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6 de setembro de 2016

Eterno Enquanto Durmo


É esse curtíssimo espaço de tempo vivo que nos cria a sensação da nossa ridícula eternidade.
A diferença entre o dormir e o morrer é apenas a perspectiva de acordar para viver coisas novas, e minimamente interessantes. Em outras palavras, a angústia de quem está morrendo é a angústia da ausência do novo dia. É muito próxima à angústia de quem sabe ter alguma doença incurável.
Curiosamente, no entanto, todos nós temos "alguma doença incurável", que mais cedo ou mais tarde se revelará. Se, então, pensarmos que a diferença entre o bebê e o idoso é ilusória, de alguns segundos (relativamente à história da humanidade como um todo ou, mais especificamente, à eternidade), deveríamos todos dormir angustiados, com a perspectiva do fim. 
Como disse, não pensamos habitualmente assim. Apenas intuímos. É isso o que cria a alternância maluca do "viver tudo já" com o ritmo lento de quando nos cremos eternos, a oscilação entre o criar, o cuidar, o legar e o usar, o abusar, e o negligenciar. 
Atingir o centenário é uma perspectiva recente. Com um terço disso, o homem ainda assim sentia-se estranhamente eterno. Ou, o que pode ser estranho, sentia-se mais eterno do que hoje. Talvez porque pressentisse a sua eternidade fora, e não dentro dele.