alguém já viu alguma criança pequena doente se queixar: “Ai, estou com uma dor nas juntas!”?).
* dar pitaco, meter a colher, intrometer-se onde não foi chamado
** Moro no Sul (“Sul Maravilha”, têm apelidado os mais ao norte). César Maia, prefeito do Rio, comentou, muito apropriadamente, que sua cidade só deixará de ter dengue no momento em que se tornar mais “temperada” – ou seja, nunca mais!
*** Peraí, mas – há somente 3 meses atrás – a preocupação não era com a febre amarela?
** Moro no Sul (“Sul Maravilha”, têm apelidado os mais ao norte). César Maia, prefeito do Rio, comentou, muito apropriadamente, que sua cidade só deixará de ter dengue no momento em que se tornar mais “temperada” – ou seja, nunca mais!
*** Peraí, mas – há somente 3 meses atrás – a preocupação não era com a febre amarela?
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