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19 de setembro de 2014

Álcool Sem o "Barato"


Não, não é de cerveja zero álcool que eu vou "falar".
É da frutose.
Quando o organismo "quebra" (metaboliza) o açúcar comum (a sacarose), duas moléculas menores aparecem como resultado: a glicose e a frutose.
A glicose é a molécula de açúcar mais "básica", no sentido em que é aproveitada como fonte primária de energia.
Já a frutose (presente naturalmente nas frutas, legumes e cereais) tem um metabolismo dificultado, dentre outros motivos pelo fato da célula beta do pâncreas não possuir um receptor próprio para ela, impedindo a liberação de insulina.
A frutose segue, então, uma via "alternativa" de metabolização, com um resultado nefasto: a grande produção de VLDL. Imagine a pior gordura que você poderia consumir. Seu nome? VLDL, formador de placas nas artérias pelo seu baixíssimo peso molecular.
Outro aspecto importante da frutose é a não supressão da grelina, hormônio que "avisa" sobre a necessidade de comer. Mais grelina, mais fome.
Robert Lustig, endocrinologista pediátrico da Universidade da Califórnia e um batalhador contra o abuso da frutose, lembra que a frutose causa os mesmos danos que o etanol (álcool, também um açúcar), com a desvantagem de que o etanol é metabolizado no cérebro "avisando" dos efeitos abusivos (vasodilatação, tremores, náuseas, tontura, etc.) e a frutose não. Seus efeitos vão, então, aparecer não no curto prazo, e sim no longo prazo, que é como é consumida.
De quando vem esse problema?
Sobretudo a partir dos anos 80, quando por questões econômicas a indústria precisou criar um açúcar muito mais barato, mais doce e que, além de tudo, desse uma aparência mais gostosa para os alimentos. Surgiu o HFCS (high fructose corn syrup, xarope de milho com alto teor de frutose) um "concentrado" de açúcares que foi se infiltrando em tudo quanto é produto industrializado (o fato de ser um subproduto do milho serviu além de tudo para "desovar" a enorme produção mundial de uma agricultura fácil, exploradora, a monocultura do milho).
(a lista dos produtos em que o HFCS está contido é grande: refrigerantes, sucos, geléias, ketchup, mostardas, molhos para saladas, sopas de pacote, cereais para café da manhã, congelados, enlatados, pães "de pacote", biscoito - inclusive os salgados - chocolates, doces, sorvetes e até hambúrgueres)
De lá (dos anos 80) para cá - apesar das dietas "low fat" (com baixas quantidades de gordura - alvo provavelmente errado) só fez aumentar casos de obesidade, hipertensão, infarto do miocárdio, dislipidemia, pancreatite, disfunção hepática, resistência insulínica (mesmo fetal, pelo excessivo consumo de carboidratos pela gestante!), e "vício" pelo açúcar. Todos efeitos que o álcool também causa, apenas que no caso do álcool com o "barato" que provoca...
Mas, espera, e a fruta?
Lustig cita a frase "Quando Deus criou o veneno, criou também o antídoto" nas suas palestras. No caso das frutas e legumes as fibras contidas nesses alimentos dificultam a absorção da frutose, dentre outros efeitos (como na saciedade). Frutas, então, são "liberadas" (apenas não em exagero).

O mesmo médico rebate a alegação do FDA (Food and Drug Administration, órgão americano regulador de alimentos e medicamentos) de que supostamente o HFCS não deve fazer mal, "pois é natural". "Álcool e tabaco também são", lembra Lustig, citando as únicas três grandes fontes de renda para os Estados Unidos atualmente: indústria de entretenimento, armas e comida, o que cria um "rabo preso" do FDA com os interesses financeiros do governo americano.  

(Sugar: The Bitter Truth - Açúcar: Uma Verdade Amarga, conferência de Robert Lustig na Universidade da Califórnia)