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13 de janeiro de 2015

Nossos Senhores "Aparecidos" (Je Ne Suis Pas Charlie Non Plus)


Todo mundo gosta de aparecer. Não fosse assim, Mark Zuckerberg (Facebook, um contínuo desfile de caras e bocas) não estaria caminhando para ser mais milionário que Bill Gates (Microsoft, "apenas" o cérebro dos computadores), e o posterior sucesso do Insta prova que o que se mostra é mesmo mais importante do que o que se tem dentro - pelo menos no curto prazo.
Tresloucados raivosos empunhando armas servem a qualquer causa, desde que rendam a esses infelizes fotos em jornais. São dois momentos de muita mídia: na sua procura e no seu abate. E a causa "religiosa"* ou a causa política, claro, só acrescenta às suas glórias. 
São gente que não se sobressai em outra área, resta-lhes a violência.
Não são, na essência, diferentes de pobres idiotas que vão a estádios de futebol empunhando barras de ferro.
Não são, também, gente com menos intenção de aparecer do que motoqueiros barulhentos. Ou pichadores. Ou gente que bebe até cair na sarjeta, até causar um acidente, até virar a atração da noite. 
Todos queremos viver o nosso momento. Uns com mais desespero do que outros. Uns matando. Outros até se matando, literalmente.

* A religião muçulmana na Europa é a religião da periferia, dos excluídos (assim como a evangélica no Brasil). Não é melhor nem pior, é apenas mais uma. E a exclusão, a sensação de não fazer parte da(s) festa(s) atiça sentimentos raivosos, principalmente nos jovens. É a inversão do "se você não pode combatê-los, una-se a eles". As próprias crenças fundamentalistas do Oriente Médio prosperaram no vácuo das políticas públicas, da atenção às necessidades básicas do seu povo.
Por mais que eu goste do humor escrachado (e acho, claro, que deve mesmo existir - não gosta, não veja) entendo que ofende muita gente. Não vai ser "sendo Charlie" que o "Ocidente" vai resolver a questão do terrorismo, da violência que tem sido vítima. O jovem muçulmano (assim como os seus países, assim como os jovens de qualquer periferia) tem que ser incluído, convidado a participar da "festa", e não ser odiado ou escrachado. 
A respeito, leia a opinião (que eu assino embaixo) do ex-padre Leonardo, o Bofe (brincadeirinha!).


Cançãozinha ouvida na manifestação de domingo, em Paris (que como em toda multidão, teve de tudo, do radicalismo anti-árabe ao "paz e amor" da boca pra fora):

"Je suis un jihadiste
J'adore ma tête dans lés journaux 
Dès q'un avion touche la piste
C'est que j'ai fait mal mon boulot"

("Eu sou um radical jihadista
Adoro meu retrato nos jornais
Sempre que um avião alcança a pista


É porque fiz mal o meu trabalho")