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3 de junho de 2016

Esculhambose


Sempre se usou certos diagnósticos médicos em vão
Mas talvez não tanto quanto agora. Sei lá.
A culpa só pode ser da universalização da informação e da internet, onde cada um pode ser seu próprio médico. Só que não. 
Houve uma época (dizem!) em que boa parte da humanidade era esquizofrênica. Aquela coisa do "Que tanto você fala disso,tá esquizofrênico, é?". 
Outra que eu já me lembro era o do raquítico. Eu, por exemplo, magro como um louva-Deus durante toda minha infância, era um "raquítico". Nada a ver com a vitamina D. Mas era!
A tosse comprida, enquanto existiu como doença frequente na infância, frequentava a boca de todas as vovós. Ninguém podia tossir, que as velhinhas já emcompridavam a tosse pra caberem nos seus diagnósticos.
Agora, falando de hoje, deste exato momento, milhares de crianças (e mesmo adultos) estão recebendo seus diagnósticos de intolerantes à lactose. Basta um punzinho meio atravessado e cria-se um drama.
Hiperatividade: crianças que não chegam quietas e saem paralisadas são hiperativas. Diagnóstico principalmente da alçada de professores, do jardim à universidade.
Há 27 anos não vejo um sarampo. Mas mensalmente atendo crianças que devem estar com ele. Interessante como o estigma demora a se resolver na sociedade.
Pneumonia, infecção no intestino, cólica, bipolaridade, rinite, fimose. São outros dos vários diagnósticos auto-dados. E com certificado googliano de qualidade. Difíceis de confutar. 
Um antigo professor costumava dar um diagnóstico, esculhambose - ou algo parecido - ao seus pacientes saudáveis, ansiosos por possuírem "alguma coisa". A internet o teria desmascarado...