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28 de outubro de 2011

Agnosticismo ou Agnosia? Limites da Atuação Médica


Você já parou pra pensar:

Por que a Medicina leva os créditos de curar o que é curável e é absolvida de não conseguir curar o que é incurável?

E pensando bem, não é assim com quase tudo (na religião, por exemplo)?

Então:

Já não era hora de se pôr menos fé – mas principalmente menos dinheiro - na atuação médica? (da religião nem falo!).

Não deve chegar um momento em que devemos nos conformar com fatores como (sei lá!) sorte, azar, ou como queiramos chamar (você pode chamar de fé, ou como quiser)?
(Não se trata da ingênua negação do avanço da ciência, nem da apologia ao entreguismo à doença. Falo da nossa pretensa indestrutibilidade moderna, do achar que tudo podemos prevenir ou tratar).

A quem interessa isso, senão a quem nos vende (literalmente) essas idéias?

“Há certos momentos em que não há mais nada a dizer. Em momentos assim, tussa!” (tussis excusis)

25 de outubro de 2011

Techno - Excessos da Tecnologia

Lembra de quando existiam árvores?
Não, quando existiam não, pois elas ainda existem.
Falo de quando nas nossas viagens olhávamos para elas.
Sem nossas internets, sem nossos Facebooks a nos distrair, nos subtrair as paisagens.
À época dos MP3 nos restavam os olhos. Que foram sendo afastados para as telas dos GPS (por que tanta sigla, meu Deus?).
Aí vieram as telinhas de DVD (olha elas, as siglas, aí de novo!). Mas éramos um pouco imunes, já tínhamos visto e revisto filmes e shows (até aí sem muita novidade).
Ainda preferíamos as árvores, no mais das vezes.
Carros auto-guiados, que luxo! Câmera de ré. Sensores. Até que chega essa coisa na frente do motorista. Um motorista do motorista. Que assim se intitula somente porque se senta no banco esquerdo da frente (Lembrei de marcha. Lembra?).
Então.
Agora, conectados, plugados, assistimos ao mundo em movimento. Não o da nossa frente, o de trás ou o dos lados. O mundo real, o mundo virtual de outrora.
Chegamos onde nunca havíamos pensado. Como se nunca tivéssemos saído do lugar.
Mas, espera...
Já chegamos?

Aqui em casa, estamos tão lotados de gadgets tecnológicos que – fôssemos uma família de língua inglesa – estaria chamando minha esposa de “my wi-fi”, e ela, “my husbanda larga” (modéstia à parte!).

21 de outubro de 2011

O Preço da "Passagem" - Cólicas do Recém-Nascido

Qualquer um afortunado o suficiente para portar um cartão de crédito já viveu a experiência de passar do ponto (em tempo, não no cartão!) dentro de um shopping.
Horas de ambientes excessivamente iluminados, com apelos visuais, auditivos e até olfativos são uma sobrecarga garantida pros órgãos do sentido.
E, para a maioria de nós – principalmente os mais “ligados” – o fim do dia chega mais cedo. Pacotes na mão ou não, pança mais ou menos cheia, cansados, muitas vezes irritados (não sabemos muito bem com o que) estamos prontos para ir pra cama.
O bebê nos seus primeiros meses vive num shopping: é luz, cor, barulho, vozes, gente o tempo todo pra cima dele.
Há os que não se incomodam, até porque são mais desligados, calmos.
Mas há aqueles para os quais essa travessia do silencioso (ou pelo menos monocórdico) mundo intra-uterino para nossa bagunça paga um esganiçado preço: botam a boca no mundo.
E, como vamos aprendendo, não sem razão.

18 de outubro de 2011

Desvendando o "Acaso"- Catch-Up Growth

Quando começa a diabete tipo 2, a hipertensão, a tendência à obesidade?
Segundo o novo entendimento do desenvolvimento humano, muito mais cedo do que antes se imaginava.
O sujeito que se descobre hipertenso não começou a se tornar sensível ao sal da dieta ou ao estresse na vida adulta, normalmente.
Foi (em situações normais) uma criança aparentemente como o seu colega ao lado, mas que “por dentro” engendrava a patologia, e não só pela genética.
O fenômeno do “catch-up growth” (a recuperação do crescimento antes deficiente) é um exemplo típico.
Crianças que foram muito pequenas ao nascimento foram normalmente “projetadas” para tal (seja pela prematuridade, pela insuficiência placentária, pela má nutrição materna ou qualquer outro fator), e quando ganham peso rapidamente (por excesso de oferta de nutrientes ou por uso de polivitamínicos) “bagunçam” seus metabolismos, induzindo a respostas hormonais que com o tempo as transformam em obesas, hipertensas, ou propensas à diabete.
São conhecimentos ainda muito novos, mas que vão revolucionar a maneira de se tratar a vida fetal e os primeiros anos de vida.
Estamos ainda engatinhando na medicina preventiva nesta época tão definidora da saúde para os indivíduos e para a comunidade.

14 de outubro de 2011

Mesas Redondas - Falsa Propaganda em Alimentos

Eu imagino que a indústria alimentícia, nas suas reuniões de staff, de vez em quando faça de propósito. Testam os limites dos consumidores no estilo “vamos ver até onde podemos ir?” (ou “até onde eles engolem”?).
Lançam bobagens e mais bobagens para todos os gostos, todas as personalidades, todos os bolsos e todas as faixas etárias.
E não é que na maioria das vezes suas apostas se pagam?
É leite para lactente achocolatado, é vitamina na forma de geléia, é iogurte para intestino preso, é “ausência de gordura trans” na porção irreal, é fruta desidratada, é batata frita feita sem batata, e por aí vai.
Então não compareça ao supermercado sem seu diploma de Nutricionista, sem sua máquina calculadora, sem seus “óculos para perto” (se você já está nos “enta”), e, principalmente sem tempo e sem sua suposta (pela indústria) credulidade.
Ou, então, se você quiser sair relativamente ileso da empreitada, sugiro fortemente a regrinha sugerida pelo jornalista Michael Pollan nos seus best-sellers culinários:
“Não coma (quase) nada que seus avós não conheciam”.
Ou ainda esta outra:
“Evite comer qualquer coisa que propague a sua saúde”.

11 de outubro de 2011

Otimismo Não Cura- Esperanças de Cura

“Aprenda a oração nas horas fáceis, para ver se ela ainda te serve nas horas difíceis”

Religiões à parte, a crença no “vou ficar bom”, no “não há de ser nada” é, às vezes, absurdamente irreal e até mesmo alienada.
Até certo ponto, todos vivenciamos isso. E no dia a dia até que funciona, pois a maioria das coisas com as quais nos assustamos não é “quase nada”!
Em termos “igoogais” (imemoriais em que não havia o Google), éramos todos muito mais ignorantes, menos informados. E muito provavelmente mais felizes (“Ignorance is bliss”, lembra?), mas agora não há mais volta (“Ah, quero esquecer que sei!...” – não dá né?).
Mas o otimismo – baseado em crenças religiosas ou não, atávico ou aprendido, e mais: genético ou “medicamentoso” – é certamente uma grande ajuda. Senão na “cura” (ah, essa fugaz e evasiva cura!), pelo menos como coadjuvante terapêutico.
- E para os pessimistas (ou os descrentes) sobra o que?
A filosofia, o árduo aprendizado do desapego (mais maduro, na minha modestíssima opinião), talvez porque um descrente (ou um “despreocupado em crer”, sei lá).

7 de outubro de 2011

Em Caso de Reação Adversa, o Governo Deve Ser Notificado - Reações Adversas a Medicamentos

“Consumidor, faça valer o seu direito!”
Não é isso que a gente ouve sempre?
Vou te dar dois números apenas para você pensar:

197.000.
O número de pacientes que a Comissão Européia estima terem sido mortos na Europa por reações adversas a medicamentos no ano de 2008.

2871.
O número total de notificações de reações adversas graves a medicamentos no ano passado (2010) registrados pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Então: se num continente de 830 milhões de pessoas, quase 200.000 morreram (o efeito adverso certamente mais grave, mas o menos freqüente) pelo uso de medicações, num país com ¼ dessa população (200 milhões) como o Brasil, quantos devem ter também morrido?
Difícil saber, mas somente pra efeito de raciocínio, imagine a mesma porcentagem: 50.000 pessoas.
Agora, imagine quantas outras reações adversas menos severas que a morte no mesmo período (1 ano):
Chutando (claro), por baixo: uns 2 milhões?...

Relembrando: menos que 3 mil notificações foram feitas!
(e o governo comemora!).

(podemos melhorar muito esses números – que são também um índice de desenvolvimento: acesse o site da ANVISA – independente do médico! - sempre que você apresentar alguma reação medicamentosa mais importante, e divulgue!)

4 de outubro de 2011

Balanço da "Briga" com a Balança - Obesidade na Infância

Tenho estado feliz com os progressos obtidos com a maioria dos pacientes obesos que acompanho. Os resultados têm sido bons.
E o que são resultados bons?
Primeiramente, pais e familiares entenderem que muitas dessas crianças e adolescentes não se tornarão magros. Não é esse o objetivo inicial para a maioria. Ou porque não podem, ou porque é desestimulante não conseguirem ou porque há passos iniciais a serem dados muito mais importantes.
Em segundo lugar, temos conseguido mostrar que cada paciente pediátrico obeso tem a sua história bem particular. Há de tudo: avós indulgentes, doença na família, depressão materna, falta de espaço ou de amigos para brincar, acesso facilitado a “bobagens”, transtorno alimentar na família, ignorância nutricional, doenças metabólicas (mais raras), etc.
Então não dá pra pôr tudo “no mesmo pacote”!
E dentro dessas duas situações, vai se fazendo o que dá, com valorização dos ganhos (melhoras), com a insistência na correção do que se pode melhorar, com o cuidado pra não transformar orientações em “terrorismo”, com a aproximação com a família.
Poderia ser melhor? É a pergunta que nos fazemos e a que os pacientes se fazem o tempo todo.
Quase sempre poderia.
Mas como tudo na vida, é um passo a cada vez. E não nos colocarmos metas absurdas, coisa para a qual a mídia não tem contribuído em nada, infelizmente.