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12 de maio de 2015

Jotinha


Tenho um paciente que me enche de alegria quando eu o revejo.
J. foi uma criança prematura extrema, nascida em condições sociais complicadíssimas, de uma mãe que parecia totalmente descuidada.
Apresentou várias infecções no primeiro ano. De algumas delas achei que não sairia com vida. Nossos tratamentos e acompanhamentos tinham a precariedade do sistema público de saúde, o que reforçava meu pessimismo.
Ao completar 1 ano, J. não tinha, pasmem, muito mais do que cinco quilos, quase o peso de um recém-nascido do termo! Nas investigações que fizemos, nada justificou essa evolução tão problemática (a não ser a própria somatória da prematuridade + condições sociais).
J. no entanto foi crescendo. Pouquinho, no seu lerdo ritmo. E passando por cima das dificuldades, como um trator (ainda que um trator de brinquedo).
Hoje, com ainda menos que uma dezena de anos, J. de uma certa forma "assusta" quem o vê pela primeira vez (médicos incluídos). É diferente. Parece um homenzinho em miniatura.
Mas é, como diz a canção do Guilherme Arantes, cheio de charme. De uma simpatia, de uma vivacidade, e, principalmente, irradiante de vontade de viver.
J. é mais um que nos ensina:
Que não sabemos quase nada.
Que as histórias de vida nem sempre serão, mas podem ser surpreendentes.
Que devemos, por princípio, acreditar nas mães. Elas cansam de nos dar amostras de que podem vencer tremendas adversidades.