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30 de maio de 2008

Pura Dinamite


E a criança que vomita o remédio dado, hein? Faz o que com ela?
Normalmente, se há algum tipo de problema com a criança é a bronca com o remédio pelo que ele significa: gosto ruim, imposição da vontade dos pais, o mau humor pelo fato de estar doente, etc.
E em muitas destas crianças, os pais se comportam mais ou menos como o cara responsável por dinamitar túneis, sabe como é?
Ninguém que executa este tipo de trabalho acende o estopim e sai com ar blasé. O sujeito sai em disparada e já fazendo careta (pelo menos os menos experientes), esperando pelo pior.
Agora imagina a espertinha da criança filha destes pais. Ela vê a atitude medrosa, pouco firme, como uma licença para “mandar bomba”.
Embora às vezes possamos negociar medicações mais palatáveis ou formas alternativas de administração, haverá situações em que teremos que mostrar quem é que manda neste “estabelecimento comercial” (bodega)!
Para os que compreendem, explica-se. Não é suficiente, algumas vezes se barganha. Ainda insuficiente? Manda-se! Com firmeza (sem agressão).
Agora...
E para os pais que nos dizem que não sabem quanto o filho teve de febre porque os mesmos não deixaram medir a temperatura?
Ah, daí só chamando a polícia (já que não há nenhuma “otoridade” no local...)!

27 de maio de 2008

Bocabaixo


A endocardite infecciosa (ou bacteriana) é uma doença potencialmente grave e de diagnóstico difícil na maioria das vezes.
Por este motivo, dentistas e seus pacientes há anos pelam-se de medo ao deixarem de fazer a tal da profilaxia (uso de antibiótico previamente ao procedimento dentário).
Porém, no final do ano passado a AHA (American Heart Association, órgão americano que criou originalmente o embrólio e não o revisava à luz da ciência há mais de uma década) publicou novas normas:
Só se justifica usar antibiótico (amoxicilina 2g ou cefalexina na mesma dosagem via oral ou 50mg/kg em crianças antes ou até 2 horas após o procedimento, independente da intensidade) em casos de problemas cardíacos mais sérios (como próteses valvulares, doenças congênitas cianóticas, transplantados cardíacos, cirurgia cardíaca recente e endocardite prévia).
Prolapso mitral? Doença cardíaca reumática? Doenças congênitas sem cianose? Nem pensar! Embora estas condições sejam de maior risco reconhecido para endocardite, não há nenhuma evidência científica de que o uso de antibióticos auxilie na prevenção. Estão, então, fora da lista agora (são justamente a maioria dos que faziam a profilaxia).
* Outro conhecimento atualmente solidificado é o de que quando fazemos coisas tão triviais quanto mastigar, escovar os dentes ou usar fio dental estamos muitas vezes mandando bichinhos super-poderosos da cavidade oral pelo ralo da vasculatura que parte da boca em direção ao coração. Por isto, muito mais importante do que uso de antibiótico é a manutenção da saúde bucal rigorosamente em dia.

Dilema do Tanquinho

Por que será que a pança
É a última que some
Por mais que você corra
(Assim como a esperança,
Que é a última que morre
Ainda que ela morra)?

23 de maio de 2008

Na Íntegra


Foi por medida de economia de espaço, mas a frase que era para ter sido originalmente escrita nas propagandas de medicamentos era a seguinte:

Ao tomar, a seu bel-prazer ou por indicação de sua querida comadre – que, embora querida, pode, por qualquer que seja o motivo, estar desejando seu fim - este ou qualquer outro medicamento, sozinho ou acompanhado (o remédio, não você), e, ao persistirem (ou piorarem muito) os sintomas (ou novos aparecerem), caso ainda esteja devidamente vivo (a), aí – e somente aí – o médico deve ser consultado”.

20 de maio de 2008

Menst Sana


“Se você, minha filha, não queria incômodos com ciclos, períodos, fases e sangramentos deveria ter pedido para ter nascido homem...”

A pressão da indústria já fez com que mães modernosas das décadas de 1950 e 1960 deixassem de amamentar seus filhos porque era “chique” dar leite enlatado (até hoje muitas acham que leite enlatado não vem da vaca!).
A nova onda é: parar de menstruar!
Menstruar pra quê, se podemos abolir quase de vez essa perda sangüínea com medicamentos a baixo custo?
Acontece que – como lembra editorial recente do BMJ (British Medical Journal) – os argumentos contra a inconveniente menstruação não convencem.
Dentre outras falácias, citam as mulheres de tempos antigos que pouco menstruavam por estarem sempre parindo ou amamentando seus filhos. Espera! Há quanto tempo existem conventos? Não havia mulheres “solteiras” - nem as tão pouco atraentes que nem mesmo engravidavam - na antiguidade? Por outro lado, há quanto tempo se toma “remédio” para parar de menstruar? É seguro no longo prazo?
O ciclo menstrual é, antes de tudo, um excelente termômetro sobre a saúde endócrina da mulher. Menstruação excessiva ou ausente (ou a mudança dos seus padrões) chamam a atenção para a possibilidade de que algo deva estar errado com a saúde feminina.

16 de maio de 2008

Prasparedes


Quando se trata duma boa relação médico-paciente, nada melhor - para ambos - do que duas pequenas coisinhas:
1) paciente esclarecido (informado – claro que não precisa ser um expert, basta estar aberto ao conhecimento), e
2) interessado no seu próprio tratamento
Este último detalhe parece óbvio, mas não é. Nada pior para um médico que se interessa por você e pelo seu problema notar que fala para as paredes. Que ele dá a você a atenção que você parece não merecer.
É claro que estas coisas são interligadas (melhor educação, maior interesse, normalmente). É claro também que a formação médica pressupõe o conhecimento para a lida com pessoas de menor nível social e educacional - menos esclarecidas.
A ênfase aqui é:
O quanto é bom perceber a motivação, o interesse do paciente para com ele mesmo ou seus familiares.
O quanto é ruim e desanimador ser técnico de um time que joga pra perder. E o contrário, é verdadeiro?
Mais ainda!
Acontece todos os dias. O paciente vem cheio de expectativa com a atuação, com o ânimo do médico em atendê-lo e... aquela geladeira! (talvez por isso agora as geladeiras não estejam mais se vestindo de branco).

Obs.: isto não é - como pode parecer - um desabafo fatigado, um enfado. É mais, antes e propriamente, um abafo fagueiro (falácia?).

13 de maio de 2008

O K.O. do H2O


Quanto de água se deve consumir por dia? No adulto, cerca de 8 copos, certo?
Cocô de touro, como diriam os americanos (bullshit, bobagem!).
Água, como tudo que é demais, também pode fazer mal. Como mostra reportagem do Diet-blog, mesmo em corredores de maratona há risco da chamada hiponatremia (diluição excessiva do sódio orgânico).
Qualquer alimento que ingerimos tem água. E mesmo nos alimentos sólidos, nosso organismo busca retirar a umidade diária requerida.
Um problema dos tempos modernos, entretanto, é o exagero – principalmente das crianças – no consumo de líquidos ricos em carboidratos.
Carboidratos (glicose, frutose e outras “oses”, bem como o sódio) são - o que aprendemos na escola – solutos. E solutos, por definição, precisam de solvente (água) para serem diluídos.
Por isso, em crianças que tomam muito suquinho, aguinha de coco, refris, etc., a necessidade de água passa a ser maior. E quando – ao invés de ser ofertada água – se oferece mais suquinho, aguinha de coco, refris, etc., o volume de “calorias vazias” (pouco nutritivas) se torna exagerado.
Então, qual a quantidade de água diária necessária?
Pergunte pra “alguém” que costuma saber exatamente o quanto:
Sua sede.

9 de maio de 2008

Demasiada Perfeição


O consultor Max Gehringer comentou no Fantástico que candidatos a empregos, quando questionados sobre seu principal defeito, costumam citar o perfeccionismo.
Por que?
Porque querem dar a impressão de que até os defeitos são como qualidades.
Acontece que o perfeccionismo é sim – embora possa não parecer – um defeito. E dos grandes.
E é justamente esta característica – a obstinada busca pela impossível perfeição – que define um chamado transtorno de personalidade, o transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo (este transtorno de personalidade não é a mesma coisa que o “mais famoso” TOC – transtorno obsessivo-compulsivo, o que causa muita confusão, ainda que ambos possam estar presentes na mesma pessoa).
São suas características mais comuns:
□ a inflexibilidade (ou teimosia)
□ o excesso de “manias”
□ o excesso de culpas
□ o incômodo com a demonstração de emoções por parte dos outros
□ o freqüente “escaneamento” dos ambientes e pessoas ao redor
□ a admiração das autoridades que são reconhecidas pelo paciente e o desprezo pelas não reconhecidas (por ele)
□ o melindre, a fácil ofensa com pequenas mentiras ou atitudes dos outros
□ a retração social (poucos amigos)
□ a “escorregada” fácil para atos compulsivos (comidas, drogas, bebidas, sexo, etc.)
□ a freqüente visualização do pior cenário possível para muitas situações (sofrimento antecipado)
□ a ocasional impulsividade
□ a sensação de ser “o pior dos caras” quando para algumas pessoas se é “o cara”
□ a avareza (pela preocupação excessiva com o futuro)
□ a obstinação* (também responsável pelo descuido com as relações pessoais e familiares) *Ei! Obstipação é outra coisa!
□ o querer saber de tudo (motivo pelo qual pessoas com este tipo de transtorno são resistentes ao uso de medicações – querem saber mais do que o médico que as prescreve!)
□ o envolvimento com pessoas com as quais possa ter uma relação de dominação ou controle
□ o gostar de muito queijo na goiabada (Ops! Isso não tem nada a ver!)
Mesmo sem a intensidade do transtorno bipolar ou a paralisia representada por quadros mais severos de depressão, ainda assim pessoas com TPOC costumam ter grandes dificuldades familiares e profissionais.
Saber sobre o problema, entretanto (tanto os que sofrem do transtorno quanto familiares e amigos), já costuma ser um grande passo para a melhora. Há, infelizmente, parca literatura a respeito (em inglês há um excelente livro chamado “Too Perfect”, do psiquiatra Allan E. Mallinger, detalhando características e tratamento da condição).

6 de maio de 2008

É Muto Ácalo


Não que você vá dar pro seu filho em crise asmática um ursinho de pelúcia para ele ficar inspirando a noite toda.
Mas um estudo sistemático (compilação de outros estudos) recente mostrou que o trabalho hercúleo – e caro – de tentar se livrar dos ácaros (os grandes vilões das doenças alérgicas) é infrutífera, e provavelmente até ingênua.
Por que?
Além da não comprovação clínica da melhora dos asmáticos quando se tenta de todo jeito eliminá-los (os ácaros, não os asmáticos!), há ainda a questão da impossibilidade.
É como querer propor guerra contra a China. Não dá, é muita gente!
Ácaros se alimentam da nossa pele (que compõe cerca de 80% das partículas em suspensão que vemos quando um raio de sol adentra ao quarto). É um verdadeiro exército de horripilantes criaturas coabitando nossos travesseiros, colchões, cobertas. Não são eles os alérgenos diretos, mas seus cocôs e restos mortais.
Medidas como a aspiração freqüente do quarto, a eliminação de tapetes e carpetes e a desumidificação ajudam a diminuir a população de ácaros e a tornar o ambiente “mais saudável”, mas ainda assim os alérgenos vão continuar ali. E em grande quantidade, não há solução definitiva.
Doenças alérgicas dependem de muitos outros fatores para o controle, inclusive o emocional. Como em outras doenças, algumas vezes o que vale mais é menos stress!