Procure por assunto (ex.: vacinas, febre, etc.) no ícone da "lupinha" no canto superior esquerdo

30 de outubro de 2009

De Um Tudo


Claro que – de novo – vou contar o milagre, mas não o santo:
Entra uma jovem senhora no consultório com a criança de um ano e pouco no colo, vendendo saúde, e dispara:
- Sabe o que é doutor? Esse menino é muito nervoso...
- ... Além disso, dorme muito pouco. E também, anda muito fraquinho, e já teve anemia!
(médico tentando abrir a boca para falar)
- Olha as olheiras do menino, doutor! Não quer saber de comer!
(médico ainda tentando abrir a boca)
- Minha vizinha diz que ele tá muito pálido. Magrinho!...
(médico ainda no processo de tentar falar, um pouco assustado com a metralhadora giratória materna)
- Veja, doutor (quase esfrega a criança na cara do “doutor”), veja como esse menino está! (E, como se lembrasse só agora): faz 5 dias que não come nada, nem um pouco de arroz, que era só do que ele gostava...
(médico fechando a boca, meio que desistindo por ora)
- Eu queria fazer uns exames...
(Médico cria coragem) – Mas...
- E não dorme, não dorme nada. Nem leite. Olha a barriga, que barrigudo. Será que é verme? Olha as olheiras...
...

Difícil dizer isso à mãe, mas parece claro que o problema não é com o filho (pelo menos não somente ou principalmente com ele). Além disso, é sabido que pacientes chamados “poli-queixosos” (com muitas queixas) apresentam problemas predominantemente na esfera psicológica mais do que na orgânica (ainda que uma possa ser reflexo da outra).
Pacientes assim (grosseiramente falando) “fazem a festa” dos consultórios e laboratórios, a menos que algum dia a ficha caia para os próprios, mas... é ruim de cair, hein?

(a curiosidade da foto que ilustra esta postagem: tirada em 1963 – quase na época do nascimento deste que vos escreve! – para a revista americana Life, tinha a seguinte legenda:
“O pediatra Ralph Shugart, conversando com uma preocupada mãe de um bebê que tem estado chorando por horas, decide ministrar a ambas um sedativo, visto que foi incapaz de achar algo errado com a criança”).

Bons tempos!...

Nenhum comentário: