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12 de dezembro de 2008

Pés No Chão

Num país composto majoritariamente por analfabetos (funcionais ou não), aculturados, preguiçosos intelectuais e telespectadores preferenciais (mas tá melhorando, devagarinho tá melhorando...), imagina a dificuldade de se fazer compreender.
Acontece conosco, médicos, como acontece em várias outras áreas.
O busílis é que muitas das vezes nem nos damos conta de que não estamos sendo compreendidos (ou, algumas vezes pior, estamos sendo mal compreendidos).
Quando, ainda por cima, os assuntos médicos mexem com a esfera íntima, sexual, então, aí a coisa fica feia.
Rótulo de sabonete íntimo, por exemplo. Tá lá no modo de usar (claro, é bom se certificar do modo de usar): aplique na região genital externa...
Cuma?
“Região genital externa”? Isso fica onde, minha filha?
Nunca me esqueço dum episódio ilustrativo do nosso abismo cultural no tempo de faculdade.
Durante a aula prática da matéria Sexualidade Humana (é, tinha aula prática disso, mas não era, como a princípio pensávamos, nenhuma sacanagem), uma de minhas colegas, algo pudica aparentemente, pergunta para a simplória paciente:
-Quantas vezes a senhora faz amor por semana?
-Como?
-Amor. Faz quantas vezes por semana?
-Hein?
A aluna olha para os lados, meio envergonhada.
-Quantas vezes a senhora transa por semana?
-Como assim?
Inconformada com o alheamento da pobre paciente, ela manda:
-Trepa, minha senhora! Manda ver, dá uma raquetada, espanta a coelhinha!...

(liberdade de imprensa é isso: qualquer coisa que eu escreva pra esse blog, o pessoal do conselho editorial aceita!)

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