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9 de maio de 2008

Demasiada Perfeição


O consultor Max Gehringer comentou no Fantástico que candidatos a empregos, quando questionados sobre seu principal defeito, costumam citar o perfeccionismo.
Por que?
Porque querem dar a impressão de que até os defeitos são como qualidades.
Acontece que o perfeccionismo é sim – embora possa não parecer – um defeito. E dos grandes.
E é justamente esta característica – a obstinada busca pela impossível perfeição – que define um chamado transtorno de personalidade, o transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo (este transtorno de personalidade não é a mesma coisa que o “mais famoso” TOC – transtorno obsessivo-compulsivo, o que causa muita confusão, ainda que ambos possam estar presentes na mesma pessoa).
São suas características mais comuns:
□ a inflexibilidade (ou teimosia)
□ o excesso de “manias”
□ o excesso de culpas
□ o incômodo com a demonstração de emoções por parte dos outros
□ o freqüente “escaneamento” dos ambientes e pessoas ao redor
□ a admiração das autoridades que são reconhecidas pelo paciente e o desprezo pelas não reconhecidas (por ele)
□ o melindre, a fácil ofensa com pequenas mentiras ou atitudes dos outros
□ a retração social (poucos amigos)
□ a “escorregada” fácil para atos compulsivos (comidas, drogas, bebidas, sexo, etc.)
□ a freqüente visualização do pior cenário possível para muitas situações (sofrimento antecipado)
□ a ocasional impulsividade
□ a sensação de ser “o pior dos caras” quando para algumas pessoas se é “o cara”
□ a avareza (pela preocupação excessiva com o futuro)
□ a obstinação* (também responsável pelo descuido com as relações pessoais e familiares) *Ei! Obstipação é outra coisa!
□ o querer saber de tudo (motivo pelo qual pessoas com este tipo de transtorno são resistentes ao uso de medicações – querem saber mais do que o médico que as prescreve!)
□ o envolvimento com pessoas com as quais possa ter uma relação de dominação ou controle
□ o gostar de muito queijo na goiabada (Ops! Isso não tem nada a ver!)
Mesmo sem a intensidade do transtorno bipolar ou a paralisia representada por quadros mais severos de depressão, ainda assim pessoas com TPOC costumam ter grandes dificuldades familiares e profissionais.
Saber sobre o problema, entretanto (tanto os que sofrem do transtorno quanto familiares e amigos), já costuma ser um grande passo para a melhora. Há, infelizmente, parca literatura a respeito (em inglês há um excelente livro chamado “Too Perfect”, do psiquiatra Allan E. Mallinger, detalhando características e tratamento da condição).

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