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17 de abril de 2009

A Indústria da Hipocondria (Carta Aberta aos Neuróticos)


Imagine que você, uma pessoa saudável, durante um exame de rotina, descobre que tem apenas mais dois anos de vida:
Você:
a) viverá os próximos dois anos plácida e sabiamente, contemplando jardins e entardeceres, revendo relações, aproveitando cada minuto do resto da sua vida
ou
b) perderá o restante das noites de sono, angustiado, preocupando-se com seu calvário daqui pra frente.
O que te parece? Você está mais para a resposta (a) ou (b)? E a humanidade como um todo (pelo menos os que têm um razoável acesso aos sistemas de saúde)?
Eu sou inclinado a imaginar que a grande maioria (honestamente, ou na prática) responderia a letra (b) – ou, na melhor hipótese, uma combinação das duas respostas.
Pois então. A resposta a esta pergunta deveria nortear a ação de médicos e – principalmente – pacientes nas suas visitas aos consultórios médicos.
A “indústria do check-up” está aí para ficar. Com seus escusos interesses a nos ditar normas de prevenção e tratamentos em saúde.
Obedecemo-la quase cegamente.
Poucos (ainda) têm tido a ousadia/visão/independência para questioná-la.
Muitos dos tratamentos precoces, milagrosos, salvadores que vimos e ouvimos por aí não são tão bem assim.
Para dar poucos exemplos, pipocam na mídia médica notícias de tumores cancerígenos que involuem sem tratamento, de oclusões coronarianas que não influenciariam a vida dos seus portadores, de hipercolesterolêmicos que estariam muito bem sem conferir seus níveis semestralmente.
Alguns destes iriam adoecer, morrer?
Mas claro!
Mas possivelmente numa sociedade mais feliz, menos hipocondríaca, deixando de repassar vultuosos recursos à indústria médica, menos alienada do que realmente importa.

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