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30 de julho de 2013

Nota Zero



O verbo "beber" como conhecemos vale para quem estica o dedo pro garçom e pede: salta duas 0,0% estupidamente geladas?
Saímos pra beber e voltamos com álcool zero na cuca está fora de questão para a grande maioria, não importa o quanto a qualidade da cerveja melhore.
E não adiantam propagandas de que você (homem) vai "impressionar as mulheres", mané! Tá escrito zero vírgula zero ali, mesmo que pequenininho (se você, homem, ainda pensa que pode enganar uma mulher com um pequeno detalhe na garrafa não sabe que as mulheres detectam a 500 metros de distância um falso Rolex ou um jacaré de mentira pregado numa camisa de 50 paus...). Principalmente se "as mulheres" que você queira impressionar sejam no padrão Sabrina Sato. Sem bafo, sem Sabrina.
Claro que as indústrias tiveram que se armar para enfrentar leis mais rigorosas.
Mantêm os lucros, mantêm as marcas circulando pelas mesas, criam propagandas de cunho benévolo pros pobres forçados abstêmios que terão que retornar às casas dirigindo e, de quebra (por que não?), criam novo público fiel, as criancinhas!
Por que alguém duvida que muitos dos pais que se sentiam culpados enchendo a cara na frente dos filhos não vão agora dividir sua culpa permitindo que "uma vez ou outra" seus filhos pequenos também experimentem o mesmo prazer (afinal, é sem álcool, que mal pode fazer?).
Os falsos cigarros de chocolate (pra quem é mais novo, existiram, sim!) sumiram pelo receio da arregimentação de novos viciados no tabaco.
Mas eram outros tempos.

26 de julho de 2013

O "Oficial" e o "Normal"



Hoje em dia consultamos nossos problemas médicos (pelo menos os pequenos) a toda hora com o Dr. Google, não é mesmo?
Até porque:
Ele sempre tem a agenda aberta.
Podemos consultá-lo no mais absoluto sigilo.
Não fica melindrado se pedimos uma segunda (ou terceira, ou milionésima) opinião.
É barato, muito barato.
Podemos consultá-lo mesmo no exterior.
E por aí vai.
Uma beleza esse Doctor Google.
Claro que tem seus inconvenientes:
Não põe a mão na gente. É, portanto, frio.
E, falando em frio, nos dá os diagnósticos mais graves com o mesmo tom com que nos dá os diagnósticos mais banais.
É vago no propor tratamento, principalmente ajustados pra nossa singular pessoa.
Erra muito (mas põe a culpa na gente, que "não soube aproveitá-lo").
É, muitas vezes, "vendido pro sistema", pois fala muito em nome dos laboratórios e instituições principais (e patrocinadas, pesadamente patrocinadas).
Além disso (e é aí que eu queria, finalmente, chegar) sua obrigação - ou, mais exatamente, a obrigação dos seus colaboradores - está em dar a versão mais oficial dos fatos médicos, na sua ipsislitterização, até para que se cubra possibilidades infinitas (infinita como ele próprio). 
Quando, então, queremos "pegar mais leve" nas consultas, nas informações, temos poucas opções. Ou superficiais demais, ou bobinhas, ou perigosamente generalizadoras. 
Aí, melhor agendar uma de verdade.

(Obs.: não estou isentando o Dr. Olho Pimpolho da parada. É justamente na dificuldade semanal no tentar separar o joio do trigo que me pego pensando sobre o acima)...

23 de julho de 2013

Um Enorme Cujubim




A cidade rondoniense de Cujubim - cujo nome por si só já se presta a várias ilações preconceituosas* - deu uma bela mostra do Real Brasil na semana passada:
Cidadãos (só para variar, que agora parece que é pra sempre) indignados lotaram o dublê de hospital-posto de saúde para exigir vacina contra a gripe A "para todo mundo". Motivo: três aparentes mortes pelo vírus H1N1 na localidade.
E aí não faltaram as tradicionais cenas: gritos, choro, e até um desmaio para as câmeras globais.
Para este povo (que é a amostra fiel da maioria), nada vai ser melhor que uma agulhada.
São imunes à correta informação do que significa risco. Inalcançáveis pelo raciocínio. 
Ao exigirem "direitos" jogam à favor dos vírus: aglomeram-se por horas em horas num pequeno recinto pouco arejado - e ainda por cima, estressados.
Um tratamento de esgoto, uma melhor escola, governantes bem intencionados. Isso sim, valeria um tombo cinematográfico. 

* Uma delas, só pra ficar no "alto calão", é a de que vão fazer um aeroporto lá: o Aeroporto Internacional Cujubim (maldade...).

19 de julho de 2013

Smartphone de Creche



Pais sabem que seus filhos não devem se apresentar ao altar portando chupetas.
E muitos até tentam a retirada mais ou menos precoce.
Dentre outros boicotadores-mor dessa retirada estão avós (velhos avós!), titias, e... creches!
A atual combinação de creches escassas com mão de obra qualificada idem - quem trabalha(ou) em creche sabe que a coisa não é brincadeira - faz com que professores estimulem o "vício" mais do que tentar eliminá-lo.
A saída é tentar botar pressão, coletivamente.
Difícil, quando outros pais dão menor importância ao problema. 

16 de julho de 2013

Um, Dois, Três... Já!



Algumas vezes mães de lactentes com idades abaixo de 6 meses "vendendo saúde" (crescimento normal, corados, espertos) se queixam.
Não propriamente dos seus filhos. Mas da "concorrência"!
Do fato dos filhos das amigas "já estarem comendo quase de tudo".
E aí, a pergunta:
"E daí?".
Isso é então alguma espécie de competição: quem come mais alimentos diferentes mais cedo? Guinness Book pra eles!
Qual o problema de se esperar um pouco para comer certas coisas? (e, curiosamente, muitas dessas coisas são "bobagens"!).
Qual o argumento válido para alguém desenvolvendo 100% ser introduzido a um mundo de alimentos que vão estar disponíveis no resto de suas vidas?
A minha melhor resposta é própria aí acima: competição. A inveja que a amiga vai causar na outra por seu filho "estar na frente" (assim como nas questões da saída da fralda, do começar a andar, e por aí vai...).
Sugestão: deixa pra competir lá no final da vida dos filhos (tá certo, um pouco complicado...): quem viveu mais, quem viveu com mais saúde, quem foi mais equilibrado psicologicamente?...
Aí, sim, a competição pode se justificar. Aí, também, vamos saber realmente o que foi importante e o que não foi. 

12 de julho de 2013

Perigo Travestido



A pediatria tem, ou deveria ter, uma mãozada de remédios básicos.
E quase que fora desses, pouca coisa a mais precisa o pediatra usar no dia a dia.
E, dentre esses poucos remédios, os analgésicos/antitérmicos (remédios para a dor e febre) estão no topo da lista. 
E quais são os analgésicos atualmente usados ou recomendados?
Aí é que está:
No alto do ranking dos usados hoje está o ibuprofeno. Seguido do paracetamol e, perdendo espaço, a dipirona.
Isso está correto?
Vou morrer dizendo que não!
Chega a ser meio difícil entender o fenômeno de popularidade do ibuprofeno.
Um antiinflamatório travestido de "inocente" analgésico (portanto muito mais perigoso, já por definição farmacológica), que caiu no gosto de médicos e pacientes.
No gosto dos médicos muito pela "mardita" propaganda da indústria. E, também, claro, pela preguiça da busca da informação correta, além da cessão à pressão lobística e um medo ignorante de raras e graves reações adversas dos remédios concorrentes - ainda que o ibuprofeno também as possua, mas que são "esquecidas". 
No gosto popular por carona na prescrição médica frequente, pelo gostinho bom, pela novidade (o ibuprofeno foi o último a aparecer no mercado brasileiro, muito tempo após a dipirona e o paracetamol), pelo efeito mais intenso na febre, comparado ao paracetamol.
Não importa que cause danos ao estômago. Azar se der sangramento intestinal. E daí se piora com frequência quadros de bronquite ou asma? Danem-se as reações alérgicas. E o queco se o paciente apresentar doença renal grave no futuro pelo seu uso frequente... E por aí vai.
Remédio é remédio, e o melhor é não precisar usar nada.
O paracetamol e a dipirona também têm os seus problemas, comparativamente menores do que essa praga de ibuprofeno! Os dados estão disponíveis para quem quiser saber a verdade.
O problema é que hoje em dia a verdade dá pé de página. 
E é esmagada pela propaganda. 

9 de julho de 2013

Flor Bonita em Vaso Feio



Vez ou outra pediatras atendem crianças saudáveis (ou pouco doentes) que - para quem ouve suas histórias - parecem absolutamente doentes.
Em muitos desses casos a saúde está inserida num "ambiente doente".
E aí pais (mas podem ser avós, tios e tias, madrinhas) não sossegam.
Procuram problemas. E, claro, quem continua procurando, continua achando.
Quando o pediatra - ou quem quer que seja - tenta minimamente abrir os olhos da família para a situação, passa por vilão. Sugerir terapia, então, é pedir pra levar porrada!
Não. 
Mais fácil é pegar a "vitiminha" (a criança) e levar pra mais um médico, um especialista nisso ou naquilo, que proporá (e se não propuser, propomos nós) mais exames, mais tratamentos (caros, de preferência). 
Mal dos tempos modernos, em que tratamentos, exames, informações (mas mais desinformações), especialidades e subespecialidades abundam.
Por outro lado, abundam (como sempre aconteceu, só não se desembocava na área médica) neuroses, ansiedades, rejeições, relações de dependência patológica, conflitos parentais, etc.
O que nos faz pensar: no passado, adultos doentes, por conta das questões acima. Hoje, já se paga o pato na tenra infância. 

5 de julho de 2013

Dentes no Banco dos Réus



No bebê...
Dentes não vêm com meses de incômodo prévio à erupção (então aquela babação do terceiro mês em diante, aquele querer morder tudo, aquele querer "experimentar o mundo" com a boca não tem nada a ver com os dentes).
Dentes não dão febre.
Dentes não dão diarréia.
(A explicação mais provável para esses fenômenos - de pequena monta, quando ocorrem - é a coincidência de época, ou seja, lactentes com 6 meses ou mais têm doenças febris e diarréias de causa viral com alguma frequência).
Que mais?
Ah! 
Dentes não doooem! Mais provavelmente formigam. Ou amortecem. Ou sei lá o que (porque eu sou mais um que não consigo lembrar exatamente que sensação era essa - mais de 20 anos atrás, sabe como é...).
E, ainda, dentes não devem ser a principal causa da mudança de humor percebida em muitos bebês por volta do sétimo ou oitavo mês. Pais se esquecem que seus filhos crescem. Crescendo, ficam espertos. Ficando espertos, aprendem a dar trabalho para conseguir o que querem, seja um colo, um passeio ou uma noitada acordados em boa companhia - a deles!
E aí, a culpa de tudo (ih, o dólar subiu! dentes?) acaba sendo dos inocentes dentinhos.

2 de julho de 2013

Input



Algumas mães, ao serem questionadas sobre os dados do parto dos seus filhos, têm a maior dificuldade de lembrar. Lembrar do Apgar (a "nota" que seus filhos ganham quando nascem), lembrar da altura do bebê ao nascimento, lembrar até mesmo do peso de nascimento (e, acreditem, algumas vezes até do tipo de parto, se normal ou cesareana).
E por que isso?
Minha teoria:
Dentre outros possíveis motivos, a nova mãe está tão atarantada quando seu filho nasce (expectativas, dores, bruscas mudanças hormonais, despesas, etc.) que, se ela não tiver a pachorra - ou a curiosidade - de saber sobre esses dados depois (e, inclusive, memorizá-los) talvez nunca fique mesmo sabendo.
Ou até que um pentelho de um pediatra a questione.