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7 de dezembro de 2007

Duras Penas


(-Você recebeu um "male"! - "macho", pronúncia semelhante a "mail" - um sinal inequívoco de que seu médico passa muito tempo "online")


Alguns podem argumentar que uma prova - justamente - não prova nada.
Não quero cuspir no prato que como (nem ser o roto que fala do rasgado), mas faz pensar o crescente índice de reprovação (deu no JN, ontem) na prova de avaliação do Conselho dos sextanistas do curso de Medicina do Estado de São Paulo.
Por que?
Primeiro porque a reprovação tem sido exatamente crescente (assustadores 56% nesta última). Ou seja, ou a prova tem se tornado cada vez mais difícil, ou o nível dos estudantes tem piorado a cada ano (tudo bem, são só três anos de realização da prova...).
Segundo, porque o que se está testando é o nível de conhecimentos dos médicos do estado mais rico, mais aparelhado, maior concentrador de cérebros e com as melhores escolas (é inevitável a reflexão: imagina o pior...).
Terceiro, porque “Siqueira ou não”, estudantes do curso de Medicina – mormente os que concluem o curso – são parte da elite intelectual – como diz determinado presidentedesse país.
Mais estarrecedor é o fato dos que se submeteram à prova terem sido supostamente a parcela que se considerava melhor preparada, visto que a mesma não era obrigatória nem pré-requisito à atuação profissional.
Convivi com colega que - há mais de vinte anos – cravava palavras como “ingessão”, dentre outras pérolas, nas provas escritas da faculdade (não virou ortopedista, nem – felizmente – lê meu blog, mas ainda atua normalmente). Convivo com outros que confessam que “detestam ler” (um deles, profissional respeitado, me disse: “Aquelas palavras ali, me dão um sono...”).
Não acredito que médicos devam ser seres como o que apareceu num filme antigo – cujo nome infelizmente não recordo - que em cada cena que aparecia (no banheiro, na banheira, na cama ao lado da esposa carente, no jantar, etc.) estava estudando, se atualizando, como uma peça sinistra da decoração da casa.
Acho, no entanto, que pessoalmente me sentiria mais tranqüilo com um profissional mais parecido com esse a cuidar de mim do que alguém que conta letrinhas pra pegar no sono (ainda que, claro, conhecimento técnico seja apenas um dos atributos do bom profissional).

Anabola da Vez

-E aí, Rebeca, confessa, anda dando um tapa numa nandro...
-Não, mas não me custava nada dar uma bifa num malandro!

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