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30 de dezembro de 2013

Para Mim e Para Os Seus


Um ano que se inicia é uma oportunidade única.
Única pra que?
Pra reunir gente?
Pra vestir branco?
Pra comer uva?
Pra desejar tudo de bom para uns e para outros - e, principalmente, para nós mesmos?
Pra renovar esperanças?
Pra beber champagne?
Pra soltar fogos?
Pra comer tender?
Do que disso tudo depende uma data específica? Há algo que fazemos nesta mudança de um segundo para outro que não possamos fazer em qualquer outro momento?
A exceção é a convenção da data (chineses e fusos horários descontados, o que já borra um pouco a simbologia). 
De resto, podemos vestir branco, reunir gente, comer uva (cuidado com o vice-versa!) a qualquer momento, bem como desejar tudo de bom para uns e outros e para nós mesmos.
Escolha uma data. Eu peguei... 27 de maio. Nesse próximo ano, que o que eu quero é variar...
Então não me estranhe assim, cheio de bobo otimismo, disposto pra festa, vestido de branco a desejar tudo de bom pra você e para mim quase na metade do ano. Principalmente se o seu ano novo já estiver aquele miserê!

27 de dezembro de 2013

Cows de Nova Deli

 
Eu não sei aí onde você está, mas aqui, no sul do hemisfério sul, bem no sulzinho mesmo, parece que todo mundo agora toma consciência de que tem um corpo. E que esse corpo merece ser cuidado. Não mais à base das pizzas do ano inteiro, calabresas e catupiris com bordas, não. Agora é hora de dar ao corpo aquilo que ele merece (lingua e estômago à parte): malhação!
É um tal de gente na rua correndo, andando, suando... Gente que ficou tão bronzeada da noite pro dia que parece que não trabalharam o ano inteiro, que nunca entraram num escritório, que estiveram espichados numa espreguiçadeira na beira da piscina 40 horas por semana, pelo menos nos últimos meses.
Passado o Natal, onde o que víamos nas ruas eram carros, pais estressados abarrotados de pacotes, confusão, empurra-empurra, agora ao dirigirmos temos que tomar cuidado é com a turma corredora, malhadora, bronzeada, arfante, competindo com o trânsito como as vacas de Nova Deli.
E tudo isso prum breve momento de glória, a roupa branca e justa do Ano Novo. 
Já é um motivo válido, que poderia se estender por mais do que as areias das praias de janeiro.
Mas fevereiro volta à vida. E às pizzas. E à confusão do trânsito urbano. 
Portanto, saiam das ruas. "Sumam para o lugar de onde vieram!" (das piscinas?).

24 de dezembro de 2013

Cedo


Quando viu o pai chegar carregando o enorme embrulho, Matheus já foi reclamando:
- De novo, pai? Não consegue aguentar? Hoje é só dia 21! Tá cada vez pior! Cada vez mais cedo!
O pai, fazendo bico, se defendeu:
- Só dessa vez, filho! Dessa vez vale a pena! Toma, veja!
- Não senhor! Vai ter que esperar! A noite de véspera é só daqui há 3 dias. Passa rápido...
- Ah, filho! Pega, vai! Abre, antes que a tua mãe chegue! 
Matheus irredutível, olhos fechados, balançando a cabeça:
- Não!
- Tá bom, eu digo que fui eu!
- Não, não, não!
- Olha que eu levo pra criança pobre, hein?!
De novo, olhos fechados, beiçudo:
- Póleva!
Desacreditado, o pai ameaça chorar:
- Poxa, Matheus, é tão bonito, a gente podia começar a brincar agora mesmo...
- Não!
Como é que pode, um menino de 6 anos com uma força de vontade dessas? Uma formalidade: a missa, a reza em família, colocar embaixo da àrvore... Ele provavelmente nem acredita que aquele cara magrelo que sobra na roupa vermelha seja mesmo um Papai Noel e... Vão ter que esperar?
Isso não se faz! Já tem vizinho na rua com bicicleta reluzente de nova. E esse ruído que vem da esquina, parece que é de um Ékisbócs, nos Bertoli. Só eles vão dormir na tristeza, mais três longas noites de tédio.
- Não vou aguentar! Não vou aguentar!


Mas Matheus já está se recolhendo, que amanhã a louça do café é dele.

20 de dezembro de 2013

Maldade


Às vezes certas condutas médicas surgem do nada. Outras vezes, parecem surgir de um aparente bom senso. Até os resultados provarem o contrário.
Uma dessas condutas que estão se tornando comuns:
Um bebê com ganho de peso inicial acima ou muito acima da média, mamando somente no peito.
O que fazer?
Nada, claro. Mesmo que o "sujeitinho" em questão seja um tremendo guloso.
Daí a conduta inventada: 
Pedir para a mãe do fominha dar menos mamadas. Ou interromper antes da saciedade. Ou alongar os prazos.
Nada disso é baseado em estudo científico que a embase. 
E pior, o tiro sai pela culatra.
Por que?
Porque mecanismos hormonais boicotam e compensam um menor aporte energético (como nas dietas dos adultos).
Porque o "desespero", a avidez da criança só faz aumentar, e não diminuir (bem como o próprio peso no longo prazo!).
Porque nenhuma mãe consegue ver seu pequeno glutão pedindo mais e recusar!


Somente a partir da introdução dos outros alimentos (6o. mês em diante) é que podemos fazer escolhas mais cuidadosas (como evitar alimentos muito calóricos ou industrializados, por exemplo), ainda assim respeitando o baita apetite! 

17 de dezembro de 2013

Vingança?


Existem motivos válidos para se tratar uma criança febril que chega ao Pronto Atendimento com injeção de antitérmico?
Quase que não vejo nenhum.
Talvez o motivo mais alegado seja aliviar mais prontamente a febre, permitindo que os pais voltem para casa mais tranquilos.
Mas vale a agressão da injeção (num ambiente já muito agressivo para criança)?
De novo, me parece que não.
E mais: se as condutas fossem racionais, o antitérmico já teria sido dado em casa.
Mas aí, dizem os pacientes (com razão): são mandados embora, pois crianças que já estão sem febre (e muitas vezes pulando, sorridentes) não configurarão emergência.
Veja que quem paga o pato é o lado mais frágil: a emergência muitas vezes já passou (ou não existiu, em muitos casos), o médico de plantão opta pela resolução do problema mais óbvio (a febre) na forma injetável (algumas vezes de forma um pouco "vingativa"!). 
Poupam-se os bumbuns dos pais e dos médicos. Apenas.

(Já tinha usado esta foto antes aqui. Voltei a usá-la porque acho uma obra-prima da fotografia. A conhecida expressão de pânico da "vítima" é interessante, mas a dor empática do menino de trás é melhor ainda!)

13 de dezembro de 2013

Horripilante


Por que belos jovens (irritantemente belos, invejavelmente jovens) assumem hoje tantos comportamentos de risco?
Escrevi "hoje" como uma provocação. Não fomos santos. Jovens nunca serão, é a fase de experimentar, de testar limites.
Jovens não morrem, jovens não adoecem nem se acidentam gravemente. Assim pensam eles, claro. E a balança "comportamento do grupo" versus "consciência/aceitação dos riscos" pende muito, enormemente, para o lado da primeira.
E se os jovens são imortais e não deixarão de fazer algo perigoso por eles mesmos, talvez façam pela preocupação/consideração com os outros, principalmente pelo carinho/respeito/preocupação com/dos seus pais ou responsáveis, até uma certa medida (sempre até  uma certa medida!).
Pais desequilibrados, "desmiolados", imaturos, frios, desatentos, são pais que geram filhos predispostos aos comportamentos de risco (mas nem sempre).


E dois problemas muito atuais são: imaturidade, desatenção, desequilíbrio dos pais. O outro problema: nunca os jovens tiveram tantas armas (químicas - ex.: drogas; mecânicas - ex.: carros velozes) tão mortais, tão facilmente disponíveis. 

10 de dezembro de 2013

Nome Aos Bois


Croácia, Mexico e Camarões. 
Ufa! Dá pra encarar!
O que tem a ver o sorteio dos adversários do Brasil na Copa do Mundo com a saúde (afinal isso aqui não é um blog que fala de saúde)?
Quando se sabe que a seleção brasileira de futebol pode enfrentar qualquer adversário na Copa, o nível de ansiedade (ou preocupação) é um. Quando se "dá nome aos bois", mesmo que sejam bois fortes (touros, então) a ansiedade costuma diminuir.
Basta que se saiba quais são os "inimigos" a se enfrentar.
E na saúde não é o mesmo?
Não é por isso que ficamos às vezes "procurando" um problema ou outro?
Porque quando qualquer coisa pode aparecer de qualquer lado ficamos naquele estado de "aiaiai"!... Como o cara que se levanta da poltrona no dia da festa pra ver quem é que está por chegar primeiro (estará devidamente preparado? e se for alguém com quem "não tenha papo"?).
E é surpreendente que mesmo enfrentando adversários (doenças) fortes, aí é que certos jogadores (pacientes), por quem não se dava grande coisa, mostram seu real valor.

6 de dezembro de 2013

Dr. Recusão versus Mãe Pidona


"Dr., quero um exame pro meu filho porque ele é muito magrinho...".
Não.
Já pra (real, significativa) perda de peso não justificada, sim.
"Dr., quero um exame de sangue pro meu filho porque ele é branquinho".
Não. 
Senão não procuraríamos anemia em ninguém do continente africano, percebe?
Já para crianças em determinadas faixas etárias ou com anemia clínica (evidenciável no exame físico), sim.
"Dr., quero um exame de tireóide para meu filho, que está tão gordinho!...".
Não.
Ainda que teremos que ver um exame de tireóide normal alguma vez para convencer que os gordinhos na maioria das vezes são gordinhos "de família" ou realmente comem demais/ se mexem de menos (ou ambos). Crescimento normal ou acelerado, no entanto, já fala muito contra problema de tireóide.
"Dr. (eu, de novo!), quero um exame pro meu filho que tem dor de cabeça. Uma tomografia, quem sabe..."
Não, se as dores de cabeça têm características de benignidade, que representam a grande maioria dos casos (felizmente). Guarde, porém, esse pedido, se em algum momento as características da dor do seu filho se modificarem (muita intensidade, associação com outros sintomas neurológicos, etc.).
"Dr. (eeeu!...), ouvi falar que tem um exame novo que..."
Não!
O exame pode ser novo, mas seu filho é o mesmo (mas não exatamente "velho"). O mesmo menino que eu vejo sempre saudável por aqui (exceto por uma gripezinha ou outra e uma dor na barriga de vez em quando), e eu não vou alimentar essa Dona Neura com um exame, nem novo, nem velho.
(Não sei por que essa mãe ainda me olha na cara!...) 

3 de dezembro de 2013

Missão Tosse Comprida


A maioria dos pais de crianças atuais - ao contrário dos avós - só ouviu falar da tal "tosse comprida".
E hoje a maioria pensa que tosses de origem asmática, principalmente as prolongadas, são "tosse comprida".
Esse "apelido", tosse comprida, se relaciona a uma doença que estava caminhando para a extinção por causa da vacinação, a coqueluche, uma doença temida porque às vezes matava, principalmente crianças pequenas (às vezes de exaustão de tanto tossir!).
O problema é que a coqueluche está começando a dar as caras novamente. E um dos motivos (aparentemente) é a generalização da vacina tetra bacteriana (antiga tríplice) acelular, vacina que substitui a célula completa da bactéria que causa a coqueluche (morta, para criar imunidade) por apenas partes dela.
A vacina acelular apareceu como uma tentativa de causar menos reações adversas (entre as frequentes e leves, como dor local e febre e as raras e temidas convulsões, paralisias e apnéias - mas por incrível que pareça os pais têm se decidido pela acelular pelo incômodo com as leves!).
Deu certo para as reações, mas tem falhado para fazer a doença desaparecer. Um estudo do mês passado (feito em animais de laboratório) confirmou essa falha na capacidade de bloquear a transmissão.