Uma pergunta que me faço muito nestes últimos anos é a seguinte:
“Qual o grande desejo material que as crianças com alguma condição financeira têm hoje em dia e pelo qual vão ter que ansiar (esperar) para ser realizado?”
Foi um dos temas da interessante palestra “O Desejo e Sua Formação”, proferida pelo psicólogo e psicoterapeuta infantil, professor da PUC do Paraná Ivan Capelatto na TV Cultura, na noite de domingo passada.
Parte da palestra pode ser conferida na entrevista com ele no site da Gazeta do Cambuí, de Campinas.
Embora possam conferir a original, quero ressaltar (ou retocar levemente, ainda que não autorizado) alguns trechos da mesma entrevista:
“Como o acesso aos bens de consumo tem sido fácil, a sociedade moderna tenta fazer o mesmo com as relações afetivas, procurando torná-las mais rápidas, descartáveis - como os próprios bens de consumo”.
“A realização dos desejos precisa de paciência, de luta, de espera por um momento especial que deve chegar. As relações humanas também precisam do tempo, da mágica das interações, e mesmo das brigas”... “Ao optarmos por relacionamentos fáceis - que muitas vezes prescindem do contato real, como as relações mantidas pela Internet – sentimo-nos progressivamente impotentes emocionalmente, vazios. Tornamos-nos desorientados no desejo, sem nem mesmo saber o que desejar”.
“Hoje as pessoas (não-lúcidas) temem muito a solidão, a rejeição: não ser forte fisicamente, não ser belo, não ter uma grande quantidade de bens materiais. Para compensar esse medo, tornam-se compulsivas pelo prazer imediato: pelas drogas, pelo álcool, pelo sexo, pelo vandalismo, pela velocidade, pelo som alto, etc”.
“Não temos mais o desejo de uma missão na vida, de um vínculo verdadeiro fora de nós. Somos narcisistas, o que nos torna desumanos na maneira de sentir, de desejar”.
-Quem vive mais relações virtuais do que reais teme vínculos verdadeiros?
“Não. Na verdade, não acredita mais nestes vínculos. Seja por ter sofrido em experiências próprias, seja por ter visto exemplos ou pelo combate que hoje em dia a mídia faz a estes vínculos.”
Como arremate, disse o psicólogo:
“O consumo na sociedade atual é uma resposta desesperada para a ausência dos reais desejos. São tentativas de sentir prazer e felicidade que duram minutos. Se nossa sociedade não parar para pensar no que estamos fazendo acontecer na cabecinha de nossos jovens e crianças, criaremos um mundo de seres narcísicos, que vão se digladiar constantemente. E já não estamos vendo isso?”
“Qual o grande desejo material que as crianças com alguma condição financeira têm hoje em dia e pelo qual vão ter que ansiar (esperar) para ser realizado?”
Foi um dos temas da interessante palestra “O Desejo e Sua Formação”, proferida pelo psicólogo e psicoterapeuta infantil, professor da PUC do Paraná Ivan Capelatto na TV Cultura, na noite de domingo passada.
Parte da palestra pode ser conferida na entrevista com ele no site da Gazeta do Cambuí, de Campinas.
Embora possam conferir a original, quero ressaltar (ou retocar levemente, ainda que não autorizado) alguns trechos da mesma entrevista:
“Como o acesso aos bens de consumo tem sido fácil, a sociedade moderna tenta fazer o mesmo com as relações afetivas, procurando torná-las mais rápidas, descartáveis - como os próprios bens de consumo”.
“A realização dos desejos precisa de paciência, de luta, de espera por um momento especial que deve chegar. As relações humanas também precisam do tempo, da mágica das interações, e mesmo das brigas”... “Ao optarmos por relacionamentos fáceis - que muitas vezes prescindem do contato real, como as relações mantidas pela Internet – sentimo-nos progressivamente impotentes emocionalmente, vazios. Tornamos-nos desorientados no desejo, sem nem mesmo saber o que desejar”.
“Hoje as pessoas (não-lúcidas) temem muito a solidão, a rejeição: não ser forte fisicamente, não ser belo, não ter uma grande quantidade de bens materiais. Para compensar esse medo, tornam-se compulsivas pelo prazer imediato: pelas drogas, pelo álcool, pelo sexo, pelo vandalismo, pela velocidade, pelo som alto, etc”.
“Não temos mais o desejo de uma missão na vida, de um vínculo verdadeiro fora de nós. Somos narcisistas, o que nos torna desumanos na maneira de sentir, de desejar”.
-Quem vive mais relações virtuais do que reais teme vínculos verdadeiros?
“Não. Na verdade, não acredita mais nestes vínculos. Seja por ter sofrido em experiências próprias, seja por ter visto exemplos ou pelo combate que hoje em dia a mídia faz a estes vínculos.”
Como arremate, disse o psicólogo:
“O consumo na sociedade atual é uma resposta desesperada para a ausência dos reais desejos. São tentativas de sentir prazer e felicidade que duram minutos. Se nossa sociedade não parar para pensar no que estamos fazendo acontecer na cabecinha de nossos jovens e crianças, criaremos um mundo de seres narcísicos, que vão se digladiar constantemente. E já não estamos vendo isso?”
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