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31 de outubro de 2014

Mão na Massa


O trabalho da enfermagem é um trabalho nobre, árduo e relativamente mal pago.
Por isso, muitos bons profissionais se perguntam diariamente se precisam continuar ali, sobrecarregados entre pacientes sofredores (quase todos), parentes exigentes (nem todos) e chefes algozes (boa parte).
São essas pessoas que no fim das contas "põem a mão na massa" quando todos nós, por uma razão ou outra, baixamos ao hospital.
São eles que devem interpretar prescrições, não errar de quarto e de horário, ouvir gemidos e lamúrias que pacientes muitas vezes não têm coragem ou oportunidade de fazer ao médico.
Devemos muito mais à eles sermos bem ou mal atendidos num determinado hospital (ainda que os louros dos tratamentos, interessante, caiam todos na cabeça médica). 
Vendedores, motoristas, comissários, cabelereiros. São algumas das várias profissões que rivalizam - e quase sempre ganham - em salários e mesmo em prestígio. 
Assim, devagar, vão sobrando espíritos altruístas (vários) ou incapazes para outros serviços (alguns perigosos). Rezemos todos para que os primeiros não desistam.

28 de outubro de 2014

Brasilina, Ainda Uma Criança


Brasilina, uma criança com ares de gente grande, talvez já deveria saber andar por conta própria.
Mas não.
No início seus pais a criaram "na porrada", o que ainda faz se sentir no seu comportamento.
Depois, tentaram o método autoritário. Brasilina tinha um só direito: obedecer o que seus pais ditavam. Até que não foi de todo mal. Brasilina fortaleceu caráter, criou disciplina. E cresceu! Mas ninguém cresce equilibrado sem amor.
Aí veio a fase do exagero: seus pais (parece que por amor demais, mas nenhum pai ou mãe age apenas por amor, também eles querem algo de volta) passaram a dar comida na boquinha, carregar no colo, dar presentinho dia sim e outro também.
Péssimo. Brasilina tem estado indolente, "revoltadinha" por quase nada. E achando que a função dos pais é essa mesma: dar tudo, fazer tudo por ela.
Como dissemos, Brasilina ainda é criança. Vai aprender. Ou assim a gente acha. Ou assim a gente espera que aconteça. Seus pais também ainda são um pouco imaturos, e na tentativa de fazer o certo, trocam os pés de Brasilina pelas suas mãos.
Força Brasilina! Não desanima, continua tentando. Mais do que depender tanto dos seus pais, confia mais em você mesmo, no seu potencial, na sua grandeza, "bebezão"! Afinal, ninguém nasce sabendo...

24 de outubro de 2014

Riqueza


Despensa (ou armário) cheia de "bobagens" quando há crianças por perto. 
Pode?
Depende.
Depende essencialmente do comportamento da criança em relação à essas "bobagens".
Se é uma criança comilona, do tipo que precisa enxergar o fundo do pacote, seria muito interessante ter uma despensa absolutamente pobre (pobre dessas coisas, se o filhote quiser se empanturrar de palmito em conserva, por exemplo, deixe que o faça, só não comemore na frente dele!).
Agora, se é um pimpolhinho blasé, do tipo que vê um pacote de Chips como quem assiste uma partida entre o América do Rio Grande do Norte e a Matonense, 0 a 0, pode deixar. Só é recomendável estar atento para uma mudança nesse comportamento no futuro.

20 de outubro de 2014

Babel


Acho que uma crise sem precedentes na medicina é a falta de comunicação.
Ninguém quer ouvir ninguém. Médicos estão sem bolsa escrotal para ouvir os lamentos dos pacientes (pacientes estes que já não são ouvidos em casa, muitas vezes). Essa função cansa com o tempo, e os da nova geração são individualistas, muito mais focados neles mesmos do que nos outros.
Pacientes, também, estão impacientes para ouvirem os médicos, quando estes têm o que dizer, principalmente porque buscam apenas as informações que lhes interessam.
Quem observa "de fora" algumas consultas médicas atualmente pensa que médico e paciente são de países diferentes, que não falam o mesmo idioma.
E aí, tome remédio, tome exame, tome busca por algo que não substitui as orelhas.

17 de outubro de 2014

Cadê o Queijo?


Uma pergunta que - trabalhando com crianças o dia inteiro - sempre me faço é: qual o percentual dessas crianças foram, no sentido estrito da palavra, realmente planejadas? Significa: quais não foram "acidentes de percurso" na vida do pais (pais que falharam na contracepção ou que não souberam fazê-la), ou ainda, quais foram aparentemente planejadas mas mais por pressão social ou familiar do que por real vontade da maternidade/paternidade (descontado o fato de que em muitos casos pelo menos um dos pais realmente quis ter filhos)?
E por que a preocupação?
Nenhuma real preocupação, visto que no final das contas filhos são e sempre serão filhos e os pais costumam dar conta, mas não há dúvida que um filho desejado e planejado é pelo menos inicialmente recebido com braços mais abertos, costuma haver mais paciência com choros, noites em claro, problemas médicos, etc. (e, certamente, choros, noites em claro, problemas médicos e etc. costumam ser menos frequentes nessa turminha).
Além disso, me parece que "nunca antes na história da humanidade" (como diria Lula, aquela figura, que presidiu o Brasil) pais estiveram tão com a faca e o queijo na mão para decidirem sobre como e quando formarem suas famílias.
Estão tão com a faca e o queijo na mão que às vezes deixam de cortar. Ou quando cortam, ficam com aquela cara de arrependidos (do gosto do queijo).



14 de outubro de 2014

Pastinha


Processo por erro médico, repetição de tratamento (frutífero ou não), efeitos colaterais de curto ou longo prazo, ou simples "coleção".
São vários os motivos pelos quais devemos guardar as receitas de medicamentos prescritos anteriormente às crianças. As mais recentes devem, inclusive, estar anexadas à carteira de vacinação. Nem sempre serão necessárias, mas podem conter informações vitais a um diagnóstico ou tratamento adequado.
Não são poucos os casos em que, ao perguntarmos aos pais sobre tratamentos anteriores ou mesmo medicações de uso contínuo, ouvimos um: "Sei lá!".
Alguns pais sentem-se um pouco envergonhados por portarem receitas "da concorrência" (de outros médicos). Azar! O interesse da criança e da sua saúde devem estar acima dessas questões, e o médico deve ser capaz de absorver o "ciúme"! 

10 de outubro de 2014

Alergia ou "Alertia"?


O pesquisador Ruslan Medzhitov, da universidade de Yale tem uma teoria um pouco diversa sobre a alergia.
Não seriam mecanismos de defesa mal direcionados contra agentes pouco agressivos do ambiente, como se postula na tão propalada "teoria higiênica", aquela que diz que a perda dos inimigos (bactérias, parasitas, fungos) naturais anteriormente presentes na natureza fez nosso sistema imunológico procurar outro alvo: nosso próprio organismo.
Medzhitov explica que todo sintoma alérgico (tosse, espirro, produção de secreção brônquica, lacrimejamento) é uma tentativa de expulsão de algum agressor, como o pólen, o ácaro, o veneno de um inseto. Os nossos agentes agressores novos das últimas décadas são os poluentes atmosféricos e componentes químicos industriais, presentes no que comemos, bebemos, deitamos, passamos no corpo, etc.
Esses novos inimigos ampliam e modificam nossa resposta imunológica, bem como modificam os "antigos" alérgenos (os pólens tornam-se "superpólens" pelo acréscimo dos poluentes, por exemplo).
Os alérgicos, pela teoria de Medzhitov, não seriam tão "doentes" assim. Sua resposta contra poluentes (por exemplo, produzindo abundante secreção nasal e brônquica que impedem poluentes de se fixar definitivamente no aparelho respiratório, evitando um câncer pelos mesmos poluentes mais tarde) seriam um resposta . Além do mais, servem os alérgicos como uma sentinela (sentinela sofrida, é bem verdade) de que o ambiente em que vive ele e seus familiares está pouco saudável (o que serviria para se tentar melhorar suas condições ambientais).


7 de outubro de 2014

Pingo no I


Quando alguém faz um exame de glicemia e este dá resultado normal, pensa: valor abaixo de "cento e pouco" (dependendo do valor de corte recomendado), ok, não tenho diabete.
Já é algo.
A glicemia (ainda que possa ser chamado de "medida do açúcar no sangue", e não está incorreto) não é o único marcador dos problemas de uma dieta rica em açúcar, bem como uma dieta rica em calorias de forma geral.
Quando o pâncreas (ainda) dá conta do recado (e para muitos ele, o pâncreas, sempre vai dar conta) existem outras vias pelas quais este excesso de açúcares (ou calorias) causa "estrago". A mais evidente é o aumento das gorduras (triglicerídeos e colesterol).
Nos tempos atuais, sabe-se que riscos à saúde se somam. Não é um valor anormal que condena , nem um único valor normal que absolve.
Há outros fatores um pouco mais "obscuros" para infarto, problema renal, derrame, além do que os números falam.
Há quem se cuide "pra burro" e ainda assim, infelizmente, tem problemas médicos.
Há quem se descuide (e aí, mais raramente) e não tem quase nunca quase nada.
Herança, abuso de substâncias, uso frequente de alguns medicamentos, inatividade, stress não estão nos números dos exames.
Daí a relatividade deles. Que ainda assim são uma referência. 

3 de outubro de 2014

Comida Saudável? Sem Propaganda!


Dois pesquisadores da Universidade de Chicago realizaram uma pesquisa (discutível até, pela metodologia)  para comprovar o que os pais notam no dia a dia:
Quando você diz a uma criança pequena (faixa dos 3 a 5 anos) para ela comer algo "porque faz crescer", "porque fica inteligente", porque isso, porque aquilo em termos "funcionais" do alimento, o que ela entende é: "Hum, esse alimento não é gostoso..." (então não vou comer!).
Verdade. 
Tanto os pequenos não entendem outra função para o alimento que não o ser gostoso quanto intuem que se há alguma recompensa (ficar mais forte, grande, bonito, etc.) é porque é meio ruinzinho (e será que conosco também não é meio assim?).
Outra conversa que não funciona bem é a da recompensa. Prometer a sobremesa (chocolate, sorvete, etc.) para quem comeu "a comida" é a mesma mensagem que: "Se você limpar o quarto pode assistir à TV". A recompensa (ver TV, ganhar sobremesa) pressupõe algum sacrifício anterior (limpar o quarto e comer a comida saudável). Pronto: transforma-se a comida saudável em algo ruim que vai ter que se fazer para merecer algo bom!
Solução?
Apresentar alimentos saudáveis ou como algo gostoso (fato que a criança pode literalmente "engolir" ou não) ou sem enaltecer qualidade alguma.

Ei! Não enaltecer qualidades não significa mandar comer ou "enfiar goela abaixo", ok?