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31 de março de 2017

O Universo em Cada Um de Nós


Ainda no assunto sexualidade:
Mesmo sendo vital para todos nós - e fonte de angústias, medos, ansiedades, mas também grandes prazeres, alegrias, satisfações - a sexualidade continua sendo um assunto sobre o qual se deve falar (ou, no caso aqui, escrever) tendo muito em conta para quem estamos falando (ou escrevendo).
Note, no entanto, que na escrita isso é quase impossível de se conseguir. 
Eu sei lá se você que me lê agora (se é que há realmente alguém me lendo agora ou em qualquer época!) é uma senhora religiosa septuagenária (mas não necessariamente "não despudorada", sem ofensas) ou uma mãe - porque admito sempre de cara de que quem me lê aqui costuma ser mãe, raramente pai - na faixa dos 20 e poucos anos e com padrões morais totalmente distintos (mas também não necessariamente "não totalmente pudica"!).
Meio complicado.
Mas fascinante, a diversidade de opiniões. É somente uma questão de sondar terrenos. E não ter receio de ser alguém aberto aos estilos de vida variados, à interferência das religiões (sempre tão presente, ainda que na minha humilde opinião algo nefasta, porque menos honesta que a busca pela própria moralidade), à influência das mídias, aos modismos, às convicções.
Um escritor famoso (John Cleese, nobel de literatura que, inclusive, lutou muito contra a percepção de que era homossexual e estava tomando a "estrada errada" no seu casamento hetero, e com isso foi muito infeliz) escreveu que, em termos de sexualidade, cada um de nós não parece ser da mesma espécie que o outro. Somos muito "iguais" nos hábitos de vestir, comer, brincar, etc., mas quando se trata de sexualidade, cada cabeça parece ser um outro universo. 

Tendo a concordar.

28 de março de 2017

Antes da Hora


A gravidez indesejada na adolescente de uma certa forma interrompe o futuro da futura mamãe.
Assumirá outro papel (o de mãe, não mais o de filha) cedo demais.
E depois poderá parecer lindo no olhar retrospectivo, mas é sempre um baque. É quase sempre um drama. Pelo menos um pequeno drama.
Não engravidar não significa não fazer sexo. Não significa não falar de sexo. Muito pelo contrário. Pais abertos à questão - sem atropelos, sem grandes exageros - têm a força de um contraceptivo. 
Na hora do "vamos ver" não é hora de pensar nisso. Nem quando já se está em "relações firmes" (como se costumava dizer), ou naquela hora em que a balança das opiniões pende muito mais para o lado dos amigos do que dos pais. 
Nos últimos anos, no entanto, percebo alguma melhora. Já não são tantas as adolescentes vistas na maternidade. Não é certamente por um moralismo maior. Ou por convicções religiosas. Pode muito bem ser que o fenômeno seja inverso.
Talvez a maior liberdade, um certo "descontrole" esteja gerando meninas mais ligadas, menos inocentes, menos "bobinhas", que não estejam sendo "pegas de surpresa" por uma gravidez. Talvez até tenham menos "vontade", no sentido de que o sexo não seja mais encarado como algo tão misterioso, tão sagrado, tão interessante porque tão proibido.

Sei lá. São teorias. O tempo dirá quais são os motivos.

24 de março de 2017

A Temida Pergunta


Tem vovó que faz a gente perder a paciência.
Tudo que bem que o "momento-vovó" ("momento-vovô" também, os homens não estão absolutamente excluídos, muito pelo contrário) é momento de curtir, de relaxar, de deixar escapar questões menos sérias.
Mas elas (es) abusam!
A gente tenta criar - mais precisamente reforçar - noções de alimentação correta, necessidade de horários algo mais rígidos, percepção da autoridade familiar, etc. e tudo parece funcionar direitinho, quando fazemos a temida pergunta:
E (as) os avós, concordam, agem de acordo?
Aí vem o sorriso sem jeito, o olhar acusador do pai para a mãe (ou vice-versa), a expressão de desânimo:
"Olha, ali tá complicado!" Ou: "Nem adianta!".


Seria o caso (mas quase nunca é) de os próprios vovós levarem os netos para consulta. Mas, interessante, quando são eles que levam é porque costumam já atuar mais como pais do que como avós propriamente. E aí não são propriamente "problema". São os dos "bastidores" que sabotam os nossos planos no andamento da educação da criança.

21 de março de 2017

A Peixe e Ovo


O "escândalo da carne" brasileira é só mais um exemplo dos tempos em que vivemos.
Fatos mais ou menos banais (como o "passar por cima" de inspeções obrigatórias ou a adulteração aqui e ali de um produto industrial na vivaldice do lucro mais fácil) se transformam na conversa obrigatória dos jornais (conspiração para esquecermos da reforma da Previdência? mais um ponto do anti-Lulismo midiático?), geram repercussões muito maiores do que seria necessário, influenciam mercados, alastram o medo no consumidor.
Assim é com doenças. Elas existem. Elas muitas vezes matam. E não poucas vezes renderiam (ou rendem) "escândalos", seja por uma incidência inaceitável, pela negligência governamental, ou até pelo desvio grosseiro de recursos que de outro modo serviriam para tratá-las. 
Mas não são a "bola da vez". Hoje (e talvez ainda amanhã) é dia de falar das carnes. É o que está rendendo para alguns. Espaço nas mídias. Dividendos políticos. Brincadeiras no Whatsapp
E a gente passa a achar que está tudo errado. Que se deve fechar as churrascarias. Que daqui pra frente é só peixe e ovo.
Mas... espera! Parece que ali na esquina alguém achou metade de uma barata dentro de um chocolate.
Imprensa! Autoridades! Polícia! Políticos! Socorro! Estamos todos perdidos! Novamente...

17 de março de 2017

Santa Ignorância


Cansamos de ver pais angustiados com duas coisas (às vezes somadas): a história familiar de diabete dos seus filhos e seus estilos de vida pouco saudáveis. Tornar-se-ão (desculpa a mesóclise, deve ser culpa do Temer) eles diabéticos, talvez num futuro próximo?
Há pesquisas muito recentes que indicam que um exame de fácil execução (a hemoglobina glicosilada, abreviada como HbA1c) poderia prever com algumas décadas de antecedência a instalação da diabete no "futuro adulto".
Aí vem a pergunta de sempre:
Vale a pena (decifrarmos o futuro)?
Por esse motivo (por se prever a presença da doença) os pais (e principalmente avós) cuidarão melhor da alimentação da criança? Se engajarão em atividades físicas de maneira mais disciplinada? Em suma, farão com que a criança tenha uma vida mais saudável, atrasando (ou mesmo evitando) o aparecimento do problema?
Tendo a achar que infelizmente não.
Muito mais fácil algum pensamento mágico do tipo: "quando chegar lá já deverá existir algum novo remédio, que talvez até cure a diabete!".
E, inversamente, também o resultado normal do exame poderá servir de "passe livre" para se relaxar no estilo de vida. Isso sim, muito mais fácil de acontecer.
Para refletir.

14 de março de 2017

Antes Tarde do que Cedo


Às vezes as mães vêm achando que seus filhos devem ser hiperativos... com menos de 1 ano de idade!
Menos, né? (não menos idade, menos pressa!)
Na maioria das vezes é algo dito meio de brincadeira, mas muitas vezes querendo sugerir à gente, tipo: "Será que não pode mesmo ser?".
Crianças novas já são diferentes nos seus níveis de atividade - ou de hiper atividade - mas não a ponto de permitirem uma rotulagem diagnóstica. Ainda mais porque quando se rotula alguém, esse alguém tende a se comportar ainda mais caracteristicamente da forma como foi rotulada (é aquela coisa da mãe falar perto do menino: "Esse menino não para!", e ele parar menos ainda). 
Cerebrozinhos se desenvolvem com o tempo. Os freios dos movimentos impulsivos, do "agito", da "mexilança" também vão tendendo a melhorar (claro que com as correções de rota da educação, do convívio, da autoridade, do feedback das experiências negativas, etc.).

Os pais têm, então, um papel importante na correção dos comportamentos (antes dos professores). E o tempo também vai cumprir o seu papel. A partir de um certo momento (normalmente a partir dos 5 anos), quando a coisa ainda se mantém complicada, é hora aí sim, de se cogitar o diagnóstico (não se esquecendo que a diminuição do uso de aparelhos, a correção de dietas, etc. podem e devem ser tentadas pelo menos como auxílio no tratamento dos muito animadinhos).

10 de março de 2017

Boiando


Eu realmente tenho alguma vergonha de perguntar - até porque acho que a resposta me frustraria - mas, ainda que insistindo na importância do pediatra educar mais do que medicar, imagino que a maior parte dos pais que acompanham comigo os gráficos de crescimento dos seus filhos ficam realmente "boiando" no seu significado (ou, mais ainda, na sua interpretação).
Não são raros os casos em que, após longas (e provavelmente tediosas, para a maioria!) explicações mostrando os pontinhos assinalados nos últimos meses na carteira de saúde, pais terminem a explicação com a seguinte pergunta:
"Mas, e o peso, está normal?"
(Pausa para imaginar o pediatra em alguns microsegundos com cara de bocó, se perguntando interiormente: "Mas sobre o que eu estava falando até agora?", enquanto vê à sua frente olhos inocentemente - e não jocosa ou ironicamente - indagadores, associado a um ruido de grilos no fundo)
A solução?
Ir para o básico, claro.
"Está normal, sim!"
Dava pra fazer mais. E foi tentado. E discussões interessantíssimas (acadêmicas?) sairiam dali.
É o que se poderia chamar de uma consulta não proveitosa.
Os remedinhos ainda têm mais ibope. E são obviamente mais rápidos. Mas isso um dia há de mudar!...

"Próximo!!"

7 de março de 2017

O Teu Cabelo Não Nega a Japa


Ainda nas cinzas do Carnaval (e aproveitando o assunto anterior), queria falar um pouco da "mania" que o povo oriental tem de usar máscara (não as de Carnaval, falo daquelas horríveis "máscaras cirúrgicas", geralmente de material cotonoso).
Há um artigo muito interessante explicando os motivos por detrás desse hábito (se puder, leia o original), que vem desde o início do século passado, mas que hoje em dia já é quase parte do traje de japoneses, chineses e coreanos.
Essencialmente, quase nenhum dos motivos é muito válido:
Defesa das vias aéreas contra a poluição: seria um motivo até válido pela carga de poluentes das grandes cidades, como Tóquio ou Xangai. O problema é que as máscaras usadas não possuem a capacidade de filtrar de forma efetiva esses poluentes. E as verdadeiras máscaras anti gás são monstrengos incompatíveis com uma vida normal.
Prevenção de doenças virais: também para isso muito pouco efetivo. Muito mais efetivo é virar o rosto ao espirrar, e lavar as mãos, por exemplo (coisa que os asiáticos fazem muito menos do que deveriam).
Barreira física contra assédios de todo tipo: esse é um motivo muito alegado ultimamente (e o mais "trágico" também). A burca dos muçulmanos seria uma solução mais eficiente, se as japonesas estão querendo evitar parecer muito sedutoras aos homens indesejados. 
Moda: por mais paradoxal que seja, muitas moças orientais usam as máscaras como uma "arma de sedução", mais ou menos como as figuras de odaliscas dos desenhos animados antigos (ou como as venezianas dos carnavais), que tanto podiam esconder uma lindeza quanto uma figura assustadora (um efeito contrário, portanto, do anterior).
Curiosamente, a raiz de tudo isso é o medo. Medo exagerado. Medo de ficar doente (vírus, bactérias, poluição). Medo do contato humano (coisa que os ocidentais têm muito menos). Medo até de "ficar para titia" (no caso da máscara com finalidade sedutora). 

Compreensível. Pra eles.

3 de março de 2017

O Medo Está no Ar


Moro num país tropical
Abençoado por Deus
E um calor dos diabos

Essa última linha não é bem assim, Jorge Benjor que me desculpe. Mas é. E tem sido cada vez mais calor. Culpa provável dos já notórios efeitos estufa, poluição, degradação ambiental, etc.
Mas para isso existem essas soluções maravilhosas do engenho humano, os ares-condicionados! 
Então. Existem. Mas tem muita gente que tem medo deles. 
Me espanto com a quantidade de gente que ao adentrar num ambiente climatizado com ar-condicionado faz cara de quem está entrando numa câmara de gás. E às vezes não resisto em não saber o porquê. 
A resposta óbvia seria um desconforto. Frio demais. E até é dito assim, "Frio demais". Mas não é o desconforto que faz as pessoas pensarem que está frio demais, na maioria das vezes. Quase enxergo as celulazinhas dos seus corpos respirando mais aliviadas no friozinho agradável. 
É a crença errônea (quase um pleonasmo) de que esse ar "gelado" há de fazer mal. 
Quase uma culpa religiosa (outro pleonasmo)!
Vovós e titias velhas nos ensinaram que algo gelado faz mal, seja nas nossas gargantas, nossas vias respiratórias ou onde mais esse "ventinho do mal" entrar (e não quero nem pensar onde ele possa realmente entrar!). 
Aí, crédulos que somos, acreditamos para todo um sempre. Sem questionar. Muito ajudado pela presença das gripes, resfriados, pneumonias que só têm um real efeito relacionado ao frio: a aglomeração humana em ambientes mal ventilados em dias mais frios. Da passagem de germes facilitada nessa situação. O resto vem tudo da desinformação, da tradição, do medo, da crendice.

Fico sempre imaginando um pinguim, se tivesse um cérebro humano. Só sairia de casa muito bem agasalhado.