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10 de fevereiro de 2017

Faz Mar Cia.


Preciso confessar que eu meio que odeio farmácia. Principalmente as farmácias atuais.
Primeiro preciso explicar que a visão que o médico tem de farmácia é sempre algo diferente do leigo.
Mais ou menos como um padre enxerga uma igreja. Ou mais propriamente um cemitério. 
Mais: mesmo como médico, tenho uma visão muito mais crítica - ou menos neutra - do que muitos colegas.
O que me irrita é o absoluto e descarado mercantilismo. É a coisa do entrar na farmácia como quem entra num shopping center. É a imagem sacra do vendedor (que, aliás, hoje se encontra mesmo em lojas de colchões, e até mesmo em algumas lojas de sapato; aparentemente cara de médico, roupa de médico, vende). É a ideia de que ali se tem a solução para todos os tipos de problemas. 
Onde moro sou circundado de farmácias. Vejo a disputa palmo a palmo pelo cliente. No grito, literalmente, com seus microfones e aparelhos de som na calçada. Balões na porta, cores berrantes. "Venham, doentes!". "Aqui sua diabete vai se sentir em casa!". "Hipertenso, renal, somos seus melhores amigos!". 
As farmácias são, no Brasil, a face feliz do pobre paciente desassistido, daquele que busca a solução rápida, o curto-circuito entre a doença e o remédio, sem precisar passar pelo médico. Prospera na falha do estado, e se associa com este, na geração de impostos, na maracutaia do remédio popular. Parece cumprir a função não só do médico, mas do psicólogo, do educador físico, e até mesmo do professor.

Saudade do tempo das bibliotecas...