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8 de setembro de 2006

Cidade


Observo da janela do meu apartamento uma cidade inteira desenhada com giz colorido no cimento cru da entrada da garagem da casa ao lado. Projeto da autoria de três ou quatro meninas da faixa dos 7 a 8 anos, creio.
Há na cidade:
Três (isso mesmo, três!) pet-shops. Um para cada uma das meninas, ao que parece, pois cada um tem um nome feminino na placa desenhada.
Várias vagas de estacionamento (onde se lê vários: “reservado”).
Um intrincado sistema viário.
Três casas, sendo que apenas uma mansão (no centro da qual está uma enorme cama, próximo a um sofá – sei que é um sofá, pois está escrito que é um).
Bosques recheados com árvores por todos os lados. Talvez haja um mar por ali, visto que há ondas em giz azul.
E, me parece que seja o item principal, um parquinho, bem na entrada da cidade onde está escrito: Bem Vindo (sem hífen, pra que serve um hífen, afinal de contas?).
É isso: são todos, a princípio, bem-vindos ali.
Fiquei, então, imaginando onde faria compras. Poderia passar algum tempo a base de ração. E se ficasse doente? Claro, remédios, agulhas e seringas não devem faltar num pet-shop. Cabeleireiro, também (vejo muito poodles com cortes im-pe-cá-veis).
Um projeto acabado de urbanismo. Ao custo módico de algumas barras de giz. Uma cidade tão perfeita quanto efêmera. Ruirá à primeira chuva mais forte. Ou com as marcas de pneus.
Ou, ainda mais tragicamente, com a perda da inocência das arquitetas.

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