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29 de abril de 2014

Engordando Vacas Magras


Um estudo de compilação de casos deste mês confirma o que víamos em tempos de vacas mais magras na nossa região:
Crianças com más condições sociais, ao serem tratadas com antibióticos - seja por que motivo for - ganham mais peso e inclusive crescem mais.
Resultado provável do tratamento de infecções mais ou menos visíveis (muitas vezes infecções que o próprio estudo chama de subclínicas, aquelas que não se mostram de forma declarada nos sinais e sintomas).
É a polêmica estratégia usada na indústria pecuária: dá-se antibióticos para o rebanho para se garantir que as pequenas ou grandes infecções não interfiram com um rápido crescimento - e ulterior abate.
Tudo muito bonito se a natureza não cobrasse a conta.
Na forma de germes resistentes (individualmente e na comunidade).
Nas alterações metabólicas que uma alteração de flora bacteriana engendra (de forma muitas vezes definitiva).
Na qualidade desse ganho de peso (que numa ave pode apenas significar uma coxa mais tenra aos nossos dentes).
Nas consequências de longo prazo que estudos como esse não conseguem prever (câncer é um efeito possível/provável...).


O triplo C sempre funciona melhor: comida, carinho e condições sanitárias, para um crescimento adequado. 

25 de abril de 2014

Péssima Idéia


No quadro Jardim Urgente, do ótimo programa Tá no Ar, humorístico recém-nascido da TV Globo, o apresentador sensacionalista faz um jabá de um suposto medicamento com efeitos milagrosos: o RivoKids.
RivoKids, um "Rivotril para bebês" calaria as boquinhas daquelas crianças bocudas e agitadas, que não deixam suas mães nem mesmo dormirem em paz.
Santo remédio. Se existisse, claro.
Mas - dirá você - que idéia absurda (e justamente por isso engraçada): dopar uma pequena criança para que "pare de incomodar".
Como toda comédia, o quadro se baseou em alguma realidade: pais realmente pedem para que os pediatras prescrevam algum "calmantezinho" para suas crias - mesmo aquelas com poucos meses de vida.
Além disso, esse "Rivokids" já meio que existiu. O falecido (aqui, porque no mercado americano - e no mercado negro da Internet - ainda existe) Piptalake tinha exatamente esse efeito nas crianças com as chamadas "cólicas": um barbitúrico em baixa dosagem dopava as criaturas barulhentas, proporcionando felizes horas de sono para mães e crianças!
É melhor não dar idéia, gente!  

22 de abril de 2014

Máquina


Quanto um pequeno bebê raciocina?
Mais do que costumamos imaginar.
Menos do que gostaríamos, às vezes.
Tanto quanto um animal doméstico esperto.
Mais ou menos como o input (recebimento de dados) de um bom computador, mas com pouco output (resultado do tratamento dos dados).
Mais a cada dia - ou minuto.

18 de abril de 2014

Decepcionante


Quase todo dia a pergunta:
"Se tem febre é porque tem infecção, não é?"
Quase sempre é.
A partir daí, os necessários - imprescindíveis, ainda que meio cansativos - esclarecimentos:
O que é que você entende por "infecção"?
Se você, como a grande maioria, considera infecção a necessidade de antibióticos, está redondamente enganado(a).
Vírus não dão bola para antibióticos. Essa conversa de amoxicilinas e etc. não é com eles. Ainda que as complicações das doenças provocadas por vírus melhorem, aí sim, com seu uso, mas... valem os riscos?
Em crianças, principalmente as pequenas, os vírus são de longe os agentes mais comumente causadores de doenças febris. Portanto, nada de antibiótico!
As infecções por vírus, ainda que muito mais frequentes, não têm grande "ibope" com os pacientes ou seus pais.
E por que?
Dentre outros motivos, penso que porque tenhamos a tendência de achar um culpado para o banco dos réus a qualquer preço. É muito mais elegante comentarmos no trabalho que estamos com uma traqueobronquite ou uma sinusite (identificando um local que está doente), principalmente se tiver complemento (crônica, estridulosa, maxilar, etc.) do que uma "gripe" (em inglês, mais decepcionante ainda: flu!)
Mais ou menos como quando perguntam seu nome:
Muito melhor: Ernestino de Almeida Van Reistchkof do que "João", ponto!
Não tem status, percebe?
Mas não adianta: 
Crianças têm mesmo a toda hora é: resfriado. Gripe. Quer mais bonito? Faringite viral (uma simples e autolimitada inflamaçãozinha na garganta de origem viral)! No máximo: estomatite (Adivinha? Viral!). 
Na grande maioria coisa que faz o pediatra economizar papel (da receita).
Decepcionante! 

15 de abril de 2014

Um Nada Incômodo


"Bola que sobe e desce na garganta", falta de ar sem causa evidente, dores abdominais, náusea...
Há muitos sintomas que apenas pelas características descritas pelo paciente e por alguma conversa, já se pode perceber que não são devidos a causas físicas, orgânicas. Não são propriamente doença.
Mas estão lá! Incomodando, muito presentes para quem os sente.
Não se trata, então, de desfazê-los, de menosprezá-los, de se dizer (como os próprios parentes o fazem): "Então não é nada!".
Precisam de atenção sem focar em exames excessivos, com mais seguimento, observação do que medicamento, na maioria dos casos.
Ocorre é que nem todo mundo compreende ou "é feito" para este tipo de conduta. Some-se a isso o modismo dos exames para tudo, até que se descubra a "real" causa...
Também na medicina o real pode ser ilusório. E assim como no direito, um inocente (causa aparente) pode pagar pelo que não fez (sintoma, ou "doença"). Isso quando não é apedrejado em praça pública.

11 de abril de 2014

Strago


Muita atenção tem sido dada nos últimos anos aos telômeros.
Telômeros são as extremidades dos nossos cromossomos que vão se desgastando a cada divisão das células, até que parem de funcionar - que é quando a célula morre (e seus donos vão embora junto, credo!).
(A comparação mais apropriada é com a ponta dos cadarços. Depois que aquela parte afilada estraga, fica difícil conseguir inserir o cadarço nos sapatos).
No início, se achava que era só a idade que desgastava os telômeros.
Mas estudos como o desta semana na revista Nature estão mostrando que situações crônicas de stress (como as vivenciadas por crianças em orfanatos, por exemplo) também os encurtam. Com a provável consequência de fazê-las envelhecer (ou mesmo adoecer) mais cedo que as demais.
É o estrago causado ao organismo por fatores externos demonstrado ao nível molecular.
E, ainda que um tanto assustador, só corrobora o que vemos nas diferenças sociais desde que o mundo é mundo. 

8 de abril de 2014

Transparência na Seringa


Antitérmico, antiemético, corticóide, antialérgico e até mesmo antibiótico.
São muitos os candidatos a serem administrados pela via muscular (injeção) em situações de emergência para as crianças.
Por isso, quando o paciente é liberado para ir para casa, os pais devem - e têm o direito - de solicitar aos médicos (ou mesmo aos enfermeiros) que tipo de medicação foi feita (e, se não vão lembrar, até mesmo por escrito).
Por vários motivos:
1) pode interferir com a sequência do tratamento nos dias seguintes - principalmente se o médico da criança for outro
2) vai que "dá uma zebra", mesmo que alguns dias após (lembrando que uma medicação como a Benzetacil pode ter efeito por mais de  quinze dias): efeitos adversos, erro de dosagem ou de indicação, etc.
3) conhecer o efeito que determinada medicação tem naquela criança: utilidade posterior
Sugestão: com educação (pois o médico plantonista costuma estar "na ponta dos cascos", e muitas vezes com alguma razão, senão pelo cansaço), sem aquele estilo "xeretice" ou "detetive". A justificativa oficial (e plausível) é: ..."que eu quero informar ao médico dele(a)". 

4 de abril de 2014

Entre Fumaças e Calorias


Os Estados Unidos não são o país mais politicamente correto do mundo.
Mas são dos mais ligados nas questões econômicas.
Quando o ex-prefeito de Nova Iorque Michael Bloomberg criou a lei anti-tabaco (mesmo nas ruas) logo ali em 2002, houve gritaria pelo direito do povo usar o que quisesse onde quisesse. Ocorre que o ganho econômico se fez sentir em pouco mais de uma década, em queda de internações, mortes e doenças causadas pelo cigarro. Aí, boa parte do mundo veio atrás. Hoje, nas maiores cidades do mundo quase ninguém mais fuma em restaurantes, hospitais e outros locais públicos.
Agora (sempre pensando mais na questão econômica do que nas liberdades individuais) o governo estuda como "bloquear" a comilança, que já tem trazido mais prejuízo que o fumo atualmente.
Aqui, a briga vai ser mais feia. Todo mundo come. Quase todo mundo come bobagens. Além disso, alguém que se entope de donuts dificilmente incomoda os outros nos ambientes (a não ser alguns anos-donuts depois, com seu volume corpóreo excessivo...), o que dificultará a proibição. As indústrias de "alimentos" têm ainda a seu favor a arte da camuflagem: um cigarro é sempre cilíndrico, branquinho e com fumaça na ponta (e um idiota na outra, dizem as malvadas linguas). Um malbouffe pode ter o formato, cheiro, cor, consistência que se queira (principalmente se belas crianças - essas sim, bem nutridas - façam a malvada propaganda para a grande massa de papais ingênuos).

1 de abril de 2014

O Velho (e Bom) Milagre da Vida


Ainda que todo mundo insista para que as gestantes se cuidem, alimentem-se bem, não tomem qualquer espécie de bebida alcoólica e etc., em muitos casos estes conselhos entram por um ouvido e saem por outro (às vezes o do próprio bebê), e aí o resultado final da gravidez costuma ser... 
Tudo de bom!*
Porque felizmente na maioria das vezes mesmo naquelas futuras-mamães-cabeças-ocas que desprezam os riscos de algo que pode ser levado para uma vida inteira, obscuros mecanismos intrínsecos compensatórios reequilibram os possíveis danos de uma ou outra bebedeira, noites mal dormidas ou até mesmo de uma ou duas tentativas frustradas de abortamento auto-induzido.
Um alento principalmente para as pobres vovós angustiadas de mães adolescentes que, ao acompanharem o nascimento dos seus netos, quase entram elas mesmas em trabalho de parto, pelo conhecimento das "travessuras" dos meses iniciais de gravidez da sua filhota, mãe do seu neto.
(*Mas não espalha!)