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15 de setembro de 2009

Desculpe, mas...


Um artigo recente publicado no jornal da Sociedade Americana de Pediatria confirma um fato que de vez em quando nos aparece:
Mães que desconfiam – ou têm quase certeza – de que suas filhas foram abusadas sexualmente e nos pedem avaliação. O resultado: quase sempre (no meu caso, posso dizer sempre) normal (no estudo: apenas 10% dos casos investigados).
Nada para se comprovar penetração.
Curiosamente não é isso que se costuma pensar. Espera-se por alguma lesão genital para corroborar a história da criança ou a suspeita dos pais. Imagina-se que seja algo facilmente evidenciável.
Infelizmente não.
E os motivos para isto?
Três principais motivos citados pelos autores do estudo:
1) a cicatrização da(s) lesão(ões) ocorrida(s)
2) penetração sem lesão evidente
3) interpretação inadequada da criança (relação sem real penetração)
E a mentira ou invenção da criança, pode ser um fator?
Também segundo os mesmos autores, é muito mais freqüente o esconder ou diminuir o fato do que criá-lo.

11 de setembro de 2009

A Maldade em Pessoa


Com alguma freqüência, pais vêm ao consultório se queixando do comportamento da criança.
“É ruim”, dizem alguns, “quer ver só?”.
E aí aguardam a “ruindade” se manifestar. Passam-se segundos, minutos, meia-hora e...
Nada! Ali um fofinho, uma fofinha, um anjo de bondade – alguns até com um sorriso angelical estampado no rosto!
O que algumas vezes deixa os pais ainda mais furiosos.
Por que acontece?
Em primeiro lugar porque o ambiente é “novo”. Há coisas muitas vezes interessantes para serem exploradas (velhos “bichinhos” desbotados de menos de 10 reais, por exemplo).
Em segundo, a criança pode estar – e com freqüência está – percebendo uma “real autoridade” na sua frente (tipo “Sei lá o que esse cara pode fazer comigo!”). Então, fica “na dela”.
Em terceiro lugar (mas não menos importante), o faz por puro boicote aos pais, mesmo (“pra sacanear”, se assim quiserem), porque afinal não são figurinhas bobas!
O que isso prova?
Que não há uma maldade intrínseca na criança pequena, claro.
Que a “maldade” – assim como a beleza – nesse caso, está muito nos olhos de quem a vê (ou não a compreende).
Há quase sempre nesses casos um misto de incompreensão, impaciência, rejeição até.
Pais não são exatamente “culpados”. Mas é um fato bem comum dos tempos modernos.

8 de setembro de 2009

Psicólico


Dia desses uma enfermeira velha de guerra – mais que eu – me interpelou no corredor da Maternidade em que eu trabalho:
-E aí, doutor, ainda continua com os mesmos conceitos em relação às cólicas?
Queria dizer: “Ainda resistente em achar que os recém-nascidos têm mesmo dor na barriguinha?”, claro.
Sim, porque já carrego alguma fama nestes mais de 20 anos, “aquele que não acredita...”.
Respondi:
-Cada vez mais convicto! (claro que não exatamente que “absolutamente nunca pode ter realmente dor”, mas a resposta ficaria muito extensa, e era preciso provar convicção, afinal de contas!).
E aí, exagerei:
-A cólica virou meu ganha-pão! Já quase comprei uma casa em Angra por causa dela. Acho até que já faturei mais com as cólicas do que a Bristol-Myers Squibb.*
Um pouco de exagero, só. Nunca fui a Angra (nem sei se ainda vale a pena comprar casa lá).

* ex-fabricante do “extinto” Espasmo-Luftal, atualmente com o mesmo nome no EMS – e copiado por vários similares. O que a falta de uma boa conversa não faz de lucro pra indústria?

4 de setembro de 2009

Como Vai Seu Cocô?


Diarréia é sempre um problema?
Quando um cocô mole (ou até mesmo líquido) é doença e quando é apenas um “intestino solto”?
Ainda que a resposta não seja sempre possível, alguns dados podem ser esclarecedores, para que os pais fiquem menos preocupados:
“Cocô feio, mas criança bonita” (ou seja, uma criança que, de resto, está saudável, ativa, brincando) fala contra a presença de doença (e raramente vai levar a um risco de desidratação).
O contrário (“cocô menos feioso, mas criança caída”) merece muito mais atenção.
Prazos curtos ou intermitência (ou seja, cocô ora bonito, ora feio) têm menos chance de apresentar conseqüências.
Olho no peso: variações de peso em diarréias de curto prazo costumam indicar desidratação (perda líquida maior do que a reposição com a ingestão, com os seus riscos) e em prazos longos, “desnutrição” (aspas porque a perda de peso pode ser conseqüência, por exemplo, de uma maior atividade física, quando deixa de ter significado).

1 de setembro de 2009

Pepino Split


Um divórcio já é um fato suficientemente doloroso para os pais. Ninguém se divorcia sorrindo (a não ser, em alguns casos, um dos cônjuges em alguma crise nervosa).
Para os filhos, então, a coisa beira a tragédia, principalmente quando são muito pequenos.
Algumas dicas são importantes para que os filhos não saiam demasiadamente feridos quando o relacionamento dos pais chega ao fim:
◊ Deve se deixar claro para a criança de que não é ela a causa da separação. É essencial que ambos os pais demonstrem o quanto a amam (um perigo aqui é um dos pais quererem “comprar” a criança com presentes ou programas que o outro não terá as mesmas condições de proporcionar).
◊ Tente manter ao máximo possível as mesmas condições de vida de antes da separação. Quanto menos mudanças adicionais nesta hora, melhor.
◊ Tente facilitar o contato dos filhos com ambos os pais (telefone, SMS, etc.), principalmente se um dos pais não for morar por perto
◊ Faça o filho compreender que o divórcio é uma decisão final. Somente assim ele aprenderá a elaborar o luto e “seguir em frente”.
◊ Evite a todo custo comentários negativos a respeito do ex-cônjuge. São situações estressantes para as crianças, “criadoras” de freqüentes sintomas psicossomáticos (além de afetar sua auto-estima).
◊ Combinem as mesmas regras de disciplina para os dois lados.
◊ Mostre exemplos positivos de famílias cujos pais se divorciaram.