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9 de março de 2006

"Shit Happens"


Usei o termo em inglês por ser absolutamente apropriado para se entender o problema do escape fecal (parte da chamada encoprese, que é a perda involuntária das fezes).
Não sei se foi daí que surgiu a frase (“M... simplesmente acontece, de vez em quando”, apenas que no dia-a-dia substituímos polidamente por “problemas acontecem”, também para outros problemas, que não somente a “M...”).
Muitas crianças, em alguma fase da vida, sujam suas roupas, “perdem” as fezes como se não sentissem.
Não é, como muitos pais pensam, por “culpa” delas. Não há, na verdade, “culpados” pelo problema, normalmente.
O escape, apesar de dar a impressão de “intestino muito solto” deve-se habitualmente à situação oposta: acontece nas crianças que são constipadas (“intestino preso” ou obstipação). É como se após algum tempo “preso”, o intestino não mais suportasse a pressão, liberando parte das fezes nas roupas.
Outra causa comum é a “resistência” (particularmente acho este termo horroroso para ser aplicado aqui) ao treinamento para o controle dos esfíncteres, ou seja, à capacidade de pedir para fazer “xixi e cocô”.
Situações muito menos comuns são doenças do aparelho digestivo, problemas de tireóide, defeitos congênitos, problemas psicológicos (este último acaba sendo também uma conseqüência do próprio escape para muitas crianças).
O tratamento depende fundamentalmente da compreensão do que está acontecendo, da paciência e carinho dos pais – é impressionante como muitos pais tornam-se agressivos de uma forma ou outra com seus filhos nesta hora em que eles mais precisam de apoio – e do uso temporário de medicações que “soltem” o intestino, além de táticas de treinamento no uso do banheiro, como a famosa “hora do cocô” (ficar sentado – sem cobrar pelo próprio cocô – durante alguns minutos no penico ou vaso sanitário, após as principais refeições, para ir acostumando com a resposta ao “chamado” do intestino para a evacuação).

8 de março de 2006

Adernautas


Na iminência do afundamento (por superpopulação), passageiros a bordo do Mídia I, o maior navio do mundo, estão sendo instados a escolher para que lado irão se dirigir: ao bombordo (estética), onde poucos barcos infláveis – a maioria cheia de furos - ainda estão disponíveis, ou ao estibordo (saúde), onde há abundância de barcos.
Não se sabe se pelo aspecto um pouco desmazelado dos barquinhos do estibordo – uma pinturinha que falta aqui, uma ausência de brilho ali, o que não os torna menos seguros, até pelo contrário – a turma os têm deixado surpreendentemente de lado na hora da escolha.
E vão quase todos espremidos, mas contentes, no bote da estética, esperando a descida ao mar, embora não se saiba se ocorrerá em tempo hábil. Parece até que rola uma musiquinha (MP3, claro) e uns biscoitinhos (light) pra galera da estética, o que tem feito os já quase-salvos da saúde se perguntarem se não estão mesmo no barco errado:
-“Tão sem-graça”, reclamam.

7 de março de 2006

Inflamadão


Não bastasse a avalanche informativa que cai sobre a cabeça dos obesos (muitos indivíduos obesos alimentam-se mais de informação sobre a obesidade do que de comida), vou acrescentar mais uma – ominosa, ainda por cima:
O obeso pode ser chamado de um “inflamado” cronicamente.
Como mostra um estudo publicado no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, a obesidade é associada com o aumento de vários dos chamados marcadores inflamatórios (substâncias como as citocinas e interleucinas, que “disparam” reações inflamatórias pelo organismo - dentre outros lugares, nos vasos sangüíneos, contribuindo fortemente para a aterosclerose precoce, a hipertensão arterial e a diminuição da função dos rins vista nos obesos), além de leve aumento permanente na contagem de células do sangue também responsáveis pelas inflamações.
O mesmo estudo mostra que a perda de peso (neste caso com dieta com baixas calorias, apenas) leva à diminuição de quase todos os parâmetros inflamatórios.
(Um detalhe: no médio prazo, as próprias dietas – por induzirem a uma “defesa” do organismo – e os exercícios físicos extenuantes também causam este “estado inflamatório”. Daí um dos riscos de se “pegar pesado” no tratamento dos obesos: a soma de stress inflamatórios.)

6 de março de 2006

Páginas Amarelas


É meio complicadinho, mas vamos lá:
As células vermelhas (hemácias ou eritrócitos) podem ser definidas como um “saco cheio de moléculas de hemoglobina”.
As hemácias duram em torno de 120 dias e, após este período, morrem, liberando a hemoglobina. A hemoglobina liberada se transforma no sangue em bilirrubina (como se fosse um “resto” molecular da hemoglobina, que vai ser jogado fora). Esta bilirrubina (chamada de indireta é, em altas concentrações, tóxica para o cérebro).
Através do sangue, a bilirrubina indireta chega ao fígado e é transformada em bilirrubina direta (pronta para ser eliminada pelo fígado para os intestinos: é a bilirrubina direta que vai dar o tom amarelado das fezes).
No recém-nascido, a icterícia (cor amarelada da pele) pode ser provocada pelo aumento da:
Bilirrubina indireta (mais comum) como na:
• maior quantidade de hemácias (normal ao nascimento), que é, então, destruída em excesso
• vida mais curta das hemácias (normal, até certo ponto)
• imaturidade do fígado do recém-nascido (também normal)
• presença de substâncias no leite materno que aumentam a produção de bilirrubina (icterícia de início após a primeira semana, benigna, mas que muitas vezes eleva muito a contagem da bilirrubina, podendo durar meses)
• incompatibilidade sangüínea (ABO ou Rh): anticorpos da mãe reagem contra o tipo sangüíneo diferente do filho, causando uma maior destruição de hemácias do que o normal (é a causa mais freqüente de tratamento hospitalar da icterícia).
• etc (são muitos – mas raros – os “etc”.)
Ou da Bilirrubina direta:
Causada por infecções no recém-nascido (que faz com que o fígado fique “paralisado” na eliminação da bilirrubina), hepatites neonatais, defeitos congênitos nas chamadas vias biliares (sistema de canais que drenam a bilirrubina para ser eliminada para os intestinos), etc. (também são muitos e raros estes “etc”.)
Complicado, né? Eu falei, eu falei...

5 de março de 2006

Rosca

Roberto Benigni, ator e diretor italiano, na festa em que recebeu o Oscar (ô premiozinho de nome simpático!) pelo seu questionável mas interessante “A Vida é Bela”, agradeceu aos seus pais pela pobreza e dificuldades que lhe foram dadas como herança, para que pudesse vencer na vida. Foi um agradecimento (até onde eu saiba) inusitado, mas verdadeiro.
Maiores sinceridades, como as do tipo abaixo, ainda devem vir por aí.