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7 de janeiro de 2011

Grande Passo?


Vamos começar com a notícia assim (que pode muito bem ser verdade):

Cientistas descobrem que existe um pequeno número de células com características de células cancerosas no sangue de pessoas saudáveis”.

Mas a notícia científica que mais empolgou a mídia na semana foi:

Cientistas criam um método para descobrir células cancerosas no sangue, com a precisão de 1 para 1 milhão de células normais”.

Bom? Provavelmente. Mas vê o perigo?
Se eu hoje estou saudável (aparentemente, porque o conceito de saúde do laboratório não é o mesmo que o conceito clínico, que é diferente do conceito anátomo-patológico) e faço um exame com essa precisão, com essa capacidade de previsão toda, será que meu futuro câncer não vai ser diagnosticado (e tratado) um pouco cedo demais?
A resposta da maioria é:
“Não, quanto antes descobrir e tratar, melhor!”.
De novo, será?
A descoberta de uma doença grave gera conseqüências emocionais algumas vezes graves, gera tratamentos com possibilidades grandes de efeitos colaterais (alguns também graves), gera despesa.
E daí, se a doença for menos séria do que parece (como muitas vezes é), valeu a pena todo o sofrimento precoce (precoce em quantos anos com este método?).
E mais: há uma quantidade de células cancerosas que o organismo dá conta de “se livrar” sem que se torne doença (câncer).
Tem gente que morre da doença. Mas tem gente que morre do tratamento!
Não estou sendo maluco de ir contra diagnósticos e tratamentos (é nisso que eu trabalho).
Sou só contra o “quanto mais, melhor” enganoso de hospitais, médicos, laboratórios e indústrias farmacêuticas.
Fique atento. Se informe. E, sobretudo, desconfie!