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3 de outubro de 2006

Todo Dia Ele Faz Tudo Sempre Igual


O metódico é um sujeito irritante, que em muitos momentos chega a ser até disfuncional (que o digam os que convivem com ele).
Porém, quando se trata do paciente obeso, nosso desejo é de que se transformasse num.
Tenho alguns poucos pacientes obesos que começaram, a partir de certo momento, a se transformar em sujeitos metódicos e, com isso, perderam peso, aparentemente “para sempre”.
Por que?
Porque comem em horários corretos e não variam muito o que comem ou o quanto comem (facilitando a “programação orgânica” do equilíbrio calórico, inclusive permitindo uma melhor adequação das atividades físicas necessárias para a perda ou manutenção do peso).
Perigo disto:
Pessoas metódicas têm uma grande tendência a desenvolver transtornos obsessivo-compulsivos, que pode ser difícil de tratar. Além disso, principalmente em mentes em formação, há um risco importante do desenvolvimento de transtornos alimentares (bulimia e anorexia) pelo fato de abrirem mão do prazer da alimentação, comendo “como máquinas”.

Lula errou na maneira de governar, na estratégia de campanha e na previsão de vitória no primeiro turno no próprio dia das eleições. Mas no resto ele acertou, no resto ele acertou!

Maluf, Palocci, Collor, Genoíno, Sarney, Berzoini, Roriz, Enéas, Clodovil... Como diria o Jô Soares anos atrás com seu exilado político, “tu não quer que eu volte!”, ou então, com seu doente terminal: “Me tira os tubos!”.

29 de setembro de 2006

Mistérios


Não tem a ver com a minha especialidade, mas quando se lê revisões como a do recente número da revista Lancet (uma das mais prestigiosas da área médica) de 2006 sobre a síndrome da fadiga crônica tem-se a impressão de se estar voltando no tempo (coisa pouca, uns cento e cinqüenta anos).
Primeiro porque há ainda controvérsias sobre se a doença realmente existe (daí já dá para se ter noção da barafunda).
Segundo, porque dentre as possíveis causas são enumeradas praticamente todas as causas de praticamente todas as doenças existentes (a lista vai de infecção por vírus até problemas imunológicos, psiquiátricos, endocrinológicos, etc.).
Terceiro, porque além da própria fadiga, o que mais há de sintomas próprios da doença? Bem, nada mais, a não ser... uma enorme fadiga!
Um ponto interessante (não sei se é por que sou um entusiasta assumido deste tipo de tratamento ainda “engatinhando” no Brasil, infelizmente) é o fato de que o único tratamento realmente eficiente para o problema é a terapia cognitiva-comportamental (que, aliás, é muito boa para ajudar a resolver muitos dos problemas “misteriosos”, ou então os multifatoriais, ou seja, aqueles que possuem mais de uma causa).

26 de setembro de 2006

Goiabadicto



Uma crença muito difundida é de que uma vez que se recorra ao uso dos broncodilatadores (Berotec, Aerolin, Bricanyl, etc.), seja na forma de nebulização ou do spray (as “bombinhas”), o paciente será sempre um dependente deles, será um viciado no seu uso.
Nada mais errado.
Imagine um sujeito que nunca tenha comido goiaba e que no dia em que visita a chácara de um amigo, experimente a fruta e a partir dali nunca mais deixe de ter goiabas na fruteira de casa.
Com os broncodilatadores ocorre a mesma coisa. O fato de vermos uma ou outra pessoa usando broncodilatadores com alguma freqüência (freqüência grande em alguns casos), significa que esta pessoa se beneficia de seu efeito (assim como quem se delicia com o gosto da goiaba quer tê-la sempre por perto).
Não há nenhum vício (ou dependência) implicado. Nem na goiaba (há apenas um benefício: eliminação do “desejo de comer goiabas”), nem nos broncodilatadores (benefício: melhora da falta de ar ou dos outros sintomas relacionados, como a tosse).
Quer parar, achou outra fruta mais apetitosa, achou outra medicação mais apropriada para seu caso, passou mal de tanto comer goiabas, apresentou alguma reação adversa com os broncodilatadores, adeus goiaba, adeus broncodilatador.
Simples assim.

22 de setembro de 2006

Abra a KBça *


De um lado, moças ou meninas-moças com seus desejos, inseguranças, temores, ansiedades.
De outro, rapazes, com mesmos sentimentos (apenas que mais ocultos), no entanto “loucos” para se aproveitarem das facilidades para sua iniciação sexual.
E no centro da questão, especialistas em comportamento e sexualidade decretando: chega de “nhenhenhem!” (A partir de agora, é ação!)
É a propaganda instrutiva do guaraná Kuat, que sempre nos seus comerciais carrega na temática sexual, mesmo que de forma “sutil”.
Fala direto para seu público alvo (quem toma guaraná normalmente, senão pré-adolescentes e adolescentes?). E usa a tática do “vamos ser bonzinhos com essa turma, é o que eles querem ouvir, não é mesmo?”
Então, para que vamos perder tempo com relacionamentos mais aprofundados, respeito às necessidades e desejos do outro, valores mais nobres, “nhenhenhem”, enfim?
E o que é mais preocupante: campanhas sérias (não necessariamente “caretas”) que falem à sexualidade dos adolescentes, onde estão? No máximo, o que vemos são trabalhos como o da VJ Penélope da MTV, PhD em... deixa pra lá!
*Por enquanto, o lema é “abra a cabeça!”, mas será que vamos nos assustar quando o lema for “abra outras coisas”?

19 de setembro de 2006

Do Intestino para os Rins


Infecções intestinais (gastroenterites) causadas por um tipo específico de germe (Escherichia coli O157:H7, presente em carnes mal cozidas*, leites e alguns sucos não pasteurizados, normalmente) podem causar a síndrome hemolítica-urêmica, uma falência (normalmente temporária, mas potencialmente grave e permanente) dos rins, provocada pela destruição de células vermelhas e plaquetas (células responsáveis pela coagulação), causada pela ação da toxina do germe.
Apesar de relativamente infreqüente, sua incidência tem aumentado.
O principal recado para a prevenção do problema é:
Evite comer carne de gado mal cozida (hambúrgueres, principalmente) e leite não pasteurizado (no caso de leite “de leiteiro”, deve ser sempre fervido) e cuidado com a prescrição de antibióticos no caso de diarréias, pois há consenso de que seu uso aumenta a chance da doença aparecer.
* Uma “epidemia famosa” - de âmbito mundial - do germe ocorreu no McDonald’s alguns anos atrás.